Conquistas Venezuelanas Não Serão Televisionadas, pois Demonstram o Fracasso do Neoliberalismo

Trump disse em agosto que considera uma intervenção militar à Venezuela pela votação da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) de 30 de julho, composta por cidadãos comuns de fora da elite econômica e dos partidos políticos. Não por mero acaso, a convite de Michel Temer e em parceria com governos de Peru e Colômbia, em novembro militares estadunidenses realizarão exercícios de dez dias na região amazônica brasileira próxima à fronteira com a Venezuela.

Edu Montesanti

Em represália à ANC, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos congelou ativos financeiros sob jurisdição norte-americana de diversos funcionários do governo bolivariano, inclusive do presidente Nicolás Maduro. Outras sanções proíbem negociação da dívida venezuelana e impedem a estatal petrolífera PDVSA de vender novos títulos a cidadãos ou instituições financeiras estadunidenses. Isso tudo, além de todas as distorções midiáticas envolvendo o novo processos eleitoral venezuelano, exemplo democrático mundial.

Para a socióloga canadense-venezuelana Maria Páez Victor, os Estados Unidos e os governos latino-americanos de direita "não estão preocupados com a natureza participativa da democracia na Venezuela". Lembrando que o Partido Socialista Unido da Venezuela venceu 18 das 20 eleições nos últimos 19 anos, cujo sistema eleitoral é considerado o mais seguro do mundo pelos mais diversos observadores internacionais, inclusive pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, Maria Páez observa: "Eles estão preocupados com o fato de que outros povos, da Colômbia, Peru, México, Argentina, Estados Unidos ou Espanha, possam ter o desejo de reescrever sua constituição também". Para Maria Páez, há no atual ataque imperialista à Venezuela o objetivo indisfarçável de minar a integração regional. "Eles não querem ver nações fortes e independnetas na América Latina, mas nações submissas que dependam dos ditames de Washington para tudo: é assim que eles dominam a região".

"O presidente Maduro poderia ter tomado a medida antidemocrática de suspender as garantias dos direitos civis, mas optou pela decisão mais democrática de todas: solicitou que uma Assembleia Constituinte altere a Constituição a fim de lidar com esses sérios problemas e romper as lacunas legais que sustentaram esses problemas", aponta a socióloga lembrando que o presidente Maduro está amparado nos artigos 347, 348 e 349 para a instalação da AC, que preveem, pela ordem: 

"O povo da Venezuela é depositário do poder constituinte original. No exercício deste poder, pode convocar uma Assembléia Nacional Constituinte com o objetivo de transformar o Estado, criando uma nova ordem jurídica e redigindo uma nova Constituição."

"A iniciativa de convocar a Assembleia Nacional Constituinte pode ser tomada pelo presidente da República junto ao Conselho de Ministros (...)."

"O presidente da República não pode se opor à nova Constituição. Os poderes constituídos não podem, de modo nenhum, impedir as decisões da Assembleia Nacional Constituinte (...) ".

Na seguinte entrevista, altamente elucidativa, a autora de Liberty or Death! - the life and campaigns of Richard L. Vowell, British Legionnaire and Commander, Hero and Patriot of the Americas esmiuça o atual estágio democrático venezuelano com a recente instalação da AC no contexto das conquistas ímpares da Revolução Bolivariana, e da política internacional, desfazendo as mentiras da grande mídia a serviço das corporações internacionais, especialmente grandes bancos e indústria petrolífera. 

 Enquanto aponta conqustas ímpares da Revolução Bolivariana desde que Hugo Chávez venceu a primeira eleição em 1999, seguida de sucessivas e massivas vitórias eleitorais, a socióloga que nasceu em Caracas e se formou em Toronto no Canadá, onde vive até hoje, as tendências sociais de Chávez e Maduro "mostram que as políticas públicas de governo social são suficientemente fortes para proteger sua população até mesmo da guerra econômica que os Estados Unidos e seus aliados desencadearam na Venezuela".

"Em 1999, metade do país vivia debaixo da linha da pobreza, com 23% na extrema pobreza. Até meados de 2014, [a Venezuela] apresentou o padrão de vida mais alto da América Latina. Em 2011, havia 23 por cento de pobres e oito por cento na pobreza extrema. Nenhum outro país da história moderna conseguiu isso em apenas uma década", ressalta a pesquisadora, lembrando ainda que, "enquanto na Europa e na América do Norte as pessoas tiveram que suportar o peso da crise financeira mundial com 'ajustes' e políticas de 'austeridade' que aumentaram o total de pessoas na pobreza, na Venezuela, apesar da crise econômica, do governo Maduro fez tudo em seu poder para proteger as pessoas".

