Quirguistão: Roza manda! Voltar à normalidade em um novo ciclo geo-político na Ásia Central

No meio de histórias de rebeldia e repressão, no sul, rumores de agitação e boatos sobre golpe e contra-golpe, a informação que sai deste problemático país da Ásia Central, ex-república soviética, aponta para um crescente grau de controle por parte do governo provisório da Roza Otunbaeva, tanto em termos legislativos como militares, enquanto uma centena de processos criminais são levantadoscontra o ex-presidente Kurmanbek Bakiev.


Após uma semana de maior confusão e relatos conflituantes sobre um levantamento armado na cidade de Jalal-Abad (Sul) e alegações de que o líder do Partido Comunista, Ishak Masaliev, estava organizando protestos, a realidade da situação neste domingo 16 de maio é que o primeiro consistia em não mais que algumas centenas de manifestantes (não milhares) e o segundo resultou na ausência de provas e de uma declaração de Masaliev negando tudo.


Situação Militar: Calma em Jalad-Abad e Osk
No sábado, cerca de 500 manifestantes pró-Bakiev reuniram na cidade do sul de Jalal-Abad, mas logo foram dispersados após negociações entre Azimbek Beknazarov, líder do governo interino e o deputado e líder do Usbequistão, Kadyrzhan Batyrov, fundador da Universidade de Amizade do Povo, nesta cidade, onde os manifestantes estavam concentrados.


No domingo de manhã, o relatório das autoridades locais aponta que a situação está calma e as pessoas estão cuidando de suas vidas normalmente. Bektur Asanov foi nomeado governador de Jalal-Abad pelo governo interino. Asylbek Tekebaev foi citado pela agência de notícias do Quirguistão kg.24 dizendo que "As autoridades têm feito todo o possível para evitar a escalada da tensão".


Enquanto isso, forças especiais e tropas do Ministério do Interior entraram na cidade de Osh, onde o governador nomeado pelo governo interino, Sooronbai Jeenbekov, foi devolvido à sua posição depois de o impostor Mamasadyk Bakirov se declarar governador. Bakirov foi banido e está sendo procurado pelas autoridades.


Parlamento Europeu apoia Otunbaeva
O resultado da detenção do líder do Partido Comunista Ishak Masaliev na sexta-feira sobre as alegações de planejamento de motins é que seu advogado, Kayrat Zagibaev, declarou que seu cliente não instigou tumultos, mas sim, declarou que o Parlamento está pronto para declarar seu apoio ao governo interino liderado por Roza Otunbaeva e dissolver-se-á voluntariamente, abrindo caminho para novas eleições legislativas.


100 casos criminais contra Bakiev e seu clã
A situação militar e legislativa pesa fortemente agora em favor de Roza Otunbaeva, a última peça do puzzle é a expulsão definitiva e prestação de contas do antigo regime liderado por Kurmanbek Bakiev. Uma centena de processos penais foram abertos contra Bakiev, sua família e círculo íntimo.


Azimbek Beknazarov, vice líder do governo interino, afirmou que os casos foram baseados em acusações de corrupção, branqueamento de capitais, legislação falsa, aquisições forçadas de propriedades, a privatização ilegal de propriedade do Estado, e peculato em larga escala de recursos do Estado.
Entre as instituições envolvidas no desvio de fundos públicos foram Manas Bank, AsiaUniversalBank, o KR Desenvolvimento Regional, Kyrgyztelekom, Severelectro e Chakan HP.


Segundo as acusações, Bakiev colocou 35 milhões de dólares de um fundo de desenvolvimento assinado com a Federação Russa em suas próprias contas bancárias e os dos seus amigos e confidentes.


Novo ciclo de Geo-política na Ásia Central
Como foi o caso da "Revolução Laranja" na fronteira ocidental da Rússia (Ucrânia) e depois da humilhação total do líder da Revolução das Rosas no seu flanco sul (Geórgia), agora na Ásia Central, a Revolução das Tulipas não só murchou, mas foi arrancada e destruída.


Como vimos, as Revoluções de Cor falharam porque colocaram no poder pessoas incompetentes cuja única reivindicação à fama era fazer soundbites na direcção de Washington e, como acontece tantas vezes, o Departamento de Estado se enganou de forma catastrófica. A mensagem de Moscou é "No meu quintal, não!"


Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey