O relatório final da Polícia Federal sobre o choque entre o jato Legacy e o Boeing da Gol atribui aos controladores de vôo do Cindacta-1 (Brasília) o mesmo grau de culpa pelo acidente do conferido aos pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paul Paladino.
Dos dez que estavam de plantão em Brasília, ao menos três tiveram maior parcela de responsabilidade e deverão ser indiciados por crime culposo (sem intenção). Podem pegar de 2 a 5 anos de prisão, mesma pena prevista para os pilotos, em caso de condenação. Os outros podem ser responsabilizados num grau menor.
Mas os controladores terão de ser processados na Justiça Militar. Por não ter poder de investigar militares, a PF só indiciou os pilotos do Legacy. Policiais que participaram da apuração estranharam o fato de até agora a Aeronáutica não ter aberto inquérito criminal para investigar o grau de responsabilidade dos controladores.
O procurador militar Giovanni Rattacaso, mesmo não tendo sido acionado pela Aeronáutica ou qualquer outra instância, vê elementos para denunciar operadores de plantão no dia do acidente por homicídio culposo duplamente qualificado (inobservância de ofício ou profissão e multiplicidade de vítimas). Rattacaso entende que, embora a causa primária do acidente tenha sido o desligamento involuntário do transponder pelos pilotos, como assinala o inquérito, os controladores tinham o dever de adotar providências para evitar a colisão.
O relatório final sobre o acidente foi entregue na quarta-feira, 9, pelo delegado Renato Sayão à Justiça Federal de Sinop, em Mato Grosso, onde o inquérito foi aberto. A investigação da PF aponta uma sucessão de erros dos controladores, desde que o jato decolou da base de São José dos Campos com destino aos Estados Unidos.
Conclusões da PF
Transponder: os pilotos o desligaram involuntariamente.
MFD: painel tem a tela MFD, com dados que podem ser selecionados, incluindo os do sistema anticolisão (TCAS), que acusariam que o transponder estava ligado. O MFD do piloto não exibiu dados do TCAS. E o MDF do co-piloto só o fez após a colisão. Isso mostra que eles não seguiram a praxe de checar o TCAS.
Plano de vôo: controladores de São José dos Campos passaram a altitude de 37 mil pés, que deveria ter sido alterada em Brasília. Mas não houve modificação do plano de vôo por parte do controle. Algo que os pilotos deveriam ter questionado.
Vigilância radar: o controle avisou que o Legacy estava sob vigilância radar, ou seja, eventuais mudanças em relação ao plano de vôo caberiam aos pilotos, que deveriam informá-las.
Sem teste: o Legacy não fez manobras de teste.
Falha de comunicação: os pilotos deveriam ter acionado o código de falha 7600 ao perceber que o rádio não funcionava. Assim teriam percebido que o transponder estava desligado.
Fonte Estadão
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter