Perante a notícia de que brevemente se vai deslocar a Bruxelas e a outros países europeus uma delegação do Departamento de Estado norte-americano, chefiada por Caleb MacCarry , nomeado "Coordenador para a Transição em Cuba", ou seja, um pró-consul para orientar uma recolonização de Cuba, a Associação de Amizade Portugal-Cuba manifesta a sua preocupação face aos pressupostos que determinam essa deslocação.
A anunciada visita integra-se no conhecido "Plano Bush " que destina 80 milhões de dólares, a que são adicionados anualmente mais 20 milhões, para financiamento de campanhas internacionais contra aquele País livre e independente e para o recrutamento de mercenários para actuarem contra Cuba.
O périplo de MacCarry tem uma intenção óbvia: pressionar governos da Europa para tentar obstaculizar a normalização das relações da União Europeia com Cuba, uma vez que o governo norte-americano ficou alarmado com alguns sinais positivos de Bruxelas que encara essa possibilidade.
A eventual visita a Portugal daquele alto dirigente dos EUA e possíveis contactos com autoridades portuguesas poderá comprometer o governo num plano criminoso de interferência inaceitável na soberania de um País, o que viola a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional.
Os EUA também exercem fortes pressões para ser aprovada, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, uma declaração conjunta União Europeia - EUA de censura ao governo cubano, sem que haja qualquer motivo plausível que a justifique.
Ao contrário do que se afirma na campanha internacional encenada pelo governo Bush , os direitos humanos em Cuba são respeitados. São assegurados direitos não garantidos em muitos outros países como acontece nos Estados Unidos.
Só um enorme despudor explica que os EUA se arvore em "campeão" da defesa dos direitos humanos quando é público e notório que a tortura nos interrogatórios a prisioneiros foi institucionalizada por lei aprovada no Congresso e no Senado norte-americanos.
Não deixa de se rodear de grande hipocrisia o comportamento de alguns dirigentes de países europeus comprometidos com os EUA no transporte ilegal, por via aérea e marítima, de presos sequestrados noutras regiões do mundo e levados para Guantanamo - território cubano - onde funciona uma das mais terríveis prisões do mundo.
Também não se deve esquecer a cumplicidade de certos países europeus que autorizaram a construção, pelos norte-americanos, de prisões secretas onde, está comprovado, muitos prisioneiros, a quem não foi dado conhecimento de qualquer nota de culpa, foram sujeitos a violentos actos de tortura.
A República de Cuba já expressou a sua disposição para debater questões relacionadas com os direitos humanos e, mesmo, com o sistema prisional e judicial e outros aspectos políticos. Isso, no entanto, só se poderá realizar quando a soberania e independência de Cuba forem respeitados, quando se verificar o respeito pela igualdade entre Estados soberanos, quando Cuba não for alvo de tratamento discriminatório e quando se puser termo ao ilegal bloqueio económico movido pelos Estados Unidos.
Lisboa, 14 de Abril de 2008-04-11
Pela Direcção da Associação de Amizade Portugal-Cuba
( Drª Armanda Carvalho da Fonseca presidente )
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