"A Venezuela está mostrando que a grande defesa contra as grandes potências do mundo é a democracia participativa do seu povo, e a integração e solidariedade", afirma Maria Páez Victor, na entrevista a seguir.

Edu Montesanti: A Assembleia Nacional Constituinte (ANC) decidiu assumir funções parcialmente parlamentares. O que a senhora acha disso, professora doutora Maria Páez, especialmente porque os principais meios de comunicação e o regime de Washington estão acusando o presidente Nicolás Maduro de antidemocrático de promovê-lo. Vale ressaltar que você disse que há uma campanha de difamação contra a Venezuela, especificamente contra a própria NCA: por favor, detalhe cada mentira que tenha sido dito contra o governo bolivariano, em relação à NCA.
 
Profª. Drª. Maria Páez Victor:
 O que aconteceria nos Estados Unidos (ou em qualquer outra democracia) se o Congresso ou o Parlamento se recusassem a obedecer uma sentença do Supremo Tribunal?

O que aconteceria nos Estados Unidos (ou em qualquer outra democracia) se seu Congresso ou o Parlamento decidisse não se preocupar com a aprovação de leis a não ser em derrubar o legítimo presidente eleito, tudo isso enquanto o país enfrentava sérios problemas econômicos e de segurança? Você teria, sem dúvida, um bloqueio político, uma crise institucional maioritária.

Bom, a Assembleia Nacional da Venezuela, em que a oposição consquistou a maioria dos assentos nas últimas eleições para o Congresso, tomou todas essas decisões antidemocráticas. Quando a oposição conquistou a maioria na Assembléia Nacional em janeiro de 2016, seu presidente, Ramos Allup, declarou que eles não estavam lá para aprovar leis mas "para se livrar de Maduro e de seu governo", declarando-se em rebelião contra o Poder Executivo .

Essa posição não-democrática criou, então, a crise que começou em 29 de julho de 2016, quando a Assembleia Nacional declarou-se em rebelião contra a sentença do Supremo Tribunal. O Supremo Tribunal declarou que três deputados não poderiam ser juramentados por causa de irregularidades flagrantes em suas eleições e, portanto, deveria haver eleições parciais naquele estado [Amazonas]. A Assembleia Nacional recusou-se a obedecer esta solicitação, pelo que a Suprema Corte teve que declarar nulos e sem efeito todos os atos da Assembleia Nacional que se destituisse essas três pessoas. 

Mais tarde, o segundo presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, declarou publicamente que a Assembleia estava "em rebelião aberta" e não reconheceria o Supremo Tribunal da Venezuela. Em outras palavras, o Poder Legislativo estava em rebelião contra o Poder Judicial e o Executivo.

A Assembleia Nacional procedeu como se fosse um governo paralelo, dirigindo-se até mesmo a países estrangeiros e bancos internacionais pedindo que a Venezuela fosse sancionada e negada, e pedindo ajuda até para derrubar o governo. A oposição na Venezuela criou uma crise que colocou as instituições do Estado em perigo.

Ao mesmo tempo, houve uma crise econômica promovida pela oposição e pelas potências estrangeiras, ataques paramilitares na fronteira e violentas insurreições de rua em certas localidades da cidade [de Caracas]. O presidente Maduro pediu ajuda à Assembleia Nacional para enfrentar conjuntamente esses problemas, mas eles se recusaram a trabalhar com o Executivo, insistindo apenas que o presidente renunciasse.

O presidente Maduro poderia ter tomado a medida antidemocrática de suspender as garantias dos direitos civis, mas optou pela decisão mais democrática de todas: solicitou uma Assembleia Constituinte (AC) que altere a Constituição a fim de lidar com esses sérios problemas e romper as lacunas legais que sustentaram esses problemas.

A coalizão da oposição, a MUD [Mesa de Unidade Democrática], imediatamente percebeu o xeque mate que isso significaria. Por isso, usou todo seu arsenal de armas, incluindo suas consideráveis ​​conexões com mídia estrangeira para evitar a eleição de uma AC.

