Palavras ocas, ou um desejo sincero? De facto, como é que alguém pode celebrar um feliz ano novo enquanto colectivamente, a Humanidade não rectifica o desequilíbrio que tem vindo a infectar a comunidade internacional como um cancro, desequilíbrio regido e gerado pelo EUA e seu sistema nervoso central, Tel Aviv, que sistematicamente desrespeitam a lei internacional e espalham conflito, desacordo e malevolência em vez de paz e amor?
O novo milénio trouxe grande esperança e altas expectações que a Humanidade seria capaz de viver em conjunto como uma família de irmãos a volta do nosso lago comum os Oceanos utilizando as ferramentas de diplomacia debate, discussão e diálogo, no devido foro o Conselho de Segurança da ONU para abordar as nossas diferenças num clima de abertura e amizade.
Contudo, enquanto entramos no segundo ano bissexto do milénio, parece que estamos cada vez mais perto de um abismo. Não é verdade que há muitos culpados e que todos têm de aceitar uma parte da responsabilidade. Se a desculpa para lançar um ataque assassino, desumano, ilegal e selvático contra o Iraque foi baseada numa noção absurda de lutar contra o terrorismo internacional, isso serve para sublinhar o facto que a política de Washington está cada vez mais fundamentada em mentiras.
Estas mentiras servem por sua vez para enganar o cidadão norte-americano, para que ele financie os projectos que enriquecem o clique de elitistas corporativos e seus mestres em Tel Aviv que sequestraram o governo dos Estados Unidos e suas instituições e sujaram os nobres preceitos com os quais o país nasceu. De facto, insultaram profundamente cada fibra daquilo que foi construído pelos Founding Fathers, os fundadores da nação.
Os que financiaram e treinaram os Mujaheddin em Afeganistão nos anos 80 são aqueles que colocaram a pedra de toque do terrorismo internacional. São os mesmos que inventaram mentiras para justificar o ataque contra o Iraque, onde os mesmos elitistas corporativos encheram os bolsos com contratos bilionários sem concurso público. São os mesmos que tentaram fabricar uma história para justificar um ataque contra o Irão e são os mesmos que apoiam os albaneses kosovares e seus planos absurdos para independência, numa terra alheia contra a lei internacional.
Mas não tem de ser assim. Na véspera do nascimento do meu primeiro neto, eu não quero, nem aceito, que ele ou ela nasça num mundo em que o desrespeito pela lei internacional parece a norma e não a excepção. Que tipo de selvagem se tornou a Humanidade? Será que alguma das principais religiões concordariam com a situação em que gastam-se duzentos mil milhões de dólares num acto de chacina no Iraque enquanto a taxa de subnutrição entre crianças em Darfur chega a atingir níveis recordes?
O ser humano normal, aquele que se vê na rua todos os dias, talvez encolha os ombros, porque sente que não consegue fazer qualquer diferença. Mas pode. Porque o modelo de governação da maioria dos estados se baseia em democracia, não é difícil responsabilizar os líderes políticos pelos seus actos. Todas as pessoas têm o direito de exigir que estes líderes expliquem as suas posições com clareza e honestidade antes de qualquer processo de sufrágio popular.
Sendo assim, e se a Humanidade consegue chegar aonde deveria estar, exigindo que a liderança política se comporta devidamente, e não como um bando de assassinos, criminosos e ladrões, então sim, poderíamos dizer com sinceridade e do fundo do coração, Feliz Ano Novo a todos, e dar um grande, generoso abraço, seja qual for a sua raça, cor, credo, género ou sexualidade.
Poderíamos esperar mais uma vez que todos nós possamos gozar e desfrutar um ano de paz e amizade na comunidade internacional, construindo uma irmandade de nações e povos, vivendo lado a lado num mundo mais seguro, sem ódio e matanças.
Dizem que a esperança e a última coisa a morrer
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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