Veículos de mídia tanto russos quanto estrangeiros comentam a alocução anual de Dmitry Medvedev à nação, que ele proferiu em 5 de novembro. A competição da Rússia com os Estados Unidos no mercado financeiro, com a esperada vitória do rublo sobre o dólar como moeda regional, tornou-se a doutrina oficial para o desenvolvimento do mercado financeiro russo, escreveu o Kommersant.
Medvedev declarou particularmente, em seu discurso, que a Rússia deverá vender seu petróleo bruto e seu gás natural em rublos, não em dólares dos Estados Unidos. A parte econômica do discurso representou menos de dez por cento da fala inteira. O presidente começou sua oração traçando paralelos entre a guerra na Ossétia do Sul e os problemas financeiros dos Estados Unidos. Ele estabeleceu conexão entre as questões econômicas mais importantes (a crise financeira mundial, o aumento da cotação do rublo no comércio internacional, sugestões para a próxima cimeira do G20) e a estratégia de política externa da Rússia.
"Deverão ser tomadas providências efetivas para fortalecer o rublo como uma das moedas de compensação internacional, e finalmente estabelecer-se a compensação baseada no rublo para gás e petróleo bruto," disse Medvedev.
Tanto o Presidente Medvedev, quanto o Primeiro-Ministro Putin vêm divulgando, desde o início deste ano, a idéia de o rublo russo tornar-se moeda regional. Em outubro Putin propôs para consideração a idéia de o rublo russo tornar-se moeda regional, tendo-se em vista o comércio mútuo em rublos com Bielo-Rússia, China e Vietnã. Sugestões análogas foram feitas para Moldávia, Mongólia e Ucrânia, no verão de 2008.
Por outro lado, a mídia ocidental entendeu a parte política do discurso de Medvedev como crítica hostil. Muitos jornais escreveram que Medvedev tentara advertir o Presidente eleito dos Estados Unidos Barack Obama quanto ao espraiamento do sistema de defesa contra mísseis na Europa. Jornalistas estrangeiros ficaram surpresos com a sugestão de Medvedev de que o mandato presidencial na Rússia fosse estendido de quatro para seis anos. É digno de nota que Putin foi enfaticamente contra fazerem-se quaisquer mudanças constitucionais nesse sentido.
Medvedev tornou-se o primeiro líder mundial a lançar a luva a Barack Obama, escreveu o Financial Times. Medvedev declarou que a Rússia pretendia espraiar um complexo de mísseis na região de Kaliningrado, perto da fronteira com a Polônia, em resposta aos planos dos Estados Unidos de instalarem o sistema de defesa contra mísseis na Europa Oriental. Quanto à extensão dos poderes presidenciais, Vladimir Putin costumava ser enfaticamente contra tal eventualidade. Os novos planos da Rússia, escreveu o jornal, tornar-se-ão um desafio para o novo líder estadunidense, que herda as relações inamistosas com a Rússia.
O Washington Post escreveu que a Rússia começou seu diálogo com Barack Obama de modo agressivo. Obama aprova a criação do sistema de defesa contra mísseis, embora critique a administração Bush por exagerar as capacidades do sistema e por tomar decisões precipitadas a respeito.
Os complexos de mísseis Iskander da Rússia na região de Kaliningrado serão capazes de atingir os territórios dos membros da OTAN, inclusive a Polônia, escreveu o jornal.
Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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