O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili destituiu ontem ministro da Defesa da Geórgia, Irakli Okruashvili , e novamente o nomeou para outro cargo - o de ministro da Economia. A mudança no governo surge dois dias antes do referendo sobre a independência da Ossétia do Sul.
As causas da destituição podem ser muitas, mas os analistas são unânimes ao dizer que se trata de uma manobra para acalmar as relações com a Rússia. A saída do "falcão" Okruashvili, partidário do restabelecimento da integridade territorial da Geórgia a qualquer preço - incluindo o uso da força, que prometeu comemorar o Ano Novo na capital da Ossétia do Sul, parece destinada a tranqüilizar a Rússia, as regiões separatistas e inclusive os Estados Unidos, apoio da Administração georgiana Okruashvili.
Ossétia do Sul é uma das quatro regiões separatistas da ex-União Soviética, junto com a Abkházia (Geórgia), Transdniestria (Moldávia) e o Alto Karabakh, disputado pela Armênia e Azerbaijão. E aspira, assim como a Transdniestria, a aderir à Federação da Rússia.
Este território povoado por ossetas e georgianos e que faz fronteira com a Rússia a se separou de fato da Geórgia durante um breve conflito armado em 1992 e organiza pela segunda vez uma consulta popular sobre sua independência que coincidirá com as eleições presidenciais nas quais o favorito é o atual "presidente", Eduard Kokoity.
O referendo será realizado num momento crítico, já que as relações russo-georgianas atravessam um de seus piores momentos desde que, no final de setembro, as autoridades de Tbilisi prenderam quatro oficiais russos por suposta espionagem.
Em resposta, a Rússia pretende duplicar o preço de seu fornecimento de gás à Geórgia e interrompeu as ligações diretas por terra, mar e ar .
A Geórgia acusa Moscou de aproveitar do embargo econômico e do referendo para "castigar" Tbilisi desde que, em 2004 Saakachvili chegou ao poder com sua postura de se aproximar da União Européia e Estados Unidos através da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O ministro das Relações Exteriores georgiano, Guela Bejuachvili, considera que Moscou quer, além disso, "arrebatar" Ossétia do Sul e Abkházia.
A Rússia, que não quer a aproximação entre a Geórgia e a Otan, acusa, por sua parte, Tbilisi de querer retomar à força a Ossétia do Sul e a Abkházia.
Os habitantes da Ossétia do Sul já se pronunciaram em referendo a favor de sua independência e adesão à Ossétia do Norte, que faz parte da Federação da Rússia.
A imensa maioria dos ossetas possui passaporte russo, usa o rublo e se encontra sob proteção das forças de interposição russas.
Os incidentes menores são freqüentes na região, onde as autoridades separatistas anunciaram na semana passada que haviam matado quatro "sabotadores" georgianos enviados por Tbilisi, uma informação que a Geórgia não confirmou ou desmentiu.
Com Agências
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter