Levantamento Sistemático da Produção Agrícola Fonte IBGE
Base: Junho de 2009
Safra de grãos deve ser 8,7% menor que a de 2008
A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve somar 133,3 milhões de toneladas em 2009, 8,7% menor que a obtida em 2008 (146,0 milhões de toneladas1) e 1,2% abaixo da estimada em maio (135,0 milhões de toneladas). É o que aponta a sexta estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), de junho. A redução frente ao mês passado resulta especialmente das perdas ocorridas com o milho 2ª safra no Paraná e de reavaliações nas estimativas do arroz, feijão e soja.
As três principais culturas: soja, milho e arroz, que respondem por 81,5% da área plantada, apresentam variações de +2,1%, -4,3% e +1,4%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Quanto à produção destes três produtos, apenas o arroz registra variação positiva (+ 4,3%). Já para a soja e o milho, a previsão é de retração da produção em 5,1% e 15,7%, respectivamente.
A área a ser colhida, de 47,2 milhões de hectares, apresenta decréscimos em termos absolutos tanto em relação a 2008 quanto ao mês anterior (maio), respectivamente de 83.946 hectares e 61.554 hectares.
A safra esperada para 2009 tem a seguinte distribuição regional: Região Sul, 53,2 milhões de toneladas (-13,3%); Centro-Oeste, 47,4 milhões de toneladas (-6,7%); Sudeste, 16,9 milhões de toneladas (-3,9%); Nordeste, 12,1 milhões de toneladas (-2,8%) e Norte, 3,7 milhões de toneladas (-1,7%). Na figura a seguir, observa-se que o Estado de Mato Grosso suplanta, em 1,5 pontos percentuais, o Paraná, mantendo sua posição de maior produtor nacional de grãos.
Variações de estimativa para seis produtos
No LSPA de junho destacam-se as variações de estimativa, na comparação com maio, de seis produtos: trigo em grão (+0,3%), cana-de-açúcar (+0,2%), milho em grão total (-2,2%), arroz em casca (-1,4%), feijão em grão total (-0,7%) e soja em grão (-0,6%).
Trigo (em grão)
A produção do trigo foi estimada em 5,7 milhões de toneladas (+0,3%). No sul do Paraná e no Rio Grande do Sul, os plantios ainda não foram totalmente efetivados, e as condições climáticas deste início de ciclo são favoráveis à cultura.
Cana-de-açúcar
A estimativa da safra canavieira soma 691,8 milhões de toneladas (+0,2%), com ampliação de 0,4% na área a ser colhida. A expansão resulta do interesse pelos derivados do produto, sobretudo etanol e açúcar este último mais atrativo no momento, devido à queda da oferta no mercado internacional.
Milho (em grão) Total
A produção, para ambas as safras, deve somar 49,8 milhões de toneladas (-2,2%). A 1ª safra, avaliada em 33,8 milhões de toneladas, supera em 1,0% à estimada em maio ganho decorrente das reavaliações nos dados finais de colheita da Região Sul, onde o Paraná e o Rio Grande do Sul acresceram suas produções finais em +2,2% e +5,2%, respectivamente.
A previsão para a 2ª safra, de 15,9 milhões de toneladas, apresenta expressiva redução (-8,4%) em comparação à estimativa de maio. O Paraná, segundo produtor nacional nesta safra, foi o principal responsável por este decréscimo, com perda de -20,6% na produção, decorrente de reavaliação negativa do rendimento médio (-19,9%).
Arroz em casca
A produção esperada para o arroz é de 12,6 milhões de toneladas (-1,4%), após reavaliações nos dados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste. No Nordeste, o excesso de chuvas causou a redução na área (-1,9%) e no rendimento médio (-6,4%), agora estimados em 701.742 ha e 1.583 kg/ha. Nas outras duas regiões, o produto encontra-se na fase final de colheita.
Feijão (em grão) Total
A produção nacional de feijão, considerando as três safras do produto, deve somar 3.614.985 toneladas (-0,7%) e está assim distribuída: 1.705.718 toneladas da 1ª safra (47,2%), 1.545.192 toneladas da 2ª safra (42,7%) e 364.075 toneladas da 3ª safra (10,1%). A comparação com o LSPA de maio indica variações nas três safras, respectivamente de -2,9%, 1,5% e 0,6%.
A queda na 1ª safra reflete as perdas no Maranhão (-12,0%), Piauí (-7,1%), Ceará (-10,1%) e Pernambuco (-31,0%). Na 2ª safra, o acréscimo deve-se às reavaliações na maior parte dos estados produtores do Nordeste, com destaque para Pernambuco (+141,5%). Já a variação positiva da 3ª safra é decorrente do ganho de 2,3% na produção verificado em Goiás, em vista da reavaliação de seu rendimento médio, que, confrontado ao mês anterior, apontou acréscimo de 22,0%.
Soja (em grão)
A produção da soja (em grão), principal lavoura de verão, deve ficar em 56,8 milhões de toneladas (-0,6%). O decréscimo decorre principalmente de reavaliações no Centro-Oeste. O Mato Grosso do Sul registra redução de -4,8% na produção, consequência da queda no rendimento médio (-5,0%).
Estimativa de junho em relação à safra 2008 é menor para 14 produtos
Dentre os 25 produtos selecionados, 14 apresentam variação negativa: algodão herbáceo em caroço (-24,3%), mamona em baga (-19,8%), milho em grão 2ª safra (-16,4%), milho em grão 1ª safra (-15,3%), café em grão (-13,5%), feijão em grão 3ª safra (-13,0%), sorgo em grão (-11,2%), batata-inglesa 2ª safra (-9,4%), triticale em grão (-9,1%), batata-inglesa 1ª safra (-7,1%), soja em grão (-5,1%), amendoim em casca 1ª safra (-3,6%), trigo em grão (-2,6%) e cevada em grão (-2,4%). Os 11 com variação positiva são: amendoim em casca 2ª safra (14,2%), aveia em grão (11,9%), feijão em grão 2ª safra (10,4%), cana-de-açúcar (6,6%), cebola (4,9%), batata-inglesa 3ª safra (4,4%), arroz em casca (4,3%), feijão em grão 1ª safra (3,9%), cacau em amêndoa (1,3%), mandioca (0,9%) e laranja (0,7%).
Já a produção de cana-de-açúcar deverá somar 691.790.861 toneladas, alta de 6,6% frente a 2008. O incremento decorre principalmente do crescimento (+6,0%) na área a ser colhida. No momento, a área total plantada é de 9.694.448 hectares.
Nota:
1 Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, leguminosas e oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.
Prof. Ricardo Bergamini
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