Uma equipe de astrônomos americanos analisou pela primeira vez a atmosfera de um planeta fora do nosso sistema solar, medindo suas emissões de infravermelho. Os cientistas usaram dados coletados pelo Telescópio Espacial Spitzer, que está em órbita. Eles encontraram vestígios de poeira de silicato, provavelmente em nuvens de alta altitude, acima da superfície do HD 208458 b, um planeta superquente que orbita perto de uma estrela similar ao Sol, a cerca de 150 anos-luz da Terra.
"Ao observarmos a atmosfera de planetas extra-solares, podemos caracterizar suas propriedades físicas", explicou em entrevista o principal autor do estudo, Jeremy Richardson. "Podemos, então, inferir sobre sua história evolutiva, que em contrapartida fornece insights sobre como estes sistemas solares distantes se formaram", afirmou.
Há apenas cerca de 200 planetas extra-solares conhecidos, e apenas 14 deles - inclusive o HD 208458 b, também conhecido como Osíris são chamados "planetas em trânsito" que passam entre seu próprio sol e a Terra em sua órbita. Ao medir as mudanças na emissão de infravermelho, ou ondas de calor à medida que o planeta passa diante ou atrás do seu sol, os astrônomos conseguem identificar elementos específicos em sua superfície e em sua atmosfera.
As mesmas medições não teriam sido possíveis a partir de um observatório baseado na Terra, explicou Richardson, por causa do efeito de distorção da nossa atmosfera.
A descoberta de que Osíris é encoberto por nuvens é consistente com observações anteriores não verificadas. Mas os astrônomos ficaram intrigados e perplexos com outra descoberta descrita no artigo e publicada na revista Nature.
O que chama atenção dos especialistas é que não foi detectada qualquer evidência de água na forma de vapor. "Os teóricos dizem que deveria haver água, mas não a vemos. Isto é um mistério", explicou Richardson. Segundo ele, uma das forças motrizes por trás do estudo dos exoplanetas e do campo crescente da astrobiologia é a busca por vida.
Osíris, que está dez vezes mais perto do seu sol do que Mercúrio está do nosso, é quente demais com temperaturas de superfície estimadas em mais de 700 graus Celsius para abrigar qualquer forma de vida como conhecemos. Mas telescópios futuros poderão ter a habilidade de fazer este tipo de experiência no que se denominam de "super-Terras", ou seja, planetas em nosso sistema solar que são muito maiores que o nosso, mas possivelmente mais próximos em composição e atmosfera.
Outro atributo intrigante de Osíris é o fato de seu dia e seu ano terem a mesma duração. Isto significa que o planeta requer a mesma quantidade de tempo para rodar em torno de seu eixo e para orbitar em torno do Sol: cerca de 3,5 dias terrestres.
Como resultado, uma de suas faces está sempre voltada para o sol. "Não há consenso em como isto afeta a atmosfera. Logicamente, deve haver algum mecanismo para transportar energia do lado diurno para o lado noturno, provavelmente ventos fortíssimos, ou o planeta ficaria em desequilíbrio", afirmou Richardson. Mesmo assim, acrescentou, poderia haver uma diferença de temperatura de algumas centenas de graus Celsius .
Fonte: AP
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