O brasileiro consome duas a três vezes mais sal do que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A retenção extracelular de sódio no cristalino aumenta em 53% o risco de contrair catarata. Enriquecido com iodo no Brasil, o sal em excesso aumentou as disfunções de tireóide que atinge mais a mulher e em 90% dos casos acarretam problemas oculares.
O consumo de sal no Brasil tornou-se um problema de saúde pública. Isso porque, cada brasileiro consome ao dia de 12 a 19 gramas contra a recomendação de 6 gramas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O alto consumo do sal de cozinha pode causar graves doenças nos olhos, além de doenças sistêmicas como a hipertensão.
Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, em excesso o sódio contido no sal aumenta em 53% o risco de contrair catarata, opacificação do cristalino que leva à cegueira. Isso porque, o sal regula os fluídos e substâncias extracelulares. O consumo abusivo, explica, dificulta a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino que para conservar a transparência também requer baixo nível de sódio. Por isso, observa, a partir dos 50 anos o ideal é reduzir o consumo diário para 5 gramas já que o metabolismo se torna mais lento e a retenção de líquido é maior. As principais recomendações do médico para diminuir o sal na alimentação são: eliminar o saleiro da mesa, acrescentar outros condimentos para realçar o sabor, evitar embutidos, conservas e alimentos industrializados com glutamato de sódio.
No Brasil a catarata surge cada vez mais cedo
Queiroz Neto diz que o brasileiro não leva a sério a influência dos hábitos sobre a saúde dos olhos porque muitos têm efeito cumulativo e não são percebidos de imediato.
A catarata, destaca, é decorrente do envelhecimento ocular, mas no Brasil cresce 20% ao ano contra 14,5% da população com mais de 60 anos. Isso prova que o brasileiro está desenvolvendo catarata cada vez mais cedo por falta de prevenção, afirma. Um estudo desenvolvido pelo médico com mil pessoas mostra que menos de 1% protege os olhos do sol e só 40% dos óculos escuros usados têm lentes que bloqueiam a radiação ultravioleta. Além de controlar o sal na alimentação ele diz que para prevenir a catarata é importante usar lentes com proteção ultravioleta em toda atividade ao ar livre, mesmo em dias nublados. Lentes escuras sem proteção são piores do que não usar nada, afirma, porque permitem a maior penetração da radiação nos olhos.
Iodação do sal pode atacar sistema auto-imune
A concentração de iodo nas embalagens de sal deve corresponder de 20 a 60 miligramas por quilo e não pode ultrapassar este limite, adverte Queiroz Neto. Isso porque, o consumo excessivo de iodo pode deflagrar um ataque do sistema imunológico à tireóide e está relacionado a 20% dos distúrbios da glândula, responsável pela produção de hormônios reguladores do metabolismo. No Brasil 15% da população tem alguma tireoidite (inflamação da tireóide) com incidência de hipotireodismo em 12% das mulheres.
Queiroz Neto afirma que a tireoidite responde por 90% dos casos de orbitopatia de graves, doença auto-imune do globo ocular caracterizada por olhos vermelhos, retração palpebral, inchaço da conjuntiva e dor. Ele diz que a orbitopatia pode ser lipogênica ou miogênica. A lipogênica se distingue pelo deslocamento do globo ocular para frente a ponto de algumas pessoas não poderem usar óculos porque as lentes tocam as córneas. O tratamento é feito com corticóide e descompressão do globo ocular.
Não são só as pessoas com olhos saltados que tem problemas na visão decorrentes de tireoidite. O médico diz que na orbitopatia miogênica o deslocamento do globo ocular é mais discreto, mas pode ocorrer estrabismo restritivo, visão dupla, elevação da pressão intra-ocular e neuropatia óptica. O tratamento, observa, depende das alterações e pode incluir desde colírios para controlar a pressão intra-ocular, até cirurgia de correção do estrabismo e aplicação de radioterapia nos casos de neuropatia óptica. Em geral as doenças auto-imunes exigem atenção permanente do paciente para evitar maiores complicações, ressalta.
O problema é que a maioria dos portadores de tireoidite desconhece que tem a doença. Para fazer um auto-exame, a dica de Queiroz Neto é parar em frente a um espelho com um copo de água, levar a cabeça para trás e tomar um gole da água, colocando a mão sobre a tireóide que fica no pescoço logo abaixo do pomo de adão. Se sentir algum nódulo deve procurar um especialista.
Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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