A história do Dia de Natal e as comemorações em todo o mundo é um caso de antes, durante e depois .... de quê? Boa pergunta. Para começar, Cristo não nasceu no ano zero, nem o Natal começou com Cristo. E o Papá Noel/Pai Natal? Sim, ele existia e sabiam que ele é russo?
Antes
Pensem um pouco sobre isso. No hemisfério norte, faz sentido ter uma época festiva nesta altura. Afinal, o ano agrícola morreu em 01 de novembro, depois de a sua morte ser anunciada pelos maus espíritos no Hallowe'en, (E'en = evening, véspera; Halo = aureola = Santo) em 31 de outubro. Este foi o primeiro dos muitos festivais de Luz realizados em aldeias agrícolas em toda a temporada de inverno, tendo como objetivo a aproximação das pessoas, compartilhar recursos e regular assim a comunidade.
É também o momento em que o clima é mais frio, por isso faz sentido o abate e pendurar o porco nesta altura, o tempo está suficientemente frio para lavar os intestinos no rio, cortar e temperar a carne para a lingüiça sem a interferência de moscas e faz sentido usar a chaminé de fumar os enchidos e presuntos salgados. Também faz sentido para o abate dos animais no momento em que havia menos para eles comerem. Era uma época em que o sal desempenhava um papel importante na sobrevivência da família (daí a palavra salário, parte do ordenado pago em sal) para colocar o resto do porco desmembrado em camadas em um baú cheio de sal.
Além da questão do tempo, é também o momento em que o vinho e a cerveja estão prontos para consumo após a fermentação, por isso tudo vem junto: A necessidade de preservar a comunidade durante o tempo inclemente, a necessidade de preservar o alimento para o próximo ano, e uma falta de trabalho nos campos.
Por isso, não constitui nenhuma surpresa ao saber que há milhares de anos, as pessoas estavam comemorando o solstício de inverno (o dia mais curto, em 21 de dezembro). Yule (do hweol, palavra celta, significando roda, indicando uma mudança de estação), foi um festival de 12 dias comemorado desde 21 de dezembro, quando grandes toras foram acesas no centro da aldeia e as pessoas iriam festejar até o fogo se apagar (normalmente após 12 dias). Eles teriam batido as toras com paus e as faíscas que voavam representaram o gado que iria nascer no próximo ano.
Quando veio a difusão da civilização romana em toda a Europa, formando a primeira União Europeia (sim, ela se desintegrou), o festival romano Saturnália, em honra do Deus Saturno, o Deus da Agricultura, foi comemorado, deste a semana antes de 21 de dezembro e durou um mês, mais uma vez uma altura de comer e beber, pelas mesmas razões.
O Ano Novo não foi celebrado nesta temporada, no entanto. Foi um período de trevas quando as atividades agrícolas foram reduzidas, e durante o qual as sociedades agrícolas tinham que se auto-regular, juntando-se a intervalos regulares para verificar como estava a situação. O Ano Novo foi um festival da fertilidade celebrado durante a época de plantio, a ressurreição de uma nova vida (Páscoa); Carnaval sendo um festival de transição entre os Festivais da Luz no inverno e a próxima época de semeadura e de plantio.
Curiosamente, o sinal do "corno", ou "olho mau", também utilizado por fãs de Heavy Metal, o "sinal do Diabo", onde o indicador e o dedo pequeno são elevados a partir de um punho fechado, para indicar que a pessoa a quem está sendo mostrado é um "corno", cuja mulher dorme com outro, surge a partir desses festivais de fertilidade antiga. Não foi um insulto de modo nenhum. Os dedos representaram os primeiros e últimos quartos da Lua (os quartos crescente e minguante), quando se acreditava que as fêmeas eram mais férteis, fases que ditaram práticas agrícolas, como plantio e semeadura no quarto crescente, e a corte/poda no quarto minguante.
Durante
Agora chegamos ao nascimento de Jesus (nome real Yehosua em hebraico ou Yesua em hebraico-aramaico, o que significa "Senhor entrega, ou resgata") Cristo (do grego Kristos, o "ungido por Deus"). Não foi no ano zero. Se o rei Herodes da Judéia ordenou o abate de machos com dois anos e menos, alertado pelos Sábios (Magos) que o Messias (líder do povo judeu) tinha nascido, e se o rei Herodes morreu pouco depois do eclipse lunar de 13 de março de 4BC, então o mais cedo que Jesus poderia ter nascido foi no ano de 4 aC.
Quanto aos sábios e da Estrela de Belém, é bem possível que houvesse mais de três "magos" e que eles não eram reis, mas sim astrônomos zoroastrianos da Pérsia, que passaram a vida estudando e interpretando as estrelas e que teriam tomado qualquer sinal dos Céus muito a sério. Há um número de concorrentes para o Estrela, ou seja, o Cometa Halley (12 aC), outro cometa sem nome no ano 5aC, as conjunções entre Júpiter e Régulo entre 3aC e 2 aC, Júpiter e Vênus em 17 de junho, 2aC. No entanto, Herodes já estava morto.
