O senador Renan Calheiros anunciou ontem (11) o seu afastamento por 45 dias do cargo de presidente do Senado brasileiro, na sequência de seu envolvimento numa série de denúncias de corrupção.
Calheiros afirmou que decidiu afastar-se por 45 dias do cargo para evitar o prolongamento da mais grave crise política da história do Senado brasileiro.
«Com este meu gesto, que é unilateral, preservo a harmonia do Senado, deixo claro o meu respeito pelos interesses do país, e homenageio sem dúvida as altas responsabilidades das funções que exerço», afirmou o senador.
Renan Calheiros chegou a ser absolvido numa série de escândalos. Um foi ligado ao julgamento realizado pelos senadores de uma denúncia em que era suspeito de ter recebido recompensas de uma empresa de construção, segundo a Lusa.
Também está envolvido como suspeito de comandar um esquema de arrecadação ilegal de recursos em ministérios controlados pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), aliado de Lula da Silva.
Desde a absolvição, senadores de oposição iniciaram uma acção para pressionar o afastamento de Renan Calheiros, movimento que ganhou nos últimos dias o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva.
O prolongamento da crise política e a paralisação dos trabalhos ordinários do Senado preocupavam os aliados de Lula da Silva, que temiam não aprovar matérias de interesse do Governo ainda este ano.
Uma dessas matérias é a prorrogação da cobrança de uma tarifa de 0,38 por cento de toda operação bancária, a chamada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A autorização do Congresso para o recolhimento da CPMF termina em Dezembro deste ano mas o Governo de Lula da Silva quer prorrogá-la até 2011.
A CPMF é responsável pela arrecadação anual de cerca de 15 mil milhões de euros, recursos fundamentais para equilibrar as contas públicas, segundo o Governo.
A revista Veja em maio revelou que a empresa Mendes Júnior pagava a pensão à ex-amante, com a qual Renan tem uma filha. Mónica Veloso está na capa da mais recente edição da revista Playboy, cujas vendas foram iniciadas esta semana, com números recordes, em Brasília.
Na capa, a revista apresenta Mônica Veloso como «a mulher que abalou a República» e dedica 18 páginas às fotografias da ex-amante de Renan Calheiros.
O senador negou ter recebido recompensas da Mendes Júnior, uma das maiores construtoras brasileiras mas não conseguiu provar que pagou a pensão da ex-amante com recursos próprios.
A denúncia surgiu no âmbito da «Operação Navalha», quando a Polícia Federal deteve 47 políticos, empresários e servidores, suspeitos de desvio de recursos através de fraudes em obras públicas.
Entre os suspeitos estava o então ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, que pediu a demissão do cargo, após a divulgação das denúncias.
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