O que é uma "Geórgia"?

Num tribunal, uma vez que você tenha sido apanhado mentindo, estará liquidado. O juiz não o ouvirá mais, pois você arruinou a própria credibilidade aos olhos dele, e não haverá como recuperar a confiança dele. Caso encerrado, você perdeu.

E assim é com a mídia corporativa ocidental, apanhada mentindo outra vez ao tentar exibir metragem de filme da destruída capital da Ossétia, Tskhinvali, afirmando tratar-se de Gori, na Geórgia, em resultado de bombardeio russo. A história de mentiras dessa mídia é mais do que conhecida da maioria: armas de destruição em massa no Iraque, o Iraque estava por trás do 11/9, gente de Saddam tirava bebês de incubadoras. Agora a mais recente, estão tentando pintar a Rússia como agressora, e como país que viola a lei internacional, sabendo perfeitamente que ambas são mentiras descaradas.

Uma verdade universal é a de que as mentiras são o começo do assassínio. Todas as guerras, todos os atos malignos, começam com mentiras.

O conceito ocidental de "comunidade internacional" não se refere a parcos 15% da população mundial; essa é a quantidade de pessoas que reside no assim chamado ocidente. A verdadeira comunidade internacional são os 85% que nunca têm oportunidade de ser ouvidos ou reconhecidos. Mesmo entre esses há pessoas que ascenderam acima da média na procura da verdade e, portanto, quando Bush, Rice e companhia falam de uma "comunidade internacional", estão simplesmente falando bobagem.

O bombardeio noturno de Tskhinvali por tropas georgianas resultou na morte de centenas de civis. Entre os mortos contaram-se pacificadores russos, que deram suas vidas no cumprimento de seu dever de proteger mulheres, crianças e idosos. A Tskhinvali oficial informou que o número de mortos devido aos eventos de agosto totaliza 1692, de acordo com o promotor da Ossétia do Sul Teimuraz Khugava. Os atacantes georgianos agiram como bárbaros, em vez de como descendentes de uma das primeiras nações cristãs. Por exemplo, os georgianos visaram igrejas porque sabiam que os civis se esconderiam ali. Um padre disse que 60% de seu rebanho foram mortos.

A liderança georgiana, violando a Carta das Nações Unidas e suas obrigações nos termos de acordos internacionais, seus acordos relativos à constituição soviética e contrariamente à voz da razão, deflagrou um conflito armado que vitimou civis inocentes. Tbilisi esperava uma blitzkrieg que apresentasse à comunidade internacional um fato consumado, a eliminação de todo um povo.

Para os russos e para a maioria da comunidade internacional, o ataque georgiano de 8 de agosto tem todas as características da "limpeza étnica" que os Estados Unidos e as potências européias afirmaram constituir crimes contra a humanidade no território da antiga Iugoslávia. Esta foi uma mentira mais antiga de proporções épicas ainda hoje vomitadas pela mídia corporativa ocidental, contrariamente a toda evidência.

Outra mentira que eles tentam impingir na opinião mundial é um véu de democracia, que não existe com líderes que nada fazem além de dizer mentiras, ameaçar, intimidar, usar padrões duplos, achar que podem policiar o mundo e dizer a outros países o que devem fazer, comportar-se irresponsavelmente no tocante à diplomacia e à lei internacional, fazer alarido de guerra, insultar o Presidente da Rússia, e basicamente ignorar a opinião mundial, fingindo, no entanto, estar falando em nome de todo mundo.

Uma verdade essencial é que a Geórgia é um não-país. De acordo com a mídia corporativa ocidental, devemos sentir-nos pesarosos por esse pobre, pobre "país" que foi "invadido" pela má, malvada Rússia, sem razão absolutamente nenhuma. Há regiões prontamente identificáveis dos tempos soviéticos -- Abcásia, Adjaria, e Ossétia do Sul -- áreas povoadas por não-"georgianos." Acrescentem-se também a esses os mtzkhetianos (ou turcos meskhetanos), os armênios na Javakhk ocupada pela Geórgia (nada obstante, outra região identificável) e os turcos azeri na parte oriental do "país." Deveria estar claro que essa amalgamação em um só "estado" georgiano nunca deveria ter tido lugar. A "Geórgia" sempre foi fraca e precisou ser protegida. Até agora, a União Soviética foi a única força capaz de manter a paz entre as diversas facções em guerra na área.

