Óculos reticulados só melhoram a visão temporariamente. Por isso, insistir no uso atrasa o tratamento adequado e pode causar maior incapacidade visual, alerta médico. Nem cirurgia, nem lente de contato. Para se livrar dos óculos de grau a proposta popular são os óculos reticulados também conhecidos como Pinhole, alternativo ou ioga para os olhos.
Invés de correção, prometem acabar com os vícios de refração, fadiga visual no computador e dor de cabeça. Tudo com apenas algumas horas de uso ao dia. Parecidos com óculos de sol, a área da lente é feita em plástico opaco com furinhos. Vendidos pela Internet e em feiras livres a baixo preço, estão se tornando o sonho de consumo de quem acredita que os vícios de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo - podem ser curados com exercícios para os olhos.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a promessa é uma fraude. Não por acaso, ele comenta que nos Estados Unidos a Câmara de Comércio já obrigou três empresas a reembolsarem todos os consumidores que compraram o produto. "Os óculos reticulados são um atentado à saúde pública. Isso porque, podem atrasar o tratamento do vício refrativo e levar à maior incapacidade visual" afirma. O problema, destaca, é que dão a impressão de melhora da visão logo após o uso, mas o efeito não é permanente.
Como funcionam
O especialista explica que enquanto as lentes de contato e os óculos de grau refletem a luz permitindo que enxerguemos sem esforço, os reticulados mudam a direção da luz através dos furinhos das lentes. Além de mudar a direção, os furinhos selecionam e alinham os raios de luz diretamente na mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes. É por isso, observa, que as imagens parecem mais nítidas. "Tanto que é comum utilizar este tipo de lente para checar como um paciente que passou por cirurgia de catarata está enxergando" comenta.
Adaptação
O problema, destaca, é que os óculos reticulados restringem o campo visual, a visão de contraste e o brilho. Por isso, são pouco úteis no dia a dia.
O médico explica que o olho míope é maior que o normal ou o cristalino e a córnea têm excesso de convergência. Neste caso a imagem se forma na frente da retina e a pessoa tem dificuldade de enxergar de longe. Já o olho hipermétrope é menor que o normal ou as lentes têm excesso de divergência. Como a imagem se forma atrás da retina dificulta a visão de perto. Em quem tem astigmatismo a córnea muda de forma. A imagem se forma em dois planos diferentes na retina dificultando tanto a visão de perto como a de longe,
"Quem tem baixo ou moderado grau de vício refrativo se adapta mais facilmente aos óculos reticulados. Mas, nos graus mais elevados a tendência é formar borrões que inviabilizam o uso" afirma. A fadiga visual no computador, observa, é resolvida com medidas simples que dispensam o uso de acessórios. As principais são:
Posicionar o monitor 10° a 20° abaixo do nível dos olhos. |
Manter os olhos a 60 cm do monitor. |
O monitor não deve ficar de frente para a janela pois a luminosidade causa ofuscamento. |
Evite excesso de luminosidade das lâmpadas e luz natural pois as pupilas se contraem e geram cansaço visual. |
Regule sempre a tela com o máximo de contraste e não de luminosidade. |
Mantenha a tela do monitor sempre limpa. |
A cada hora, descanse de 5 a 10 minutos, saindo de frente do computador. |
Lembre-se de piscar voluntariamente quando estiver usando o micro. |
Eutrópia Turazzi - LDC Comunicação
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