O fim da precariedade e dos baixos salários foi uma das principais reivindicações que levou milhares de jovens trabalhadores a participarem na manifestação que hoje se realizou em Lisboa, terminando junto à Assembleia da República.
Organizada pela CGTP-IN e pela Interjovem, a manifestação, com milhares de jovens trabalhadores de diversos sectores e empresas, foi da Praça da Figueira até à Assembleia da República, cheia de faixas e pancartas com as suas reivindicações e lembrando também o Dia Nacional da Juventude.
«Queremos estabilidade, queremos salários dignos», afirmou João Barreiros, dirigente da Interjovem/CGTP-IN, numa intervenção feita para os manifestantes. Os jovens exigem que o Governo «dê um sinal claro de que respeita e valoriza a juventude trabalhadora», sublinhou.
Segundo o dirigente da Interjovem/CGTP-IN, é inaceitável que hoje o salário mínimo não chegue aos 600 euros «e represente menos do que em 1976», acrescentando que a estabilidade do vínculo é essencial para «a construção de uma vida estável e segura».
Muitas das opções para trabalhar actualmente são por via das empresas de trabalho temporário, «que cedem trabalhadores para ocuparem um posto de trabalho permanente numa outra empresa (denominada de utilizadora), que contrata o serviço à empresa de trabalho temporário, à qual paga o triplo daquilo que cada trabalhador recebe», denunciou o interveniente.
João Barreiros lembrou que as empresas recorrem à precariedade generalizada para aumentar os seus lucros e que a precariedade «não é um factor de liberdade para a juventude, mas uma amarra que impede a emancipação e a concretização dos sonhos». Assim, exigiu ao Governo que acabe com a precariedade, lembrando que foi o primeiro governo do PS que abriu portas à «facilitação dos despedimentos, aos contratos a prazo e aos recibos verdes».
Barreiros saudou ainda todos os trabalhadores que participaram em recentes acções de protesto nos seus locais de trabalho, tendo destacado que, fruto desta acção, em várias empresas, trabalhadores com vínculos precários passaram a efectivos.
A cada posto de trabalho permanente, um vínculo efectivo
Os jovens trabalhadores presentes no fim da manifestação aprovaram uma resolução intitulada «Vencer a Precariedade! Defender os nossos Direitos! Construir Futuro!», que continha as suas reivindicações.
Embora reconhecendo os avanços que, «com a luta dos trabalhadores», foi possível alcançar na relação de forças agora existente na Assembleia da República, os manifestantes defendem «a necessidade de efectiva ruptura com a política e medidas que agravaram a exploração dos trabalhadores e empurraram centenas de milhar de jovens para a emigração forçada, que impuseram o retrocesso económico e social e atacaram a soberania nacional».
Uma das reivindicações é o combate à precariedade, no sector público e no sector privado, com a garantia da passagem a efectivos de todos os que ocupam um posto de trabalho de natureza permanente. Defende-se ainda medidas eficazes «para terminar com a cedência ilegal de trabalhadores por meio das empresas de trabalho temporário» e alterações legislativas que impeçam a celebração de contratos de trabalho precários para satisfazer necessidades permanentes das empresas.
Na resolução encontra-se ainda a exigência de aumento geral dos salários, nomeadamente do salário mínimo nacional, e a reversão das normas gravosas do Código do Trabalho e da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.
Os jovens exigem também o fim da caducidade da contratação colectiva e a reintrodução do princípio do tratamento mais favorável, assim como as 35 horas para todos os trabalhadores da função pública e a redução de horário para todos os trabalhadores.
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