Fim de vida: estudo internacional com a participação da Universidade de Coimbra revela que portugueses receiam ser "fardo" para a família
Além da dor, numa situação de doença incurável ou em fase terminal, um dos maiores receios dos portugueses é constituírem um "fardo" para a família. É o que revela um estudo internacional - PRISMA, onde participou a Universidade de Coimbra, através do Centro de Estudos e Investigação em Saúde (CEISUC). Portugal foi ainda um dos países com menor percentagem de pessoas que indicaram preferir morrer em casa (51%).
Para o coordenador da equipa portuguesa, Pedro Ferreira, estes resultados revelam que «é necessário repensar a situação do Estado Social no nosso País e, em particular, os cuidados de final de vida. Muitas pessoas ignoram o que são os cuidados paliativos ou como beneficiar deles. Portugal ainda está na infância dos cuidados continuados integrados, embora, apesar disso, esteja a caminhar bem».
Pedro Ferreira espera que os dados obtidos no âmbito do projecto PRISMA, além de contribuírem para o debate de temas como o testamento vital, possam ter um reflexo directo na melhoria da qualidade de vida dos doentes terminais. Para ajudar à concretização deste objectivo, vai ser publicado um guia dirigido a profissionais do sector da saúde, com indicações sobre avaliação de sintomas e as melhores práticas para a melhoria da qualidade de vida destes doentes. Este documento foi produzido por um grupo de trabalho liderado pelo Centro de Estudos e Investigação em Saúde da UC.
No âmbito deste projecto foram realizados inquéritos telefónicos a 9344 pessoas, 1286 das quais em Portugal, sendo que apenas 10% tinham doenças graves. Entre as questões colocadas estavam as preferências em situações de opção entre qualidade ou prolongamento da vida, ou de responsabilidade da tomada de decisões no caso de o doente se encontrar inconsciente.
Financiado pela Comissão Europeia, com o objectivo de obter regras de boas práticas e harmonizar a investigação relacionada com os cuidados de fim de vida para doentes oncológicos na Europa, o PRISMA foi desenvolvido em oito países europeus (Portugal, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Holanda, Espanha e Itália) e replicado parcialmente em África (Uganda).
Além das questões relacionadas com as preferências dos cidadãos e a avaliação de sintomas, os investigadores envolvidos no PRISMA estudaram também aspectos como as diferenças culturais, as prioridades clínicas de investigação e a avaliação de resultados em saúde.
Coimbra, 24 de Maio de 11
Cristina Pinto
Universidade de Coimbra
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