É cada vez mais claro, para quem está atento, que estamos perante um típico problema hegeliano. Ou seja, a Crise Financeira foi criada, ou pelo menos permitida, para justificar uma solução há muito planeada. Sintoma disso é o argumento nuclear utilizado insistentemente pelos principais líderes mundiais que se pode traduzir da seguinte forma: A um problema global, é necessária uma solução global . Temos fortes dúvidas que assim seja Se calhar a verdade está no seu contrário.
O ainda responsável pela Administração dos USA, George Bush, declarou recentemente temer um regresso ao proteccionismo económico, Devemos resistir à tentação perigosa do isolamento económico (Não há fumo, sem fogo ). A acontecer, seria um grave revés nas pretensões da Oligarquia Financeira. Daí aquela advertência. Por sua vez, os líderes europeus que tiveram com o presidente norte-americano um encontro recente em Camp David, defendem a criação de um organismo internacional para supervisionar os mercados financeiros. Mais uma estrutura internacional burocrática antidemocrática para fingir que faz Durão Barroso, actual Presidente da Comissão Europeia, na reunião de Pequim, afirmou: É preciso criar uma nova ordem financeira internacional e dar uma resposta global à crise". Não podia ser mais explícito.
Até o simpático e popular Barack Obama, futuro presidente dos USA, afina pelo mesmo diapasão, quando, na sua 1ª. conferência de imprensa, depois de eleito, de 7 de Novembro de 2008, afirmou que a crise financeira é cada vez mais global e exige uma resposta global.
Em recente vídeo-conferência no âmbito das Jornadas Parlamentares do Partido Social-Democrata, realizadas em Évora, Jacques Attali, insigne economista francês, não podia ser mais claro ao afirmar que É preciso não uma governação mundial, mas um Governo Mundial, alegando que não basta um Estado de Direito Globalizado. Ora este senhor é nada menos, nada mais, que o actual conselheiro do Presidente Sarkozy, um dos principais líderes mundiais que mais se tem destacado na restauração do sistema financeiro internacional, cujos mentores só aparentemente foram atingidos pela crise
Ora Jacques Attali que nos desculpe, mas deve estar equivocado ou então pretende atirar areia para os nossos olhos O Governo Mundial já existe. A sua acção desenvolve-se discretamente por delegação em organismos de carácter mais ou menos secreto e altamente selectivo na escolha dos seus membros, tais como: Clube de Roma, Comissão Trilateral, Grupo de Bilderberg, Council on Foreign Relations, etc. simplesmente as suas malfeitorias só agora são mais evidentes.
No livro O Poder Secreto, do Economista brasileiro Armindo Abreu, que temos a honra da sua amizade, obra editada em 2005 e que resume uma década de estudo e investigação, de vasta bibliografia, e em muitos aspectos, reveladora, onde o autor denuncia a existência de uma Elite Global, cuja origem remonta à Antiguidade e cuja acção, mais ou menos velada, tem estado presente em diferentes épocas da História, estando nos nossos dias prestes a dar visibilidade pública ao Governo Mundial, de que é tutelar. Nas páginas 229 e 230, podemos ler: Aos mais céticos, incrédulos, caberia lembrar que, há muito tempo, os controladores do mundo vinham preparando o planeta para um grande desastre programado, também de essência hegeliana (problema/reacção/solução). E isso veio ocorrendo desde que se passou a dar rédeas soltas ao endividamento dos estados-nações e, simultaneamente, ao formidável cassino em que se transformou o chamado mercado financeiro internacional, assentado sobre operações fluidas, especulativas, totalmente descoladas da economia física, cujo desfecho, natural e previsível, será desabar como um castelo de cartas, facilitando a férrea aplicação do projecto político-mundialista, a ser apresentado aos povos como única e factível tábua de salvação! Armindo até parece profeta
O endividamento dos estados-nações começa quando os Governos, incluindo o dos USA, abdicaram da emissão de moeda própria, perdendo com isso a sua independência financeira e consequentemente, económica. Ao fazê-lo, transferiram essa prerrogativa para entidades supranacionais, completamente desconectadas dos problemas nacionais e do interesse dos povos. No caso da União Europeia, a emissão de dinheiro ou a sua autorização está atribuída em exclusivo ao BCE e, por inerência, compete-lhe a fixação do preço da moeda, através de taxas de juro, chamadas eufemisticamente de referência, bem como o seu controlo em termos de fluxo e de quantidade em circulação. Nos Estados Unidos, as mesmas tarefas estão atribuídas ao FED, sendo que, por ser mais antigo que seu parente europeu, serve a este de modelo na teia que a Elite Global tece, desde há muito, para estabelecer o seu Poder Tentacular à escala planetária. Para facilitar a acção deletéria da Economia dos povos, a moeda que hoje circula pelo mundo não tem valor intrínseco, não passando de papel pintado, podendo o banco central emissor produzir as quantidades que quiser e quando quiser, sem fazer quaisquer reservas em ouro ou prata, como acontecia há uns anos atrás. Trata-se de um verdadeiro negócio da China que permite toda a espécie de especulação e ganância. Ah, e neste negócio os controladores do mundo não aceitam concorrência Ora toma, que é democrático!!!
A escassezde meios e de recursos próprios que o Sistema Financeiro Internacional induz deliberadamente em toda a cadeia económica do Globo, faz com que o investimento público dos Estados seja feito muito à custa do endividamento junto ao sistema bancário, que foi previamente colocado sob o controlo da Oligarquia Financeira. Mas não é somente os Estados e os Governos que se submetem ao sistema espúrio de juros compostos, que no limiar leva à falência, seguem a mesma senda as empresas e os cidadãos, que sem darem conta alimentam uma monstruosa máquina que produz dinheiro e lucro do nada e deste modo comprometem a sua Liberdade Económica e hipotecam o seu Futuro.
Evidentemente que quem tem o controle financeiro do Mundo, tem também o controle político. Daí todo o investimento ideológico nas vantagens aparentes do sistema vigente e as loas à Globalização. E quando assim não é, tudo fazem para esvaziar a Democracia de sentido, não sendo mais que folclore político para que o cidadão se convença que tem alguma parcela de poder e se acomode aos ditames do Governo Mundial.
Artur Rosa Teixeira
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