Na terça-feira, depois de muitas semanas de caminhada, os alpinistas portugueses Bruno Carvalho, Rui Rosado e João Garcia desafiaram o que permitia a força humana e chegaram ao fim dos 8013 metros da montanha tibetana de Xixabangma, nos Himalaias. Mas, na descida, algo correu mal. Bruno( na foto à esquerda) caiu e foi encontrado já sem vida. Tinha 31 anos.
O pai do alpinista soube ontem. Ainda a tentar digerir a notícia, Jorge Carvalho procura juntar ideias. "Versões do que aconteceu, já ouvi três. Só quero estar com as pessoas, cara a cara, conversar calmamente, saber como tudo aconteceu", diz. E recuperar o corpo do filho. "Já me disseram para contar com dois ou três meses. Não sei o que pensar... O local é de difícil acesso, a burocracia é muita. Só quero ter o meu filho de novo em Portugal."
Xixabangma foi a primeira montanha com mais de oito mil metros a ser alcançada por Bruno Carvalho. Mas as grandes altitudes não eram novidade para ele. Em 2003, subiu ao Pumori (7100 metros). Um ano depois, foi a vez de AmaDablam (6856m), também nos Himalaias. Passou ainda pelos cumes das ilhas britânicas e pelos Andes.
Bruno, Rui e João Garcia integravam uma equipa que tentava conquistar o topo das 14 montanhas com mais de oito mil metros de altitude, juntamente com Ana Santos Silva e Hélder Santos. A subida a Xixabangma, que decorria desde 16 de Setembro, estava também a ser acompanhada pelo jornalista da SIC Aurélio Faria.
Apesar de ser a mais pequena das 14 montanhas, Xixabangma é conhecida pela dificuldade que impõe aos alpinistas. E, como explicou João Garcia, "o cume é sempre um bónus... depois é preciso descer".
E é na descida que as avalanches e ventos fortes se tornam fatais. Desde 1980 - quando a China, ocupante do território, autorizou a entrada de ocidentais - apenas duas centenas de montanhistas alcançaram o topo. E, em 26 anos, 21 pessoas morreram a tentar repetir o feito, tornando-a na décima montanha mais perigosa do mundo.
Os antigos chamavam-lhe Trono dos Deuses. Bruno Carvalho foi um dos poucos homens a estar lá sentado.
Diário de Notícias
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