Foi o que disseram os magos a Herodes, que tinham visto um sinal, que se interpretou como o advento de um Messias. O que aconteceu naquela época tinha de sobreviver séculos de doutrinação da Igreja Católica e, desde o início, a Igreja Cristã tinha medo que a astronomia e astrologia constituissem uma ameaça, por isso teria feito sentido transformar os "magos" (astrônomos) em "Reis" e provavelmente reduzir um grupo de vinte ou trinta pessoas, dando-lhes nomes e citando os presentes que trouxeram a Jesus para justificar a história.
Se o próprio Jesus estava dando aulas nos templos quando ele era um menino pequeno, parece que ele não era um pobre filho de um simples carpinteiro, especialmente porque os Evangelhos de Mateus e Lucas traçam sua linhagem até o rei David. O ofício de José, "tekton", em grego, significa simplesmente "artesão", seja de pedra, madeira ou metal, e "carpinteiro", pode ter significado um simples artesão ou proprietário de um império de negócios de importação ou exportação de materiais de construção de toda a região - certamente a madeira teria sido a mais valiosa das matérias no momento. Se ele era ou não o pai de Jesus, não é claro: uma versão afirma que Maria ficou grávida enquanto eles estavam noivos e se casou com ela, apesar de saber que a criança não era dele. Sendo um simples carpinteiro não explica como Maria mais tarde na vida tinha uma casa na região que é hoje Turquia.
Depois
O cristianismo primitivo se implantou em áreas Pagãos através de uma fusão de simbologia. Por exemplo, a tradição pagã de culto ao pinheiro foi transformado em árvore de Natal representando a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, as festas pagãs de Inverno foram adaptadas pela Igreja primitiva a representarem a Festa da Natividade (daí o Presépio). O Papa São Júlio I (Papa desde 06 de fevereiro, 337 a 12 de Abril, 352) escolheu 25 de dezembro como o Dia da Natividade (nascimento de Cristo), embora alguns textos referem-se a seu nascimento por volta da Páscoa (Abril), que também teria sido bem adaptado à Ressurreição/Vida Nova, simbolizando o nascimento do ano (agrícola) novo.
25 de dezembro teria sido suficientemente perto do Solstício de Inverno para ter o mesmo resultado, ou seja, educar os pagãos ao cristianismo, trocar a causa, mas não o efeito. A data também coincide com o culto de São Nicolau (São Nicolau = Santa Claus= Pai Natal/Papá Noel), muito popular no Oriente mesmo antes da sua morte, em 06 de dezembro, 343 dC (19 de dezembro no calendário juliano).
São Nicolau nasceu em uma família rica na cidade de Patara e desde tenra idade, os valores cristãos ensinaram-no a viver uma vida de austeridade, usar sua riqueza para cuidar dos pobres. Tantas foram as suas acções ajudando as pessoas através da distribuição de riqueza que se tornou famoso através do Oriente enquanto ainda jovem, e foi nomeado bispo de Mira. Daí, a transição de São Nicolau a Papai Noel.
Mas quem era esse senhor barbudo? Bem, São Nicolau se fundiu com a figura de barba branca tradicional russa que distribui presentes nesta época do ano, Ded Moroz (Avô Geada), acompanhado pela sua neta Snegoroushka, a Menina de Neve. Pois, e a campanha da Coca-Cola de 1931, vestindo-o com as cores da empresa, vermelho e branco. Ficou então vestido sempre com estas cores, enquanto antes ficou representado de várias maneiras.
Na verdade, podemos concluir que a festa e a figura são valores internacionais e globais de boa vontade e fazer o bem, ajudando o necessitado (caridade) e ter bons pensamentos no momento em que as pessoas são vulneráveis. O melhor do espírito humano.
A equipa editorial da Pravda.Ru aproveita esta oportunidade para desejar a todos nossos leitores e suas famílias as maiores felicidades para esta época de Natal e do Ano Novo, esperando que o ano de 2011 traga para vossas excelências o melhor do que desejam para o cumprimento dos seus sonhos, ou pelo menos que constitua as bases para que estas se tornar realidade.
A título pessoal, queria dirigir-me a todos os nossos colaboradores que ao longo deste ano tornaram minha posição tão fácil e simples de desempenhar. Vocês são meus amig@s, companheir@s e irmã(o)s. Um grande abraço e muito obrigado a todos vós. Sem vocês, esta versão da Pravda.Ru não seria nada.
Timothy Bancroft-Hinchey
Pravda.Ru
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