Leovani Garcia Olivarez
O presidente equatoriano Rafael Correa iniciou na semana passada um novo mandato com um país muito diferente do conhecido em janeiro de 2007, quando chegou pela primeira vez à chefatura do Estado com uma Constituição neoliberal.
Em apenas dois anos e meio, Correa logrou cinco vitórias nas urnas que lhe permitiram elaborar uma nova Carta Magna e realizar transformações políticas, sociais e econômicas, e assegurar a continuação de sua proposta de mudança, denominada Revolução Cidadã. No plano interno, impulsionou um programa de construção de milhares de moradias populares para a população mais pobre, que durante décadas viveu marginalizada pelas administrações anteriores. Com sua chegada ao poder, em inícios de 2007, estabeleceu a entrega do Bônus de Desenvolvimento (30 dólares) para as famílias de baixa renda, o qual aumentou agora em cinco dólares.
Impulsionou outra série de programas destinados a acabar com a desnutrição infantil, a mendicância e os meninos de rua, assim como melhorar as condições dos centros penitenciários. Renegociou mais de um terço da dívida externa do país e obrigou as companhias petroleiras estrangeiras a mudar seus contratos para ampliar as rendas do Estado. O mandatário aboliu o trabalho por hora, forçado, e a intermediação laboral e elevou o salário mínimo para 218 dólares.
Com o respaldo da cidadania e o apoio de seu movimento Aliança País, o qual agrupa diferentes tendências políticas, instalou uma Assembleia Constituinte, que elaborou uma nova Constituição, a qual desterrou o modelo neoliberal e promove agora o desenvolvimento de uma economia solidária. A aproximação com as nações do sul e a busca de novos sócios políticos e comerciais deram um giro à política exterior equatoriana, que antes só respondia aos interesses de Washington.
Essa conduta fortaleceu a posição do Equador nos cenários internacionais e em especial na América Latina, onde avançam processos integracionistas com a União de Nações Sul-americanas (UNASUR) e a Aliança Bolivariana para os povos de Nossa América (ALBA). Esses passos propiciaram que o chefe de Estado mantivesse durante seus primeiros dois anos e meio de mandato um respaldo popular de cerca de 70% e sua aplastante vitória com mais de 60% de votos nas eleições de 26 de abril último.
Correa - segundo analistas locais - se ergue hoje como a única alternativa de mudança nesta nação andina, na qual os velhos líderes e politiqueiros se afogam na sombra diante de uma sociedade que clama por mais transformações. As expectativas agora estão centradas em sua promessa de aprofundar e radicalizar sua proposta de Revolução pacífica e cidadã.
"Ratificarei com todas as letras, com toda clareza, as opções preferenciais de nosso governo e estas serão pelos pobres, pelos jovens e pelos nossos povos ancestrais", destacou o dignatário na véspera, durante a cerimônia de assunção indígena celebrada na comunidade de La Chimba, a 70 quilômetros ao norte de Quito.
"Esta revolução bolivariana e alfarista a serviço dos mais fracos não tem retorno, vamos radicalizar esta revolução em paz, e para isso não vamos utilizar balas ou pedras, senão lápis, caminhos e dignidade", enfatizou. A realização nesta segunda-feira da cerimônia oficial da tomada de posse coincide com a comemoração dos 200 anos do primeiro grito de independência, que marcou a libertação do Equador e outras nações latino-americanas.
O mandatário assumirá igualmente a presidência pro tempore da UNASUR, o que lhe permitirá impulsionar o processo integracionista regional. Para os especialistas, a presença aqui de 12 chefes de Estado e mais 50 delegações estrangeiras denotam a transcendência internacional alcançada por um novo Equador e seu presidente.
Fonte: Prensa Latina
http://www.socialismo.org.br/portal/internacional/38-artigo/1067-o-novo-equador
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