De tempo a tempo, um jornal ocidental dá espaço ao Gary Kasparov, um azeri que tem residência em Nova Iorque e um aparente interesse em mexericar nos assuntos internos da Rússia. Enquanto se percebe muito bem que preferiria residir nos EUA e não no Azerbaijão, suas pretensões no que diz respeito à Rússia são curiosas, senão assustadores. Quem, afinal, puxa os cordéis dele?
Dar espaço a Gary Kasparov é a mesma coisa como mostrar a um bêbado à beira da demência uma garrafa de cachaça das melhores, parti-la à sua frente e dizer que sua esposa fugiu com o leiteiro e não vai voltar, pois o resultado é igual: berros, disparates e uivos da espécie mais feia, sem nexo, sem qualquer grão ou grau de substância.
O que segue, portanto, é o resultado de uma mente deturpada, dum indivíduo que desespera para entrar no foco da atenção, onde residem os dólares. Reconhecimento iguala dinheiro. As palavras de Kasparov parecem um espelho das tão sagazes palavras de Saakashvili, outro russo falhado num Estado falhado que sofre da ilusão que é alguém.
Ora, a pergunta por quê é que The Guardian imprime a opinião de uma pessoa cujas pretensões políticas na Rússia não ultrapassam os 3 por cento das intenções de voto para sua Frente Unida dos Cidadãos. O artigo publicado neste jornal britânico no dia 23 de Fevereiro com o título Não se aconchegue no colo da Rússia, Europa é talvez a peça mais pueril e cansada que o Kasparov conseguiu escrever até hoje.
Mais uma vez, Kasparov refere ao abafamento da oposição e da média livre na Rússia, previsivelmente acusa a Rússia de tratar os seus vizinhos com prepotência e termina com uma massa cinzenta de agents provocateurs e políticos falhados que subscrevem os seus disparates.
Quanto ao abafamento da oposição, Kasparov esquece de referir que existem numerosos partidos da oposição na Federação Russa, entre os quais o Partido Comunista de Ziuganov e o Partido Liberal Democrático da Rússia, de Zhirinovsky, ambos os quais recebem muito mais votos que Kasparov poderia alguma vez sonhar em ter, nem que continuasse por mil anos. Kasparov sabe isso, The Guardian evidentemente não sabe.
Quanto ao abafamento das manifestações políticas, Kasparov não se lembra que ele próprio propositadamente provoca as autoridades por organizar manifestações ilegais sem notificar a municipalidade, o que constitui a norma em qualquer estado civilizado. Kasparov sabe isso, The Guardian evidentemente não sabe.
Quanto à proibição de manifestações, Karparov não se lembra que o Primeiro Ministro Putin afirmou numerosas vezes que as manifestações anti-governamentais são uma ótima maneira para o Governo entrar em contacto com a vontade do povo e ouvi-lo porque as manifestações ocorrem e são permitidas. Kasparov sabe isso, The Guardian evidentemente não sabe.
Quanto à média, eu trabalho para quarto publicações russas, a versão inglesa da PRAVDA.Ru, MoscowTopNews, RussianSentry e sou Diretor e Chefe de Redação da versão portuguesa da PRAVDA.Ru. Nunca, nem uma única vez, recebi quaisquer directivos sobre o que posso ou não posso escrever ou publicar, nunca fui alvo de qualquer restrição, nunca recebi quaisquer instruções limitando o meu trabalho ou fluxo de informação. Portanto, peço desculpa a aqueles que ganham a vida lançando farpas para a Rússia mas na Federação Russa, a informação, a imprensa e a média é livre, e eu sou prova disso.
Claro que Kasparov sabe isso, The Guardian evidentemente não sabe.
Finalmente, no que diz respeito aos seus comentários sobre a Geórgia e o tratamento pela Rússia dos seus vizinhos, é incrível que um jornal com a reputação do Guardian iria repetir a mesma mentira repetidamente a ver se pega, seguindo o ditado água mole em pedra dura
Todos sabem, incluindo Kasparov mas evidentemente não The Guardian, que foi a Geórgia que atacou a Rússia de forma vil e covarde depois de proclamar um cessar-fogo e logo a seguir, chacinou cerca de 2.000 civis.
Talvez The Guardian acha graça ao assassínio de mulheres da terceira idade, de rapazes sem armas nem uniformes.
Senão, por quê é que iria publicar um artigo desses e dar espaço a um indivíduo como Kasparov, como se fosse um formador credível de opinião? The Guardian, por assim fazer, desce para o nível do pior farrapo tablóide, a imprensa assimilada, comprada, que nada tem a fazer senão tentar lucrar através da publicação de aquele empacotamento de meias-verdades que passa pela palavra de notícias. Que triste.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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