Quando cheguei ao Partido Verde, em 2005, acreditava ter encontrado um partido novo, diferente, sem os velhos maniqueísmos e vícios da política profissional brasileira. Fiz da causa mineral, da defesa das nossas riquezas naturais não renováveis, minha profissão de fé, dedicando a ela meu mandato como deputado federal e meu futuro dentro da política de Minas e do Brasil.
A ela me entreguei de corpo e alma. Em meu próprio partido, que traz a causa ambiental no nome, fui combatido dentro do processo eleitoral, quando candidato a governador de Minas Gerais. Do outro lado, duas candidaturas disputavam a eleição estadual, uma apoiada pelo governo do estado, e a outra pelo governo federal. No entanto, segui até o fim, de mãos dadas com Marina Silva, convicto de meus ideais e de minha luta em defesa das nossas riquezas naturais e de uma nova forma de fazer política.
Não é exagero dizer que a causa mineral pautou o debate na sucessão estadual. Quando declarei apoio à futura presidente Dilma Rousseff, já no segundo turno, ficou acordado, sem a contra partida de nenhum cargo, que ela incorporaria em seu governo a criação de um novo marco regulatório para a mineração e o aumento na cobrança dos royalties do minério. Ao fim das eleições de 2010, obtivemos o êxito de nossas propostas, sendo a causa mineral levada ao plano nacional e a causa ambiental pautando o debate no país.
A carência do povo brasileiro à ausência de propostas, de uma referência ideológica e, sobretudo, de ética na política, refletiu país afora, com a consagração dos 20 milhões de votos destinados a Marina Silva, conquistados de forma consciente, sem recursos financeiros e nem tempo de televisão. Nessa votação, Minas Gerais teve um papel destacado, dando a Marina Silva a vitória em Belo Horizonte e a maior votação proporcional no país, no município de Sabará. Minas ainda reflete o sentimento da consciência cívica da nação.
Meu encontro com Marina Silva no Partido Verde veio reforçar tudo aquilo em que acreditava e lutava. Temos os mesmos ideais, as mesmas causas e formamos uma grande corrente nacional em torno do debate de ideias e propostas concretas para Minas e o Brasil.
Agora, depois de muitas lutas e batalhas, nos vemos com as portas fechadas dentro do Partido Verde, como que se toda conquista de nossos idéias fosse nada, limitada apenas a resposta de que não temos mandatos. Trocaram 20 milhões de votos por indicação de cargos e salários. Fizeram da bandeira do partido, uma bancada de negociatas, bem ao moldes de uma política decadente pelos vícios do tempo e da história.
É preciso buscar um novo caminho. Acreditamos, verdadeiramente, na construção de uma nova forma de fazer política, de um novo país, pautado pela ética, pelo desenvolvimento sustentável, comprometido com a questão social, cultural, econômica e ambiental brasileira. Por isso, vamos buscar em encontros e debates com toda sociedade, de norte a sul, de leste a oeste, no contato direto com o povo, ouvindo suas reivindicações, suas urgências e suas propostas, a criação de um movimento nacional, suprapartidário, conectado aos núcleos vivos da sociedade, com a cara e o jeito do brasileiro, tão bem representados por Marina Silva e sua história.
Movidos pelo sonho, não nos custa nada lembra o poeta, para inspirar a caminhada: "esses que aí estão, atravancando o caminho; passarão! Eu, passarinho...".
José Fernando Aparecido de Oliveira é ex-prefeito de Conceição do Mato Dentro e ex-deputado federal pelo Partido Verde
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