Em primeiro lugar, alegou que uma autoridade eleita era antidemocrática, algo semelhante a acusar o Papa de não ser católico. Não há maior poder democrático do que a vontade das pessoas representadas em uma assembleia, e há uma pedra angular do direito internacional que afirma que os países têm o direito inalienável de fazer suas próprias leis, particularmente se forem elaboradas através de representantes devidamente eleitos.

Em segundo lugar, a oposição disse à imprensa internacional que a AC era simplesmente uma estratagema para que o presidente Maduro pudesse se tornar presidente vitalício, eliminando as eleições para sempre no país. É um absurdo ter havido 20 eleições limpas em 18 anos com o governo bolivariano prestes a extinguir eleições, especialmente porque Jimmy Carter, através da Fundação Carter, afirmou que o processo eleitoral da Venezuela é o melhor do mundo.

Isso é ridículo enquanto a AC tem um mandato especificou para lidar com nove questões prioritárias específicas, nenhuma das quais diz respeito ao prolongamento dos termos presidenciais. Essas questões não eram urgentes, nem mesmo existentes em 1999 quando a Constituição atual foi elaborada: como lidar com a crise econômica, como manter a segurança em relação ao crescimento de grupos de narcotraficantes, grupos paramilitares, terrorismo urbano e impunidade, como institucionalizar os programas de combate à pobreza (misiones), como preservar os direitos das vítimas de crimes, a necessidade de preparar uma economia pós-petrolífera, as mudanças climáticas, os direitos dos homossexuais e transgêneros, dos jovens e pessoas com deficiência.

Os representantes da AC foram escolhidos não como membros de partidos, mas entre os cidadãos que colocaram seu nome como indivíduos. Havia duas categorias de representantes: aqueles que desejavam representar a área onde viviam e aqueles que desejavam representar um dos setores especiais: trabalhadores, empresários, jovens, mulheres, pessoas com deficiência, conselhos comunais e povos indígenas.

A maioria dos principais partidos que compõem a MUD decidiu, com sua insensatez, que não apoiará a eleição de representantes para a nova AC. No entanto, muitos partidos de oposição menores decidiram encorajar os membros a se candidatar às eleições.

A MUD tentou lançar uma cortina de fumaça sobre as eleições alegando que foi fraudulenta, mas ainda não apresentou nenhuma prova disso. Todas as testemunhas de eleições internacionais confirmaram que o processo ocorreu sem qualquer distorção ou viés. O que aconteceu e não foi relatado foi que, em muitas partes do país, essa oposição antidemocrática e violenta tentou impedir que as pessoas votassem, mesmo com o uso de armas de fogo. A imprensa internacional não criticou a oposição por essas terríveis ações antidemocráticas.

Quando a AC então se reuniu, não dissolveu a Assembleia Nacional o que, teoricamente, tinha o poder de fazer. A AC declarou que funcionaria com a Assembleia Nacional e pediu que se reunisse em sessão conjunta, mas a Assembleia Nacional recusou-se a encontrá-la. Em vez disso, a Assembléia Nacional declarou que não reconhecia a AC. É totalmente surpreendente que desconsidere 8,089,320 milhões de eleitores, que elegeram a CA.

Diante dessa insurreição flagrante, a AC aprovou um decreto que lhe permite passar as leis necessárias para enfrentar os problemas vitais e mais urgentes que ameaçam o próprio Estado.

A AC começou a funcionar. Uma das primeiras medidas foi demitir a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, com base em uma montanha de provas que a ligou junto do esposo, um deputado da Assembleia Nacional, o escritório de German Ferrer, a uma vasta rede de chantagem e abandono do dever.

As pessoas não conseguiam entender por que os violentos manifestantes que durante quatro longos meses criaram estragos e terror nas ruas, não foram presos, ou se presos, são absolvidos com desculpas frágeis. Crimes contra a segurança pública e a paz que jamais teriam sido tolerados em qualquer outra nação, na Venezuela ficaram impunes e perderam o controle. Foram as empresas estrangeiras do cinturão de petróleo que soaram o apito de Ortega Diaz, já que ela os chantageava com milhões de dólares.

No final, descobriu-se recentemente que ela estava trabalhando com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para manter as insurreições de rua não reprimidas.

Outra das medidas tomadas pela AC para manter a paz foi a criação da Comissão de Verdade, Justiça e Paz Pública, responsável por determinar as responsabilidades políticas e morais dos culpados das ações violentas que atormentam a nação desde 1999.

A lei contra o ódio, intolerância e convivência pacífica está agora sendo considerada como resultado direto do terrorismo urbano desencadeado durante os últimos meses de abril a junho, que deixaram cem pessoas mortas além do tom racista e classista aberto que acompanhou esses atos bandidos.

