Benazir Bhutto, a ex-primeira-ministra paquistanesa acusou neste domingo (04) o presidente de seu país, Pervez Musharraf, de organizar um "segundo golpe" que estaria alimentando o radicalismo no Paquistão.
Entrevistada pela emissora de TV americana CBS, segundo AFP,Bhutto disse que os juízes paquistaneses e os partidos de oposição não aceitarão passivamente o estado de exceção imposto pelo governante militar.
"Estou muito decepcionada com que o general Musharraf tenha suspendido a constituição do nosso país e promulgado uma ordem constitucional provisória", disse ela, acusando-o de montar um "segundo golpe", depois do primeiro com o qual tomou o poder em 1999.
"Ironicamente, este é um golpe, em certo sentido, conduzido pelo general Musharraf contra seu próprio regime, porque está agindo na sua capacidade de chefe do Exército para suspender a constituição e declarar uma constituição provisória", frisou.
"Mas sei que os juízes não aceitarão isso passivamente. Os advogados não aceitarão isso passivamente. Os ativistas políticos vão protestar", disse Bhutto.
Segundo a ex-premier, esta declaração "vai levar a um confronto desnecessário entre o regime e o povo, que pode ajudar os extremistas, que vão explorar a situação em seu proveito".
Em conversa mais cedo com a rede britânica BBC, Bhutto não descartou novas conversas para compartilhar o poder com Musharraf.
"Sempre defendi que quero democracia e quero que o povo do Paquistão eleja seus próprios líderes", declarou à BBC.
Musharraf decretou estado de exceção neste sábado, invocando a defesa da unidade nacional frente à ameaça do terrorismo islâmico e do Tribunal Supremo, que deve se pronunciar sobre a legalidade de sua reeleição no início de outubro.
Neste domingo, o presidente paquistanês ordenou a detenção de centenas de opositores, amparando-se no estado de exceção que deixou o país sem Constituição e, muito provavelmente, sem as eleições legislativas previstas para janeiro de 2008.
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