Um grupo de cientistas dinamarqueses publica hoje um estudo a revelar que o consumo de vitaminas A, E ou betacaroteno pode encurtar o tempo de vida. A investigação, conduzida a partir de bancos de dados electrónicos e de dossiers médicos individuais, aparece no Jornal da Associação Médica Norte-Americana datado de 28 de Fevereiro.
A ingestão de complementos de vitaminas A, E ou de betacaroteno está ligada a um aumento de cinco por cento dos riscos de mortalidade, demonstram os resultados de 47 ensaios clínicos que abrangeram 180.938 participantes, conclui Goran Bjelakovic do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário de Copenhaga, na Dinamarca.
O consumo de vitaminas E, de betacaroteno e de vitaminas A está associado a um aumento do risco de mortalidade, respectivamente de quatro, sete e 16 por cento.
Não existe qualquer acréscimo de risco com a vitamina C ou com o selénio, indicam os investigadores.
«A nossa análise sistemática mostra que o betacaroteno e as vitaminas A e E, tomadas separadamente ou combinadas com outros anti-oxidantes, aumentam de forma significativa os riscos de mortalidade» , sublinha Bjelakovic, principal autor da investigação.
«Também não há, nestes ensaios, qualquer indicação clínica que mostre que a vitamina C pode acrescer a longevidade ou ter efeitos nefastos para a saúde» , acrescentam os investigadores, que sublinham que «por seu lado, o selénio parece reduzir a mortalidade» .
Os investigadores não deixam de referir que «este ponto concreto da investigação requer ainda muita pesquisa» .
«As nossas conclusões vêm contradizer resultados de estudos que afirmavam que os complementos de anti-oxidantes melhoravam a saúde» , afirmam os médicos.
Na medida em que dez a vinte por cento da população adulta da América do Norte e da Europa (cerca de 80 a 160 milhões de pessoas) podem absorver regularmente estes complementos vitamínicos, os médicos afirmam que as consequências para a saúde pública podem ser muito grandes.
Os autores do estudo deploram o bombardeamento publicitário da indústria que vangloria as virtudes destas vitaminas, potencialmente perigosas.
Segundo os médicos, os efeitos nefastos destas vitaminas na saúde podem explicar-se de diversas formas.
«Ao eliminarmos os radicais livres do nosso organismo com os anti-oxidantes, podemos estar a agir negativamente nos nossos mecanismos de defesa naturais» .
Os complementos vitamínicos e outros anti-oxidantes são sintéticos e não são submetidos aos mesmos estudos rigorosos de toxicidade que os medicamentos, revelam os investigadores, que consideram ser necessária uma melhor compreensão dos mecanismos e acções dos anti-oxidantes em relação a potenciais doenças.
Geralmente, os fabricantes de vitaminas e outros complementos dietéticos não obrigados a registar os seus produtos na FDA, a agência federal de regulamentação dos medicamentos e dos produtos alimentares, nem são obrigados a obter a sua autorização para os produzir ou vender.
No entanto, a FDA pode retirar os produtos do mercado, caso estes apresentem riscos para a saúde pública.
Fonte Sol/Lusa
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