Para resumir:

- O Presidente da Venezuela tem o claro e inequívoco direito de convocar uma Assembléia Constituinte: artigos 347, 348, 349 da Constituição.

- Os representantes da AC foram eleitos livremente entre os cidadãos e não entre partidos, em um processo eleitoral limpo, transparente e ordenado, totalmente apoiado por todos os observadores eleitorais internacionais.

- Havia cidadãos que se opunham ao governo que apoiaram as eleições, embora não tenham conseguido os votos necessários. A aglomeração oposicionista MUD recusou-se a participar.

- A Assembleia Nacional não foi dissolvida, mas convidada a se juntar à AC e em lidar com ameaças urgentes ao Estado. Tendo negado até reconhecer a AC, esta então teve que assumir alguns poderes legislativos para preservar a paz e a segurança da nação.

Destaque as principais mentiras contra a Revolução em geral, através de todos estes anos.

Faço isso, descrevendo fatos reais:

Desde 1999, quando Hugo Chavez foi eleito presidente da Venezuela, a elite que dirigiu esse país por 40 anos conspirou para deslegitimá-lo e derrubá-lo. Os Estados Unidos eram, e ainda são, parceiros firmes nisso junto de nações e corporações aliadas. Há uma ampla gama de provas de que o Departamento de Estado norte-americano orquestrou o golpe de 2002, que derrubou o presidente Chávez por 48 horas. Estes fatos foram posteriormente confirmados através de informações da FOIA [Lei de Acesso à Informação, na sigla em inglês] e deWikileaks.

Após a morte do presidente Chávez a conspiração tornou-se virulenta, pois os Estados Unidos e seus aliados pensavam que o presidente Maduro seria mais fácil de se derrubar. A queda da renda do petróleo alimentou essas esperanças. Além de Cuba, nenhum outro país latino-americano teve toda a força do espectro da "guerra de quarta geração" que inclui terrorismo, manipulação midiática, desestabilização econômica, conflitos de baixa intensidade e guerra psicológica.

A campanha psicológica e midiática centrou-se na pessoa de Chávez, e mais tarde de Maduro: alegando que são ditadores (apesar de terem vencido eleições limpas), são autocráticas ("não é uma questão apenas de eleições, mas como eles governam") e com Maduro, a campanha midiática criminosa que apresentou ao público o terrorismo mais violento e desprezível da oposição, como se tivesse sido perpetrado pelo governo. Foi uma ditorção grotesca da verdade. A mídia internacional perdeu qualquer noção de reportagens equilibradas quando se tratou da Venezuela; eles estão prostituindo sua profissão, anteriormente tão prezada.

A guerra econômica desencadeada no País pelos Estados Unidos e seus aliados, entre as elites e as corporações, foi brutal: armazenamento completo de mercadorias, contrabando por parte das empresas na casa dos milhões, manipulação do mercado negro, pressão sobre bancos internacionais e agências de rating contra o país, artificial escassez de bens, sabotagem sobre os sistemas elétricos e de água, assassinatos por parte de paramilitares, violência na rua.

A Venezuela deve ser elogiada por defender o Estado de direito, ao invés de ser considerada maligna segundo as falsas notícias. O governo está sentado sobre as maiores reservas de petróleo do Hemisfério, e repudia as políticas do canibal capitalismo neoliberal. Assim, para o Departamento de Estado dos Estados Unidos, para seus apáticos aliados e para as gananciosas corporações, a Venezuela deve ser desafiada, destruída e difamada.

Como pode ser explicado que a ANC da Venezuela é o acontecimento mais democrático do mundo, tão popular já que os membros da ANC são cidadãos comuns não escolhidos pelas elites nem pelos partidos, ao mesmo tempo tão atacada pelos Estados Unidos, por seus aliados e pelos principais meios de comunicação?

Os Estados Unidos e os governos da direita da América Latina não estão preocupados com a falta de democracia na Venezuela, embora este seja o lema de que continuam repetindo na mídia.

A hipocrisia é bastante flagrante neste caso, veja:

Por que eles não estão preocupados com a democracia na Arábia Saudita, onde as pessoas são decapitadas e as mulheres não podem votar nem se candidatar a eleições?

Por que não estão preocupados com a democracia no México onde 43 estudantes em Ayotzinapa em 2014 desapareceram, e onde 300 jornalistas foram mortos desde 1980?

