Por ANTONIO CARLOS LACERDA
PRAVDA.RU
WASHINGTON/EUA - O nascimento da filipina Danica May Camacho no último dia 30 marcou simbolicamente a chegada da população mundial aos 7 bilhões de habitantes. A expansão populacional do planeta nunca foi tão rápida: crescemos 1 bilhão em apenas 12 anos, tempo recorde. Uma pergunta: Quantas pessoas já existiram no planeta Terra?
Segundo estimativas do Population Reference Bureau (PRB), com sede em Washington, EUA, instituição que realiza pesquisas e análises de dados demográficos financiada por fundações privadas, agências governamentais e doadores individuais, já nasceram desde o surgimento do Homo sapiens - há cerca de 200.000 anos - 108 bilhões de pessoas.
Carl Haub, pesquisador do PRB, explica que o cálculo utilizado para chegar a este número é um Guesstimating (uma estimativa realizada com informações incompletas), pois envolve suposições dos tamanhos de população para diferentes pontos da antiguidade até o presente com aplicação de taxas de natalidade assumidas (portanto, não reais) para cada período.
O PRB divulgou uma primeira análise sobre o assunto em 1995, atualizando os dados em 2002 e, mais recentemente, em 2011. Os dados não podem ser considerados científicos, afinal não há registros demográficos disponíveis para serem calculados em 99% da extensão da estadia no planeta Terra.
A instituição, através de uma especulação sobre as populações pré-históricas, denominada por eles de "semi-científica", busca se aproximar de uma resposta para esta questão. "Nossa estimativa é que 6,5% de todas as pessoas que já nasceram estão vivos hoje. Isso é realmente uma porcentagem muito grande quando você pensa sobre o assunto", afirmou Haub.
Os pesquisadores partem da idéia de que esta estimativa depende de basicamente dois fatores: o tempo que cada ser humano fica na Terra e o tamanho médio da população nos diversos períodos históricos. Mesmo assim, a própria complexidade que envolve a data certa do surgimento do Homo sapiens interfere para saber quantas pessoas nasceram antes.
No alvorecer da agricultura, cerca de 8 mil anos a.C., a população do mundo estava em algum lugar na ordem de 5 milhões. Naquela época, as adversidades relacionadas à sobrevivência (como fome e condições climáticas) tornavam o crescimento lento e a expectativa de vida curta. Estimativas de expectativa de vida média da Idade do Ferro na França são colocadas em apenas 10 ou 12 anos.
Sob essas condições, a taxa de natalidade teria que ser cerca de 80 por 1.000 pessoas apenas para a espécie conseguir sobreviver. Hoje, uma alta taxa de natalidade são aquelas de 45 a 50 por 1.000 habitantes, observada em apenas alguns países da África e em vários países do Oriente Médio que têm populações jovens.
Os apontamentos não são precisos. Mesmo assim, percebe-se pelos registros históricos que a população crescia lentamente. Em 1650, o crescimento reduziu e uma das razões apontadas pelos cientistas é a Peste Negra, que não se limitou à Europa do século 14 - acredita-se que metade Império Bizantino foi destruída no século 6, um total de 100 milhões de mortes, devido à epidemia. Essas grandes flutuações no tamanho da população durante longos períodos dificultaram chegar ao número correto de quantas pessoas já viveram.
A partir de 1800 a população mundial passa a marca de 1 bilhão e, desde então, continua a crescer vertiginosamente.
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.RU
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