Locarno: Marido busca esposa desaparecida

Além do longa-metragem Educação Sentimental, de Júlio Bressane, na competição internacional, existe outro filme brasileiro concorrendo na mostra Leopardos de Amanhã, no Festival de Locarno.


Trata-se de Tremor, 14 minutos, de autoria do cineasta Ricardo Alves Jr. de Belo Horizonte, Minas Gerais, cujo tema básico é o desespero de um marido que não encontra a esposa.


Formado em direção de filme pela Universidade do Cinema, em Buenos Aires, Ricardo já dirigiu diversos curtas, entre eles Material Bruto, há sete anos, Convite para Jantar com o Camarada Stalin, em 2007, e Permanências, em 2010. Esses curtas foram selecionados e participaram de diversos festivais como a Semana da Crítica, de Cannes, o Festival de Roterdã e Karlovy Vary.


No momento, Ricardo está trabalhando no seu primeiro longa-metragem, que terá como título Elon Rabin não Acredita na Morte com o apoio da Fundação Hubert Bals e do Festival de Roterdã.


Tremor é o relato de alguém do povo em busca de sua esposa desaparecida. O ritmo e o tempo são importantes no cinema de Ricardo, e são usados no filme Tremor para alimentar o suspense da busca até o encontro inesperado e trágico.


Entretanto, Ricardo não quer mostrar como é o encontro do marido com a esposa desaparecida. Basta para ele iluminar o rosto, de frente, do marido, e, pouco antes, a narração burocrática do funcionário de como foi encontrada a desaparecida.


Ricardo acha importante a questão da elucidação dos casos de desaparecimentos, se não for possível se achar os corpos. Embora não tivesse pensado inicialmente na relação do tema de seu filme com a questão dos desaparecidos do Cone Sul, durante as ditaduras latinoamericanas, vê agora que seu filme tipifica a busca de tantos familiares por corpos que não se sabe onde estão.

Rui Martins

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