Por que não estão preocupados com a democracia na Colômbia, onde nos últimos 38 anos 152 jornalistas foram mortos e, desde 1977, foram mortos 3 mil sindicalistas?

Eles estão preocupados com a natureza participativa da democracia na Venezuela: isto é, o fato de que a opção bolivariana ganhou as 18 das 20 eleições que a Venezuela realizou nos últimos 19 anos. Eles estão preocupados com o fato de que outros povos - da Colômbia, Peru, México, Argentina, Estados Unidos ou Espanha - possam ter o desejo de reescrever sua constituição também.

O estabelecimento de uma Assembléia Constitucional eleita está inteiramente de acordo com o direito internacional: os países têm o direito inalienável de escrever suas próprias leis, sem obstáculos.

Estes últimos anos demonstraram aos venezuelanos que sua Constituição de 1999, escrita dentro de um quadro neoliberal, possui lacunas que não ajudam na urgente crise econômica, no problema terrorista e paramilitar nem no problema da oposição desonesta que ignora aa leis, mas busca intervenção estrangeira para derrubar o governo.

Qual sua avaliação da posição da Organização dos Eestados Americanos contra a Venezuela, contradizendo seu próprio estatuto? A ONU também se mantém em silêncio .. Nenhuma posição consistente no caso venezuelano. Por quê?

Em 28 de março de 2017, Luis Almagro, diretor da Organização dos Estados Americanos pediu que a Venezuela fosse suspensa da organização, abrindo o caminho para a intervenção estrangeira na Venezuela, alegando violação dos princípios democráticos.

Esta é a mesma OEA que silenciou sobre o golpe de Estado contra o presidente Chávez em 2002, os golpes de parlamentares no Brasil e no Paraguai, o golpe de Estado em Honduras, que silenciou sobre os horríveis assassinatos de estudantes e jornalistas no México e a multiplicidade de violações dos direitos humanos dos sindicalistas na Colômbia.

A Assembleia Nacional venezuelana apoiou publicamente esta proposta indecente. Almagro falhou, pois não conseguiu obter tal decisão na OEA.

Almagro serve aos Estados Unidos e seus governos satélites de direita da região. Mas ele não consegue superar o verdadeiro fato de que a Venezuela não está sozinha, e a maioria da OEA não se unirá às forças que que lutam pela colonização contínua da região pelos Estados Unidos.

As Nações Não-Alinhadas da ONU, que representam dois terços de todos os países do mundo, apoiaram inequivocamente o direito da Venezuela de estabelecer uma Assembléia Constitucional eleita e escrever suas próprias leis. A ONU também afirmou que a Venezuela tem o direito de convocar uma Assembléia Constitucional, e escrever suas leis.

A ONU não poderá atuar completamente contra a Venezuela, porque o país possui leis internacionais a seu favir e as nações não alinhadas, que não são enganadas pelas manipulações dos grandes poderes. Além disso, tanto a Rússia quanto a China apoiaram fortemente a Venezuela.

O regime de Washington tem pressionado o governo revolucionário venezuelano há muito tempo. Desta maneira, o que mantem Nicolás Maduro na Presidência enquanto vemos, em todo o mundo, os Estados Unidos derrubando governos democráticos através de revoluções coloridas ou pela força militar?

As conquistas do governo bolivariano da Venezuela são reais, tangíveis e impressionantes, o alicerce do consistente apoio público. Em 1999, a Venezuela era um país, embora rico em petróleo, mergulhado na miséria, em altas taxas de desnutrição, na mortalidade materna e infantil, em altas taxas de abandono escolar e analfabetismo, e na alta taxa de pobreza.

A partir da descoberta do petróleo no início do último século, as receitas do petróleo foram utilizadas de forma corrupta por uma elite apátrida e vendidas ao maior comprador estrangeiro, com pouca vantagem à população do país.

Sob Chavez e agora com Maduro, as receitas do petróleo são usadas para satisfazer as necessidades sociais dos venezuelanos.

A pobreza na Venezuela foi reduzida para metade e o país, até meados de 2014, apresentou o padrão de vida mais alto da América Latina. Em 1999, metade do país vivia debaixo da linha da pobreza, com 23% na extrema pobreza.

Em 2011, havia 23 por cento de pobres e oito por cento na pobreza extrema. Nenhum outro país da história moderna conseguiu isso em apenas uma década. Este triunfo foi acompanhado por um enorme aumento no consumo e uma queda na desnutrição de 13,5 por cento em 1990, para cinco por cento em 2010.

