Certas forças nos Estados Unidos podem ter iniciado o conflito na Geórgia para criar uma vantagem para um dos candidatos à presidência. Vladimir Putin manifestou essa opinião durante sua recente entrevista à CNN.
Esse ponto de vista apareceu na Rússia logo depois da agressão da Geórgia à Ossétia do Sul. Preeminentes políticos russos disseram que o conflito havia sido orquestrado pelos Estados Unidos porque a Geórgia, sendo um pequenino estado, nunca teria invadido a Ossétia do Sul sem permissão dos Estados Unidos. A versão diz também que a guerra na Ossétia do Sul havia sido tramada pelo Vice-Presidente Dick Cheney para não deixar que Barack Obama chegue à Casa Branca em resultado das eleições de novembro.
"Eles precisavam de uma pequena guerra vitoriosa. Se isso não funcionasse, eles poderiam jogar a culpa em nós, fazer com que parecêssemos ser um inimigo, e unir o país de novo em torno de certas forças políticas. Por que essa suposição parece surpreendente a vocês? Estou supreso por vocês estarem surpresos com as coisas que digo. Está tudo muito claro," disse Putin ao jornalista da CNN.
O vice-líder do parlamento Russo, Vladimir Zhirinovsky, também aceita essa versão.
"Está tudo sendo feito para que a pessoa deles - John McCain - vença as eleições em 5 de novembro. O complexo de defesa dos Estados Unidos precisa ter sua própria pessoa na Casa Branca - John McCain," disse Zhirinovsky.
"Dick Cheney é, hoje, o principal inimigo da humanidade. Bush é um títere, do mesmo modo que Saakashvili," disse o famoso político russo.
"Cidadãos dos Estados Unidos estiveram envolvidos no conflito. Eles agiram desse modo porque receberam ordens de fazê-lo, e a única pessoa que poderia dar tais ordens a eles é o líder deles," disse Putin em sua entrevista à CNN.
No texto em russo da entrevista de Putin à CNN essa idéia foi formulada como segue:
"Temos sérios motivos para acreditar que cidadãos dos Estados Unidos estavam na zona de combate. Se isso for verdade, se esses fatos forem confirmados, será muito ruim. É algo muito perigoso e essa política está errada," disse Putin.
Sua extensa entrevista à CNN em russo pode ser encontrada no website oficial official website do governo russo.
"Mesmo durante a Guerra Fria, durante a crua oposição entre a União Soviética e os Estados Unidos, sempre evitamos confrontos diretos entre nossos cidadãos, para não mencionar os militares," enfatizou o primeiro-ministro.
Vladimir Putin expressou seu desapontamento com o fato de os Estados Unidos não terem interferido no conflito entre a Geórgia e a Ossétia do Sul e não terem impedido a administração georgiana de ter promovido a escalada do confronto.
"Fiquei desapontado porque a administração dos Estados Unidos não havia feito nada para deter a Geórgia no estágio inicial do conflito," citou a Interfax como palavras de Putin.
O primeiro-ministro russo lembrou que conversara com o Presidente Bush dos Estados Unidos em 8 de agosto em Beijing, durante a abertura dos Jogos Olímpicos. O presidente dos Estados Unidos disse que não gostaria de que uma guerra acontecesse em algum lugar.
"Às 12 horas, hora local, tropas georgianas tomaram um distrito de pacificação ao sul de Tskhinvali. Não cabe a nós garantir que nunca atacaremos ninguém. Não atacamos ninguém. Pedimos garantias a outros a fim de que ninguém jamais nos ataque e mate nossos cidadãos," disse Putin.
Washington não apenas ignorou a agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul como, também, armou o exército georgiano, disse Putin.
"Por que alguém conduziria longas negociações em busca de complicadas concessões em conflitos étnicos? É muito mais fácil armar um dos lados em conflito e incitá-lo para que assassine pessoas do outro lado - simples. Parece ser uma decisão tão fácil de tomar. A realidade mostra, entretanto, que nem sempre as coisas se passam de maneira tão simples," enfatizou Putin.
