A Resolução 1973 da ONU e o cessar-fogo proferido pela Líbia é uma vitória para a diplomacia da Federação Russa - conseguiu a implementação de aquilo que propôs há dias, e conseguiu que a beligerância de certos parceiros internacionais não se realizasse.
A decisão de não vetar a resolução 1973 da ONU para impor uma zona de exclusão aérea é uma vitória pela diplomacia da Federação Russa, que conseguiu evitar uma invasão militar com forças terrestres - a pretensão original dos países que propuseram a medida. O resultado foi que a Líbia ofereceu um cessar-fogo - que foi o que a Rússia tinha já proposto há dias, proposta que não conseguiu levar a uma Resolução por causa da vontade dos parceiros internacionais intervirem.
Assim, a Rússia evita a intervenção militar dos parceiros mais zelosos a utilizarem a força, exprime a sua preocupação de proteger vidas civis - e com a declaração da Líbia de um cessar-fogo imediato, não pode haver uma intervenção aérea.
A proposta pela Resolução 1973 foi proferida pelo Líbano, Reúno Unido, França e os EUA, impondo uma zona de exclusão aérea, não permitindo à aviação líbia levantar voo, aterrar ou voar no seu espaço aéreo se o voo não foi expressamente autorizado pela Comissão de Sanções da ONU.
A Resoluçao passaria com nove votos a favor sem veto; obteve dez votos a favor e cinco abstenções (Alemanha, Brasil, RP China, Índia, Federação Russa). O enviado da Federação Russa à ONU, Vitaly Churkin, disse que se absteve, embora a posição de seu país em oposição à violência contra civis na Líbia era clara. Os trabalhos sobre a resolução não estavam em sintonia com a prática do Conselho de Segurança, com muitas perguntas a ficaram sem resposta, incluindo a forma como seria aplicada e por quem, e quais são os limites do engajamento. Seu país não impediu a aprovação da resolução, mas ele estava convencido de que um cessar-fogo imediato seria a melhor maneira de impedir a perda de vidas. Seu país, de fato, tinha pressionado mais cedo para uma resolução pedindo o cessar-fogo, que poderia ter salvo muitas vidas adicionais. Advertindo contra consequências imprevisíveis, ele ressaltou que havia a necessidade de evitar a desestabilização da região.
A Rússia assim não vetou a proposta de Resolução porque quis atuar de acordo com os princípios básicos da ONU, nomeadamente a proteção de civis. "Nós consistente e firmemente apoiamos a proteção incondicional de civis. De acordo com esse princípio essencial e os valores humanitários que partilha com os co-autores do projeto e outros membros do Conselho de Segurança, a Rússia não impediu a sua adoção," disse Vitaly Churkin.
No entanto, as "perguntas específicas e absolutamente lógicas relativamente à manutenção da zona de exclusão área não obtiveram resposta". Disse ainda que outra resolução, proposta pela Federação Russa no dia 16 de Março, relativamente à necessidade de apelar por um cessar-fogo na Líbia (que hoje aconteceu) não teve, lamentavelmente, o apoio de outros parceiros mais interessados em "medidas de força".
O documento final nada tem a ver com o original que foi proposto, que continha referências a uma intervenção militar de larga escala, que a Federação Russa e seus parceiros (Alemanha, Brasil, RP China, Índia) evitaram.
Timothy Bancroft-Hinchey
Diretor e Chefe de Redação
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Foto 2: Apoiantes de Muammar Al-Qathafi
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