Estou prestes a propor algo que, no mundo moderno da economia, parecerá constituir insânia da mais alta ordem. Enquanto nações gastam as fortunas conjuntas de múltiplas gerações para manter sua integridade, as moedas artificiais digladiando-se umas com as outras, especialmente naquele que é, agora claramente, o estágio inicial de uma Depressão II mundial, digo: deixem o rublo cair.
Muitas pessoas daqui certamente estarão lembradas da dor e do sofrimento de 1998, quando o rublo caiu, e caiu muito. Entretanto, foram os resultados daquela queda que, no final, salvaram a Rússia. Duas coisas aconteceram em 1998: primeiro, os "especialistas" econômicos estadunidenses que afluíram para a Rússia e ajudaram a forçar "reformas" insustentáveis, isto é, que ajudaram a estuprar o país em mais de $500 biliões em ativos, ficaram final e completamente desacreditados. Eles debandaram da Rússia pouco depois.
A segunda coisa que aconteceu, e a mais importante: os bens estadunidenses e europeus também se foram, na medida em que o dólar em queda tornou os bens estrangeiros caros demais para os já pauperizados russos. Entretanto, a procura por esses bens continuou e, como tão frequentemente acontece em economia, essa procura foi satisfeita por empresas locais que empregavam russos locais que, então, ganharam dinheiro e gastaram dinheiro e, portanto, assim nasceu um novo surto econômico, mesmo sem o grande impulso que o petróleo oil deu posteriormente. Quando os estrangeiros voltaram, começaram a produzir, na Rússia, para o mercado local.
Entretanto, a Rússia não ficou de todo infensa ao entusiasmo do crédito, e uma população com renda ascendente começou a importar cada vez mais bens manufaturados dos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Eis que chega a nova Depressão.
Diversas coisas já aconteceram nos últimos meses; com destaque entre elas, um severo movimento depressivo de todas as commodities, que acaba de rumar na direção dos bens manufaturados.
Isso leva ao contraste entre os bens russos manufaturados e os das firmas chinesas e russas, mais baratos, numa época em que a procura está caindo rapidamente.
É hora de colocar as coisas no devido lugar. A Rússia está numa situação sem paralelo, uma situação compartilhada com a de muito poucas nações, visto que ela é genuinamente auto-suficiente em recursos. Não há recursos reais que a Rússia necessite absolutamente importar para sobreviver no dia a dia. O único recurso que ela precisa desenvolver rapidamente são os recursos humanos, em primeiro lugar no tocante a sua diáspora e, em seguida, no tocante a imigrantes capacitados de outras raças e nações. Nessa medida, só ela pode sobreviver e prosperar sem moeda forte.
Portanto, visto que não estamos em 1998 e o governo da Federação Russa, prudentemente, sob a égide de Putin e Medvedev, acabou com quase toda a dívida internacional, a desvalorização da moeda russa será um fato positivo.
A primeira coisa que acontecerá será, mais uma vez, o desaparecimento dos bens importados das nações estrangeiras, mas empresas russas tomarão seu lugar, empregando mais russos e confirmando uma economia auto-suficiente. A segunda coisa que acontecerá é que empresas tais como companhias de petróleo/gás e outras manufaturas estarão muito mais inclinadas a comprar na Rússia seus equipamentos, visto que a moeda delas terá maior poder aquisitivo para a compra de mais bens. Isso, mais uma vez, dará emprego para mais russos e continuará a dar suporte à economia interna.
Verdade, muitos russos viajarão para a Europa em férias, mas muitos europeus (pelos menos aqueles aos quais reste algum dinheiro para gastar) viajarão para a Rússia para gastar, como turistas, muito mais euros. Quem sabe, os mais capacitados poderão até mesmo ficar definitivamente.
Stanislav Mishin
Este artigo foi republicado com a amável permissão de Stanislav Mishin e pode ser encontrado em seu blog Mat Rodina
Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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