Putin disse que foi o Presidente Dmitry Medvedev quem determinou que as tropas russas entrassem na Geórgia.
"Medvedev conhecia minha opinião a respeito do assunto. Só, porém, o Presidente da Federação Russa, o Supremo Comandante-em-Chefe, Sr. Medvedev, podia tomar tal decisão," declarou Putin.
Putin disse também que a Rússia não fará vista grossa para matanças de seus cidadãos em troca da condição de membro de organizações internacionais.
"Então esperam que deixemos alguém matar-nos e aí eles nos manterão, digamos, no Grupo dos Oito?" disse ele.
o primeiro-ministro russo ressaltou que podia ouvir a mídia e os políticos ocidentais falando muito a respeito da ameaça representada pela Rússia.
"Você e eu estamos sentados aqui falando na cidade de Sochi. Navios de guerra dos Estados Unidos com mísseis a bordo chegaram [no Mar Negro] e estão a várias centenas de quilômetros daqui. O alcance dos mísseis deles é exatamente de diversas centenas de quilômetros. Não são nossos navios de guerra que estão-se aproximando das costas de vocês. São os navios de guerra de vocês que estão-se aproximando de nossas costas," disse Putin ao jornalista da CNN.
"Não queremos nenhuma complicação, não queremos discutir com ninguém, nem queremos conduzir guerras contra ninguém. Queremos conduzir coo
eração normal e ver uma atitude de respeito para conosco e nossos interesses," disse Putin.
O Grupo dos Oito é inferior sem a China e a Índia, disse Putin em sua extensa entrevista.
"O Grupo dos Oito é uma organização inferior em sua presente condição. É impossível imaginar o desenvolvimento normal da economia mundial world economy sem convidar a República Popular da China ou a Índia," disse o premier russo.
Respondendo a pergunta acerca da possibilidade da exclusão da Rússia do clube G8, Putin colocou em questão a efetividade das atividades do G8 sem a Rússia em campos tais como a luta contra o terrorismo, drogas, doenças infecciosas e prevenção da proliferação de armas de destruição em massa.
"Creio que não se devia pensar nisso e não se devia assustar ninguém com isso. Não é atemorizador em absoluto. Só se deveria tentar analisar a situação adequadamente, olhar para o futuro e estabelecer relações normais tratando os interesses uns dos outros com respeito," disse Putin.
Putin acrescentou que a Rússia ainda tem esperança de estreita cooperação com outros estados, embora deva ser cooperação em condições de igualdade.
"Queremos viver em paz e harmonia. Queremos trabalhar normalmente em todas as direções em segurança internacional, desarmamento, luta contra o terrorismo e contra as drogas, na questão nuclear iraniana e norte-coreana; estamos já prontos para tudo isso," disse Putin.
"Entretanto, queremos que esse trabalho seja honesto, aberto, baseado em parceria, não em egoísmo," disse o premier russo.
Putin acredita que a Rússia pode cessar sua cooperação com o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano em certas circunstâncias.
"Se ninguém quer falar conosco a respeito dessas questões e se a cooperação com a Rússia não é requerida nesse particular - bem, eles podem trabalhar sozinhos, ora essa," disse ele.
Putin foi particularmente enfático ao expressar sua opinião a respeito da mídia ocidental influenciada pelo estado, proporcionando informações falsas a respeito do conflito na Ossétia do Sul.
"Quanto à percepção dos eventos na Ossétia do Sul pelo público em geral, isso depende em grande medida de como os políticos manipulam a mídia e como afetam a opinião pública no mundo. Nossos colegas dos Estda garota estadunidense de origem osseta, Amanda Kokoyeva, e a tia dela, na Fox News.
"Ele [o apresentador] interrompia-a continuamente. Logo que não gostava do que ela estivesse dizendo, começava a interrompê-la, começou a tossir e a pigarrear. Estava pronto a sujar as calças e a fazê-lo expressivamente, para fazê-las parar de falar. É essa uma apresentação de informação honesta e objetiva? É isso que eles chamam de informação? Não, não é. Isso é informação tendenciosa," disse Putin.
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter