Hoje, mais de 25% dos doentes utilizam colírio distribuído pelo governo. Programa pode reduzir o abandono do tratamento por dificuldades financeiras, conforme indica estudo.
Maior causa de cegueira definitiva, o glaucoma atinge 65 milhões de pessoas em todo o mundo e até 2010 deve levar 8,4 milhões, ou seja, 12,93% dos portadores à perda total da visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que sejam cerca de 950 mil casos diagnosticados, mas metade dos portadores ignora ter a doença. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, o glaucoma é causado por uma deficiência no escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Isso provoca o aumento da pressão interna dos olhos que lentamente destrói as células ganglionares da retina, levando ao dano do nervo óptico e perda irreversível do campo visual.
Para barrar a progressão da doença é indicado o uso contínuo de colírios antiglaucomatosos que mantêm a pressão intra-ocular normal em 90% dos casos. Um estudo concluído pelo especialista, no final de abril de 2008 com 184 glaucomatosos, mostra que 20% desistem do tratamento por causa do alto preço dos colírios. Como se não bastasse, um levantamento do CBO mostra que 50% das pessoas diagnosticadas abandonam o tratamento no primeiro ano e 2 em cada 10 pessoas que descobrem a doença em campanhas não voltam ao médico. A boa notícia é que em maio de 2008 o Ministério da Saúde incorporou a distribuição de colírio para glaucoma à Política de Atenção em Oftalmologia do Sistema Único da Saúde (SUS).
Por conta disso, hoje são 950 pontos credenciados ao programa que já supera a distribuição de 270 mil frascos de colírio à população, contra 11 mil fracos distribuídos por 22 pontos em 2003, quando o programa foi iniciado. Para Queiroz Neto uma grande parcela da população ainda desconhece este programa. Apesar disso, ele diz que muitos pacientes já reclamam de falhas ou atraso na entrega da medicação que pode estimular a descontinuidade do tratamento. No estudo que desenvolveu 21% dos participantes tiveram agravamento da doença pelo uso descontínuo da medicação.
Grupos de risco
O médico alerta que descendentes de negros, quem tem familiares com a doença, diabetes, hipermetropia alta ou já sofreu traumas oculares formam grupos de risco e devem fazer exames de vista anualmente após os 40 anos. Nestes grupos, ressalta, o desenvolvimento da catarata (enrijecimento e opacificação do cristalino) aumenta a propensão ao glaucoma e para quem já tem a doença pode ocorrer o descontrole da pressão intra-ocular. Isso porque, a catarata diminui a câmara anterior dos olhos.
Por isso, afirma, a cirurgia de catarata diminui o risco de evolução do glaucoma. São pessoas que devem ter atenção redobrada com a visão, ressalta, porque é necessário perder 40% das células ganglionares para que a redução do campo visual seja percebida. A única forma de prevenir a doença é através do acompanhamento médico que não é feito por 70% dos brasileiros.
Opções de tratamento
Para quem não consegue controlar a pressão dos olhos com medicação, afirma, uma alternativa cirúrgica é a trabeculoplastia, aplicação de laser que elimina a necessidade de usar colírio em 50% dos casos. Outra alternativa é a trabeculectomia, cirurgia em que é feita uma incisão no olho para melhorar o escoamento do humor aquoso. Também pode ser feito o implante de válvula com a mesma finalidade.
Dicas de controle do tratamento
O glaucoma é uma doença que exige cuidado contínuo. Qualquer deslize, mesmo que pequeno pode provocar perda de mais células da retina, principalmente se a doença já estiver em estágio avançado. Por isso, Queiroz Neto diz que hoje os especialistas dão preferência aos colírios que associam princípios ativos para reduzir o número de aplicações.
As dicas para melhorar o controle do tratamento são:
Esquecimento | · Fixe o horário de uso do colírio com base na rotina diária. |
Efeitos colaterais | · Reduza, tampando com o polegar o canto interno do olho. |
Na instilação siga o passo a passo:
Lave as mãos antes de aplicar o colírio. |
Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar. |
Incline a cabeça para trás. |
Flexione a pálpebra inferior com o indicador. |
Com a outra mão segure o dosador |
Instile sem relar no bico dosador para não contaminar o colírio |
Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito |
Aguarde 15 minutos entre a instilação de um colírio e outro |
Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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