A Assembleia da República prestou ontem homenagem a Vasco de Carvalho, aprovando por unanimidade um voto de pesar pela sua morte. Foi apresentado pelo renovador comunista João Semedo e outros deputados do Bloco de Esquerda.
Eis o seu teor na íntegra:
Faleceu no passado dia 22 de Agosto, aos 97 anos de idade, o Eng. Vasco de Carvalho.
Militante comunista desde muito novo, destacou-se pela sua acção e coragem na resistência contra o fascismo, tendo passado dez anos da sua juventude na clandestinidade e na prisão. Enquanto membro do PCP, assumiu as mais altas responsabilidades na condução da actividade partidária.
No período difícil do início da década de 40, marcado pela feroz perseguição que o regime de Salazar movia aos comunistas e a todos os anti-fascistas, foi vítima de uma bem sucedida intriga da PIDE, calúnia que o perseguiu, discriminou e amargurou durante décadas. Firme nas suas convicções, nunca abandonou a luta contra a ditadura, que prosseguiu activamente empenhando-se no movimento cooperativista.
Foi fundador e durante muitos anos presidente do Ateneu Cooperativo e dirigente da Federação Nacional de Cooperativas de Consumo. Foi co-autor do livro dirigido por António Sérgio, O Cooperativismo: objectivos e modalidades que, à data, constituiu um importante impulso para aquele movimento social.
Vasco de Carvalho dedicou-se aos problemas da habitação social e ao movimentos dos moradores, tendo presidido à Associação dos Inquilinos Lisbonenses quer antes quer depois do 25 de Abril.
Vasco de Carvalho, possuidor de uma fina inteligência e apurado espírito científico, destacou-se igualmente a nível profissional, como engenheiro electro-técnico. Participou na criação do Instituto de Soldadura e Qualidade, foi dirigente da Associação Portuguesa de Manutenção Industrial e docente na Universidade Nova de Lisboa.
A vida de Vasco de Carvalho é um elevado exemplo de intervenção cívica e de luta pela democracia, por uma sociedade mais justa e pela liberdade igualitária, como gostava de dizer. Fiel às suas convicções ideológicas e ao seu posicionamento político, Vasco de Carvalho foi sempre um construtor persistente do diálogo, da aproximação e da acção comum dos democratas.
A sua vida enriqueceu a nossa democracia. A sua morte deixa-a mais pobre.
A Assembleia da República, confrontada com o falecimento do eng. Vasco de Carvalho, aprova o presente voto de pesar e exprime aos seus familiares e amigos as mais sentidas condolências.
Luís de Carvalho
PRAVDA.Ru
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