C.I.A. Fomenta Comércio de Heroína no Afeganistão
Últimos levantamentos oficiais apontam ao menos um milhão de mulheres, e 100 mil crianças toxicodependentes no Afeganistão. "Graças à invasão dos EUA, o Afeganistão é um narco-estado hoje", diz a representante da Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão, em entrevista exclusiva.
Edu Montesanti
Pelo menos um milhão de mulheres e 100 mil crianças são toxicodependentes no Afeganistão, revelou neste domingo (11) o chefe do Departamento Antidrogas do Ministério da Saúde Pública do país Centro-Asiático, Shahpor Yusuf, em evento em um censtro de reabilitação de drogas na capital afegão de Cabul para marcar o Dia Internacional da Mulher (8 de março).
"Há entre 900 mil e milhões de mulheres, e cerca de 100 mil crianças que se viciaram em droga", disse o funcionário afegão de acordo com a agência afegã de notícias TOLO News. Yusuf acrescentou que as crianças estavam abaixo da idade de 10 anos.
De acordo com Cabul, os centros de reabilitação no Afeganistão têm capacidade para ajudar apenas uma pequena porcentagem de adictos. Mas o problema parece estar longe do número de centros de reabilitação de drogas no país, que fornece atualmente nada menos que 93% do ópio mundial, de acordo com últimos dados de United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC).
Marwa Musavi, uma afegã em tratamento no centro de reabilitação, afirmou que é inútil estar ali. "Quando sairmos, voltaremos à droga pois há contrabandistas [e revendedores]. Eles devem ser impedidos. É a realidade".
Estes mais recentes números fornecidos por Cabul certamente indicam que as estatísticas do ano passado divulgadas pelo governo afegão foram subestimadas, ao ter informado que o total de adictos no país é superior a três milhões: o número tende a ser bem superior, dada apenas a quantidade de mulheres e crianças viciadas em uma nação de 34,6 milhões de habitantes, já que a grande maioria de drogados pertence ao sexo masculino.
Ao mesmo tempo, a Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês) publicou uma carta em persa, denunciando que mais de dezesseis anos após a invasão liderada pelos EUA, prometendo libertar as mulheres afegãs, estas continuam sendo mortas "em um inferno no Afeganistão, fomentado pelos Estados Unidos e seus talibans, seu Estado Islamita [EI], seus jihadistas e seus tecnocratas em nosso país".
RAWA afirmou que os talibans e o EI não são os únicos grupos no Afeganistão que causam sofrimento às mulheres. "As tropas dos EUA e da OTAN, suas Forças Armadas em operações militares, especialmente através de ataques aéreos em várias províncias" destroem casas, hospitais e escolas matando civis, incluindo crianças.
O Grande Negócio do Tráfico de Drogas de C.I.A.
Friba, representante da RAWA que não menciona o nome real já que as mulheres revolucionárias do Afeganistão atuam na clandestinidade em território afegão, diz em entrevista exclusiva que a C.I.A. continua liderando o tráfico de drogas de seu país,para fora. "As drogas foram vistas como a maneira mais rápida e fácil de ganhar dinheiro para financiar os proxies da C.I.A. e forças paramilitares, em diferentes países do mundo".
O envolvimento direto da C.I.A. no tráfico de drogas remonta há muito tempo, não só no Afeganistão mas também em todo o mundo, como no escândalo Irã-Contras. O agora morto governador da província de Kandahar, Wali Karzai, um dos maiores traficantes de drogas do Afeganistão, esteve há muito tempo na folha de pagamento da C.I.A. Wali era irmão de Hamid Karzai, ex-presidente do Afeganistão escolhido pelos EUA pouco depois do início da ocupação, em outubro 2001.
Desde que o regime de Washington invadiu o país da Ásia Central, tem havido aumento meteórico da produção de opio no Afeganistão. Quando os "libertadores" norte-americanos invadiram - contra toda as leis internacionais e contra a própria Constituição estadunidense - o território afegão há 16 anos e meio, a produção do mesmo ópio que Tio Sam prometia erradicar no país passou a crescer imediata e vertiginosamente: desde 1994, quando o Taliban assumiu o poder em meio a um vácuo político deixado por EUA e URSS, o número de hectares da produção de ópio vinha caindo ano a ano, chegando a apenas 8 mil em 2001. No ano seguinte, já subiu para 74 mil para não mais parar de crescer, assustadoramente.
De acordo com UNODC, a área total no cultivo de papoula do opio (de cuja planta se produz a heroína) no Afeganistão foi estimada em 328 mil hectares em 2017. Vale lembrar, diante desses fatos, que a sociedade dos Estados Unidos é, de longuíssima data, a maior consumidora mundial de drogas. No caso particular da heroína, havia nos EUA 189 mil usuários do entorpecente; em 2016, este número altou para nada menos que 4,5 milhões (fonte: artigo de Sibel Edmonds, ex-agente do F.B.I. afastada do cargo por denúnciar a máfia local, especialmente envolvimentos do F.B.I com o 11 de Setembro: http://www.globalresearch.ca/nato-cia-pentagon-junction-of-the-real-druglords-and-warlords/5605177).
Tal realidade, afegã e estadunidense, portanto, não é mera coincidência estando a C.I.A.em questão, projetada para gerar caos e violência o mundo, a começar dentro de casa, a fim de ampliar o domínio global do 1% do topo da pirâmide.
"Graças à sua máquina de propaganda mentirosa copiada de [Joseph] Goebbels [ministro de Propaganda de Adolf Hitler], os EUA conseguiram sair impunes de muitas das suas atividades criminosas não apenas na Guerra do Afeganistão, mas também nas guerras do Iraque, da Líbia e da Síria, ao mentir para o seu próprio povo", denuncia Friba.
Em maio de 2009, Malalaï Joya, ativista afegã pelos direitos humanos, escritora e ex-parlamentar expulsa injustamente do cargo por denunciar, frente a frente, os criminosos senhores da guerra do Afeganistão, estupradores e traficantes de droga, concedeu uma entrevista ao jornal brasileiro O Tempo (Minas Gerais), em que denunciou o direto envolvimento da C.I.A. no comércio afegão de drogas, e o controle direto sobre as rotas anuais das drogas a nível global.
A repórter brasileira Renata Medeiros cortou e modificou totalmente a entrevista com a ativista afegã. No mesmo dia da publicação, tanto na versão impressa quanto no sítio de O Tempo, este autor, tradutor do sítio de Joya, enviou a tradução da entrevista "fantasia" ao Afeganistão, sem saber o que estava ocorrendo.
Joya levou um susto com a publicação e, indignada, enviou logo em seguida a este autor a versão original da entrevista - incluindo cabeçalhos dos diversos correios eletrônicos trocados com o jornal mineiro, a fim de servir como prova do quanto o jornalismo brasileiro tem estado manchado de sangue mundo afora - inclusive no Afeganistão, enquanto eterno "lambedor de botas" da C.I.A.
(Apenas no ano passado, foram mais de 10 mil civis assassinados, vítimas das bombas e dos mais diversos ataques violentos como sonsequência de uma criminosa invasão batizada de Operção Liberdade Duradoura. O ano de 2017 assistiu, silenciosamente, mais um recorde histórico de mortes de inocentes afegãos, em sua maioria mulheres e crianças).
Abaixo, a passagem da entrevista original em que Joya denuncia aos "catadores de migalhas" de Tio Sam a questão do ópio em seu país, reforçando as denúncias de Friba inclusive no que diz respeito à subserviência dos meios de comunicação aos ditames de Washington.
(Para terminar a "fanfarra" da "liberdade de imprensa e de expressão" da cínica jornalada tupiniquim, assim que este autor incluiu em seu livro de 2012 a versão original da entrevista de Joya a O Tempo, comparando com a versão publicada por este, o jornaleco mineiro retirou a entrevista "travesti" de seu sítio na Internet).
---- Forwarded message ----
From: Defense Committee for Malalai Joya mj(at)malalaijoya.com
Date: Fri, May 29, 2009 at 12:33 AM
Subject: Re: Interview (brazilian newspaper)
To: Renata Medeiros (...) @ (e-mail)
(...)
[Renata Medeiros] O que você pode dizer da produção de ópio no Afeganistão? É mais um problema em seu país?
[Malalaï Joya] "O único setor em que o Afeganistão avançou além da imaginação nos últimos anos, tem sido no cultivo e no tráfico de drogas, e agora o Afeganistão produz 93% do ópio mundial, que apresenta um aumento de 4.500% desde 2001.
Um dos objetivos ocultos da Guerra do Afeganistão foi, especificamente, restaurar o comércio de drogas patrocinado pela CIA e exercer controle direto sobre as rotas do setor anul de drogas global, na faixa de US$ 600 bilhões. A economia de narcóticos no Afeganistão é algo projetado da CIA, apoiado pela política externa dos EUA. Portanto, é muito compreensível ver isso desde outubro de 2001, o cultivo de papoula de ópio aumentou e há relatos de que mesmo o exército dos EUA está envolvido no tráfico de drogas.
A máfia das drogas está no poder afegão, apoiada pelo Ocidente. Recentemente, a mídia ocidental informou que Wali Karzai, irmão de Hamid Karzai, administra a maior rede de drogas no leste do Afeganistão, e é fato que funcionários de alto escalão do governo estão envolvidos neste negócio sujo.
Os esforços contra os narcóticos também são meras mentiras e nada mais que dramas. Um ex-senhor da guerra chamado General Khodiedad, é ministro de combate aos narcóticos e outro ex-senhor da guerra e conhecido narcotraficante chamado General Daud, é o chefe da unidade anti-narcóticos!
Atualmente, o Afeganistão não apenas é o maior produtor de ópio no mundo, mas também o maior produtor de cannabis, outra cultura ilegal a partir da qual a maconha é derivada.
O ópio representa um dos maiores perigos para o futuro do Afeganistão.
(...)
Nenhuma vírgula acima foi, jamais, publicada pelo jornal brasileiro.
Pois então, a quem serve a grande mídia tão "defensora" da "libedade de imprensa e de expressão"? Será possível que algum mortal ainda se deixa enganar? O (T)tempo tratou de confirmar a quem ainda tinha alguma dúvida, entre outras coisas, que o comércio de drogas realmente movimenta o mundo. E inegavelmente as grandes empresas de mídia são, no mínimo, cúmplices desse negócio sujo e bilionário, irregeneravelmente de joelhos diante do Império.
NOTA DO AUTOR: O Tempo não integra, exatamente, o grupo da denominada grande mídia deste País, porém segue fielmente sua linha. Á época da censura acima reportada, Arnaldo Jabor compunha a lista de comentaristas do conservador e policialesco jornaleco mineiro.
Edu Montesanti
www.edumontesanti.skyrock.com +55 47 98862-7254
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