Depois de chegar aos Estados Unidos, França, Holanda, África e Venezuela, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se prepara agora para alcançar mais um continente: a Ásia. China, Índia, Japão e Coréia do Sul estão no páreo para receber o mais novo Laboratório Virtual da Empresa (Labex). A possibilidade de estreitar relações com os países asiáticos anima o diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana.
A Ásia é a próxima fronteira a ser explorada. São parceiros muito interessantes para o avanço de temas complexos de pesquisa que devem conformar a base científica da tecnologia do agronegócio do futuro. Além disso, existe interesse dos países desse continente em conhecer as tecnologias que nós desenvolvemos para o mundo tropical, destaca Crestana. O nome do país escolhido para sediar o Labex Ásia deve ser divulgado ainda este ano.
A presença internacional da Embrapa segue modelos de ação diferentes em cada uma das regiões do planeta. Os Labex, por exemplo, são laboratórios de prospecção e parceria tecnológica com países do Hemisfério Norte. O primeiro foi instalado em 1998, em Washington, fruto de uma parceria com o Agriculture Research Service (ARS), com o objetivo de acompanhar pesquisas nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia, mudanças climáticas, agroenergia e bioenergia.
Na Europa, o Labex compartilha a rede de pesquisas do pólo de ciência e tecnologia da Agrópolis, em Montpelier, e na Holanda a Embrapa trabalha com a Universidade de Wageningen em investigações sobre biologia avançada e genômica. Assim, a relação da Empresa com os parceiros do Hemisfério Norte é de troca. Temos liderança na agricultura tropical e eles na de clima temperado. Conseguimos criar um modelo de equilíbrio, explica Crestana. Esse também deve ser o modelo do Labex Ásia. Nesses países há instituições de pesquisa consolidadas, com pessoal muito qualificado. Dá para ter política de cooperação, justifica o diretor-presidente da Embrapa.
Transferência
Já no Hemisfério Sul o modelo é outro. Na relação Sul-Sul nossa posição é de liderança, uma vez que o Brasil tem hegemonia científica e tecnológica em agricultura tropical. É mais um projeto de transferência de tecnologia. Em alguns lugares, como no caso do Haiti, a relação é de cooperação humanitária, comenta Crestana. A Embrapa atua em parceria com o governo haitiano para levar tecnologias para a cooperativa de produtores AFÈ NÈG COMBIT (ANC), que abrange 80 comunidades, num total de aproximadamente 4 mil agricultores.
Em maio, a Embrapa se instalou na Venezuela com o objetivo de transferir tecnologia brasileira para o vizinho sul-americano, que importa 75% do alimento consumido pela população. Para reduzir essa dependência, o governo venezuelano quer aumentar a produção de leite, ovos e frango com a ajuda da estatal brasileira. Estamos transferindo tecnologia de produção de milho, soja e forrageiras, além da nossa experiência em genética, ressalta o diretor-presidente. O compromisso envolve parceria com o Instituto Nacional de Investigaciones Agrícolas e é o embrião de um projeto bem mais ambicioso: a Embrapa América Latina.
Na África, a Embrapa mantém um grupo de pesquisadores desde 2006 na cidade de Acra, capital de Gana. A Empresa desenvolve no continente africano projetos de uso sustentável de recursos naturais, sistemas produtivos e proteção sanitária de plantas e animais, fruticultura e horticultura tropical, zoneamento agrícola, biotecnologia e troca de material genético, entre outros. Os países africanos respondem atualmente por 60% das solicitações de assistência técnica e de desenvolvimento de recursos humanos à Embrapa.
Mas a estatal brasileira também espera colher alguns frutos dessa parceria no futuro. Em decorrência das possíveis mudanças que ocorrerão no sistema produtivo agropecuário de muitos países no continente africano, espera-se a abertura de oportunidades para estabelecimento de novos mercados aos produtos do agronegócio brasileiro, diz Elísio Contini.
Fonte: Embrapa
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