Uso prolongado, manutenção e armazenamento incorretos são as principais causas das complicações oculares, mostra levantamento
Práticas, discretas, estéticas e cada vez mais confortáveis, as lentes de contato são usadas por 2 milhões de brasileiros com predominância de mulheres, segundo a SOBLEC (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refrativa).
Não é para menos. Elas corrigem desde miopia, astigmatismo e hipermetropia até a vista cansada ou presbiopia, eliminando os óculos de leitura, sinal inconfundível da idade que a maioria das mulheres não gosta de revelar. Uma novidade neste setor são lentes para míopes recém lançadas na Espanha que melhoram a acomodação e a visão de contraste, funções visuais comprometidas por imperfeições na superfície da córnea e pelo envelhecimento. Para portadores de astigmatismo e ceratocone o último avanço são as lentes híbridas que combinam a flexibilidade e conforto das gelatinosas com a qualidade óptica das rígidas gás-permeáveis.
A má notícia, segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, é 2 em cada 10 usuários de lentes têm complicações oculares causadas pelo uso, manutenção ou armazenamento incorretos. O acompanhamento de 210 usuários de lentes atendidos nos últimos dois anos pelo especialista, mostra que o uso abusivo responde por 45% das complicações, alergias por 35%, contaminação por manutenção e armazenamento inadequados por 20%.
Os primeiros sinais de que algo está errado são olhos vermelhos, dor, sensibilidade à luz, visão embaçada e sensação de corpo estranho. Em geral, o desconforto surge de uma hora para outra. Mesmo sendo tolerável, ressalta, o uso deve ser interrompido imediatamente e a busca de orientação médica é recomendada.
Falta de oxigenação aumenta risco de contaminação
A maioria das pessoas, afirma, usa lentes gelatinosas hidrofílicas que são mais confortáveis, mas se hidratam da lágrima e podem causar olho seco. Apesar de conterem bastante água, observa, estas lentes não melhoram a oxigenação da córnea que se alimenta do oxigênio vindo do ar. Por contraditório que possa parecer, embora as lentes rígidas gás-permeáveis sejam desconfortáveis, permitem melhor oxigenação da córnea. Quem dorme com lentes de contato ou usa além do tempo prescrito tem até dez vezes mais chance de contrair contaminação da córnea por bactérias como a acanthamoeba, alerta.
O período máximo de uso permanente é de seis a sete dias, mas as lentes não devem ser usadas durante o sono porque a produção de lágrima é menor à noite o que aumenta o risco de ferimento da córnea. Além disso, afirma, a falta de oxigenação pelo uso prolongado é a maior causa da formação de úlcera corneana que pode levar à perda da visão.
Depósitos causam alergia
Queiroz Neto explica que qualquer substância que fique depositada nas lentes de contato pode provocar reação alérgica. É o caso das proteínas produzidas pelos olhos nos casos de má higienização, da umidificação da superfície ocular com água boricada e da limpeza feita com soro fisiológico. A alergia também pode ser desencadeada pela toxidade de maquiagem e cremes. Para evitar, recomenda que a lente seja retirada antes da remoção da maquiagem e no contato acidental dos cosméticos com a periferia dos olhos.
Um erro comum, comenta, é guardar o estojo das lentes no banheiro. Isso porque, além da umidade no ar que facilita a proliferação de fungos, o ar de banheiros contém muitos microorganismos que contribuem com a contaminação.
As principais recomendações para quem opta por lentes são: |
Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes. |
Utilizar soluções multiuso tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo. |
Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos |
Não usar soro fisiológico ou água na higienização |
Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo |
Colocar as lentes sempre antes da maquiagem |
Guardar o estojo em ambiente seco e limpo |
Trocar o estojo a cada quatro meses |
Respeitar o prazo de validade das lentes |
Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno. |
Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista |
Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas |
Não entrar no mar ou piscina usando lentes. |
Fonte: Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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