O alemão Michael Schumacher, da Ferrari, parece finalmente ter lançado a toalha ao solo dando-se como vencido na presente temporada do Mundial de Fórmula Um. Decepcionado, o piloto da Ferrari, que no Grande Prémio do Japão foi obrigado a abandonar, deixando o caminho livre para a vitória de Fernando Alonso, não vê mais qualquer possibilidade de conquistar o seu oitavo título na categoria.
Com o triunfo conquistado no traçado de Suzuka, o piloto espanhol passou agora a ter na sua contagem um total de 126 pontos, contra 116 de Schumacher, que não concluiu a prova nipónica depois do motor do Ferrari ter partido a poucas voltas do final. Agora, resta apenas uma prova do Mundial, no dia 22 do corrente, o Grande Prémio do Brasil, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, e a menos que Alonso não pontue, e Schumacher vença a derradeira prova do ano, o título está já no bolso do espanhol.
Para ser honesto, acho que não há qualquer hipótese de poder lutar pelo campeonato, disse o piloto da Ferrari depois do GP do Japão, lembrando que o facto de estar com 10 pontos atrás de Alonso obrigaria a que acontecesse um milagre para poder ainda chegar ao título.
Com efeito, e como já aqui referimos, para ser campeão na última temporada da sua carreira enquanto piloto de Fórmula 1, Michael Schumacher precisa vencer em Interlagos e torcer para que Alonso não pontue. Assim, os dois empatariam em pontos, mas o alemão levaria vantagem no número de vitórias - oito contra sete.
Precisamos ver a situação com clareza. Fernando Alonso precisa apenas de um ponto neste momento, e isso significa muita coisa, comentou Schumacher. A verdade é que não há mais possibilidades reais para conseguir o título, isto apesar de poder dizer que tentei tudo este ano para conseguir mais um campeonato. Agora, vamos para o Brasil em busca do Mundial de Construtores, completou o piloto alemão.
Recorde-se que em termos de construtores, os franceses da Renault possuem agora 195 pontos contra 187 da Ferrari, pelo que apesar de uma vez mais a vantagem pender para o lado da Renault, tudo está aqui em aberto para a Ferrari. Deste modo, se Alonso fizer uma corrida sem grandes preocupações, procurando tão só garantir a finalização entre os pontos, mesmo num oitavo lugar, o piloto espanhol que no próximo irá representar a McLaren será o campeão mundial de 2006.
O britânico Bernie Ecclestone, chefe-executivo da Fórmula 1, deu declarações polémicas nesta segunda-feira e tratou de minimizar possível efeito negativo na categoria com a aposentadoria de Michael Schumacher. Mais do que isso, comparou o alemão e Ayrton Senna e colocou o brasileiro em patamar acima do piloto da Ferrari.
Para o dirigente, o fim da carreira de Schumacher não chega a ser uma tragédia e representa até menos para a Fórmula 1 que a morte de Senna, em 1994. Ainda na entrevista, dada à revista espanhola Grand Prix, que será veiculada na próxima quarta-feira, considerou o alemão menos carismático que o brasileiro.
Quando o (Ayrton) Senna morreu, a Fórmula 1 sobreviveu. Considero o Michael menos popular que o Senna e que sua saída não seja um problema, garantiu. O Michael tem uma popularidade especial. O Senna era mais global, muito diferente. Ele tinha muito mais fãs e muito mais carisma que o Michael, continuou Ecclestone. Mas é claro que é uma pena que ele esteja se aposentando, mas não enxergo isso como uma tragédia. Outros campeões o substituirão, completou o dirigente, que também disparou contra outro ídolo actual, o espanhol Fernando Alonso.
Ecclestone garantiu que o líder da temporada, dez pontos à frente de Schumacher, sentirá falta da Renault no ano que vem, quando parte para a McLaren. É minha opinião. Sempre que o vejo na Renault, apesar do que começaram a falar, vejo que está bem ao lado do (Flavio) Briatore e do (Giancarlo) Fisichella. Talvez ele não encontre isso na McLaren, disse o dirigente.
Outro génio do Formula 1, Niki Lauda, considerou inconcebível a quebra no motor de Michael Schumacher, que tirou do alemão a chance de vencer em Suzuka e deixou Fernando Alonso a um ponto do título deste ano. Não faço ideia de como pode acontecer uma coisa dessas, disse o tricampeão mundial, em entrevista à rede de TV RTL. O austríaco lançou até uma teoria meramente especulativa, diga-se sobre a causa da falha mecânica. Algo deve ter escapado ao controle de qualidade, afirmou.
O britânico Damon Hill deu um aviso a Fernando Alonso: não vá na conversa de Michael Schumacher. "Schumacher disse que não está pensando mais no campeonato. Isso é conversa fiada", disparou o actual presidente do BRDC, o Clube dos Pilotos Britânicos de Corridas, entidade dona do circuito de Silverstone. "Ele (Schumacher) nunca desiste. Eu usaria uma armadura contra isso se eu fosse o Alonso, até depois da última corrida", aconselhou o campeão mundial de F1 de 1996.
"Nada está acabado até acabar", disse Hill. "Ele (Schumacher) vai а última corrida pensando: 'como eu posso vencer e Alonso não pontuar?'. É dessa forma que ele vai correr", prosseguiu o inglês. "De outra forma, ele não seria Michael Schumacher", concluiu.
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