A queda do vôo 1907 deixou ao menos cem órfãos, de diferentes idades, alguns com reações surpreendentes de maturidade.
O vigilante Lavoisier Maia, vítima do acidente, deixou a mulher Maria, 32, e uma filha de oito anos, Luana. Segundo a irmã de Lavoisier, Elizabeth, a sobrinha já sabe da morte do pai. "A psicóloga que está acompanhando diz que é pior esconder. Quanto mais tempo demorar para contar a verdade, pior fica. Apesar de pequena, ela entende e está muito triste", diz.
"As crianças de sete, oito e nove anos já têm noção da irreversibilidade da morte. Os adultos devem falar abertamente sobre isso", diz Aroldo Escudeiro, psicólogo e tanatólogo (que estuda a morte). Segundo ele, para as crianças menores --que não entendem o fenômeno racionalmente, mas emocionalmente-- a morte é representada pela ausência de uma pessoa querida.
Para Escudeiro, é importante que as crianças participem do processo de pesar. "Muitas pessoas acham que, para protegê-las, é melhor deixá-las com um vizinho. Mas elas têm que participar do enterro, ir junto aos rituais. Assim, sentirão o apoio da família e poderão expressar o pesar", afirma.
Segundo ele, a morte súbita, como a do acidente aéreo, é ainda mais difícil de assimilar do que a morte anunciada, de alguém que está doente. "No caso desse acidente aéreo a situação é ainda mais complicada porque existe uma perda ambígua, já que muitos corpos ainda estão desaparecidos. Ver o corpo do morto dá a certeza de que é preciso entrar no processo de pesar. Isso fecha o ciclo."
De acordo com o psicólogo, coordenador da Rede Nacional de Tanatologia, os filhos que perderam os pais no acidente, principalmente as crianças, precisam de ajuda profissional para superar a perda. "Eles precisam se expressar, xingar, falar da sua dor, da sua perda, do seu medo."
Fonte:24 horas
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