O exército georgiano atacou a Ossétia camuflado pelos jogos olímpicos em Beijing. Fato não sabido é que poucas semanas antes da invasão, as autoridades georgianas haviam provocado turbulência entre os armênios de Javkhk com prisões em massa, confiscos e espancamentos. Aparentemente planejavam algo e sabiam que os armênios haviam sempre sido aliados e amigos da Rússia e, portanto, tinham que ser tirados do caminho. Pedidos de ajuda quedaram não ouvidos e não objeto de atenção.

Também, quando Saakashvili ascendeu pela primeira vez à presidência do "país," uma de suas primeiras providências foi banir o líder da Adjaria e tentar reivindicar o controle da região. Ele declarou repetidamente sua meta de "restaurar" as "regiões separatistas" da Abcásia e Ossétia do Sul subjugando-as à Geórgia. Desconhecido do ocidente doutrinado pela mídia corporativa é que Saakashvili andava encarcerando a oposição e acabando com todos os vestígios de dissidência. Isso é que é democracia!

Desde a dissolução da União Soviética, os georgianos vinham, de várias maneiras, tornando a vida difícil para os armênios residentes na Geórgia: ensino da língua e da história, aspectos de emprego exigindo conhecimento de georgiano quando a maioria da população não fala georgiano. As igrejas armênias corriam e correm o risco de ser confiscadas pela Igreja Ortodoxa Georgiana.

O Presidente Sul-Osseta Eduard Kokoity revelou que a Geórgia usou mercenários de diversos países durante sua agressão contra a nação dele. "Havia muitos mercenários da Ucrânia e dos estados bálticos. Encontramos cadáveres de afro-estadunidenses também," citou a Interfax como palavras de Kokoity. A questão da 'disputa territorial' foi apenas um pretexto. A Ossétia do Sul e a Abcásia não desejavam ser parte da Geórgia desde que a URSS desmembrou-se em 1991.

"A integridade territorial e as fronteiras da Geórgia têm que ser respeitadas, do mesmo modo que as da Rússia ou de qualquer outro país," de acordo com o Presidente Bush. "A ação da Rússia apenas exacerba tensões e complica negociações diplomáticas. De acordo com Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que continuam vigentes, a Abcásia e a Ossétia do Sul estão dentro das fronteiras da Geórgia reconhecidas internacionalmente, e assim têm que permanecer."

Entretanto, a respeito do Kosovo, o hipócrita espertalhão retardado mental Bush disse o seguinte: "A independência do Kosovo é uma oportunidade para a superação de conflitos do passado rumo à estabilidade e à paz. A história comprovará que esta é uma iniciativa correta, voltada para a paz nos Bálcãs," disse ele. "Os Estados Unidos apoiamos essa iniciativa porque acreditamos que ela trará paz. E agora compete a todos nós trabalhar juntos para ajudar os kosovares a concretizar essa paz." Isso com total desconsideração pela Resolução 1244 das Nações Unidas, que os Estados Unidos assinaram e que continua vigente, reconhecendo especificamente a soberania sérvia/iugoslava sobre o Kosovo.

Escória como Bush, Cheney, Gates e especialmente Rice deveriam estar-se olhando no espelho em vez de apontar os dedos. Eles pareciam estar tendo um colapso nervoso coletivo causado pela situação na Geórgia. É de se perguntar se a papagaia Condoleeza Rice é 'estúpida.' Ela parece ter uma mente de trilha única dizendo: "As forças russas têm que sair da Geórgia agora," bóc, bóc, bóc. Ela não passa de um papagaio neoconservador que foi treinado para 'bóc' e fazer pipi no momento programado.

Essa proeza da Geórgia irá prejudicá-la deveras economicamente (pequenas coisas tais como turismo, investimento externo, instalação de uma franquia do McDonald's, coisinhas assim). As coisas se somarão e prejudicarão. Mais que provavelmente, pessoas em trânsito para as Olimpíadas de 2014 não reservarão um quarto na Geórgia, exceto talvez as equipes dos Estados Unidos e de Israel. Haverá acusação de crimes de guerra formulada contra a Geórgia e seus cúmplices - que incluem Ucrânia, Israel e os Estados Unidos. De qualquer forma, pessoas que começam guerras não decidem como e quando elas irão acabar.

Lisa KARPOVA

PRAVDA.Ru

 Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme

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Author`s name Lulko Luba