O Governo da África do Sul, após vários anos de consultas, anunciou nesta terça-feira, 26, que a partir de 1º de maio retomará o sacrifício seletivo de elefantes para controlar o excesso desses animais, tão mal vistos neste país, escreve Estadão.
O ministro do Meio Ambiente, Marthinus Van Schalkwyk, anunciou que as autoridades tinham decidido terminar com a moratória que existia no sacrifício de elefantes desde 1995, uma decisão que estava sendo debatida há vários anos.
"Vamos permitir o sacrifício em algumas partes do país, mas não há intenção que se transforme em um massacre de grande escala", afirmou o alto funcionário. O sacrifício seletivo, acrescentou, será a última opção para controlar o número de elefantes neste país.
Os parques nacionais da África do Sul sofrem de uma superpopulação de elefantes que pôs em risco os ecossistemas pela voracidade dos mamíferos terrestres mais pesados, que não costumam pensar duas vezes para escolher seu bocado.
Embora os elefantes figurem em quase todas as estampas da África Subsaaariana, na África do Sul os animais não são bem-vistos porque arrasam com a vegetação da área na qual vivem e são capazes de derrubar uma árvore para conseguir um galho apetitoso.
Na África do Sul há muito mais elefantes do que seu ecossistema pode permitir. Calcula-se que há cerca de 20.000 elefantes, dos quais 14.000 estão no Parque Nacional Kruger, no noroeste do país e que faz fronteira com o Zimbábue e Moçambique.
Esse parque tem uma extensão de 1,96 milhões de hectares (uma extensão parecida ao território de El Salvador), mas, segundo os especialistas, a área só tem capacidade para 7.500 animais, a metade dos que existem lá agora.
As autoridades do parque haviam projetado que, caso não se encontrasse uma solução para a superpopulação destes animais e se mantivesse a atual taxa de crescimento, em 2020 haveria 34.000 deles só no Kruger.
Como estão amontoados, eles estão terminando com as reservas de vegetação do parque Kruger e põem em perigo outras espécies que compartilham o território com o maior mamífero terrestre, com um peso médio de seis toneladas.
Desde 1967 e até o último ano de sacrifício seletivo de elefantes na África do Sul, em 1994, se mataram 14.562 animais e outros 2.175 foram transferidos a outros lugares, segundo dados oficiais.
Enquanto isso, as autoridades tentavam acabar com o problema com outras medidas, como a esterilização destes animais ou sua mudança para outros lugares, mas essa política não é mais o suficiente, e o Governo de Pretória anunciou que serão necessários passos maiores.
O ministro anunciou que no próximo dia 29 de fevereiro serão publicadas em detalhe as medidas que permitirão o sacrifício seletivo de elefantes que, em todo caso, só será aplicado "sob estritas condições".
O sacrifício de elefantes não poderá ocorrer com o único objetivo de obter benefícios econômicos. Serão usados rifles que possam utilizar balas com um calibre mínimo de 0,375 polegadas e nos parques nacionais só o ministro poderá autorizar.
"O sacrifício seletivo não visará lucro, por isso não se permitirá a caça desses animais com esse propósito", advertiu o ministro do Meio Ambiente.
Além disso, para compensar, as autoridades fixaram também uma série de normas para controlar a caça de elefantes em recintos privados, assim como sua criação para ser domesticados ou ser empregados por safáris ou circos.
São muitos os parques privados na África do Sul abertos a caçadores profissionais ou amadores, em uma atividade que tem pouca regulação legal, apesar dos contínuos protestos das organizações defensoras dos animais.
"As práticas cruéis e não éticas serão exterminadas", afirmou o ministro Van Schalkwyk.
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