Essas mudanças domésticas dramáticas são refletidas pelas mudanças na política e atividades externas da Venezuela. Uma política externa genuinamente independente impulsionou a Venezuela a um cargo de liderança na América Latina e tornou suas reservas de petróleo uma fonte de influência política, alé fem derramenta de solidariedade internacional como demonstrado pelas contribuições vitais do petróleo para vários países, incluindo Cuba, feita por sua nacionalização da estatal petrolífera, a PDVSA.

O governo também fundou a Aliança Bolivariana para os Povos da América (ALBA), cujos 11 membros - Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Grenada, Nicarágua, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Venezuela - coordenam o apoio econômico mútuo, e servem como alternativa à Organização dos Estados Americanos controlada pelos Estados Unidos.

● Atualmente, existem 59 médicos por cada 100 mil, habitantes quando antes havia apenas 20

● A Venezuela está agora livre de analfabetismo, conforme a Unesco aetstou, e atingiu os objetivos educacionais do milênio;

● Nos últimos dois anos, apesar da queda dos preços do petróleo, o governo construi 1,7 milhão de moradias públicas;

● A pobreza diminuiu pela metade em relação aos níveis que, em 1999, estavam entre 50% e 80% e em algumas áreas até 20% de pobreza extrema que afetava um terço da população, reduzida hoje a 4,5%;

● A ONU reconheceu que a Venezuela alcançou os Objetivos de Nutrição para o Milênio, reduzibdo o número de famintos. Entre 1999 e 2015, mais de cinco milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome;

● Há mais de 50 mil conselhos comunais e comunidades agora identificando as necessidades locais, e realizando diversos investimentos econômicos e sociais.

● O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos declarou que a Venezuela é um dos países da região que a mais reduziu a desigualdade, de acordo com o Coeficente Gini.

Mas as conquistas do governo bolivariano da Venezuela "não serão televisionadas" pela mídia internacional porque mostram o fracasso das idéias neoliberais de desenvolvimento. Elas mostram que as políticas públicas de governo social são suficientemente fortes para proteger a população, até mesmo da guerra econômica que os Estados Unidos e seus aliados desencadeiam na Venezuela.

Enquanto na Europa e na América do Norte as pessoas tiveram que suportar o peso da crise financeira mundial com "ajustes" e políticas de "austeridade" que aumentaram o total de pessoas na pobreza, na Venezuela, apesar da crise econômica, o governo Maduro fez tudo em seu poder para proteger a sociedade ao não reduzir os benefícios sociais, e distribuir alimentos e produtos básicos diretamente às pessoas a preços muito subsidiados.

Os Estados Unidos, em particular, desejam minar a integração regional da América Latina que é a pedra angular da política externa venezuelana. Eles não querem ver nações fortes e independnetas na América Latina, mas nações submissas que dependam dos ditames de Washington para tudo: é assim que eles dominam a região.

A Venezuela está mostrando que a grande defesa contra as grandes potências do mundo é a democracia participativa do seu povo, e a integração e solidariedade.


O que podemos esperar da ANC?

O governo bolivariano da Venezuela demonstrou uma grande criatividade política.

- A nova Constituição em 1999 inspirou as novas constituições do Equador e da Bolívia;

- Seus conselhos e comunas foram o celeiro do povo em um momento em que a comida estava sendo acumulada, contrabandeada e levada a uma escassez artificial pela guerra econômica;

- A união militar-civil trouxe uma mudança de 180 graus na relação das Forças Armadas e dos civis, pelo qual a harmonia, a solidariedade e a proteção são fundamentais, e não a repressão;

- Os esforços venezuelanos para alcançar a integração regional trouxeram as instituições inovadoras da CELAC, Unasul, Petrocaribe, Petrosul e Telesur..

Espero da Assembléia Constitucional mais criatividade, especialmente na mudança do quadro legal neoliberal que permitiu que o país tenha sido levado ao limite do desastre por elites sem escrúpulos e antipatrióticas que só buscam seu próprio ganho e não o bem público.

Como o bom professor de Simon Bolívar, Simón Rodríguez disse: "Sejamos criativos, ou erraremos".

Espero grandes coisas dos cidadãos da Assembléia Constitucional.
 
Não sem razão, o movimento para a independência da América Latina do Império espanhol nasceu em Caracas.

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey