O Presidente russo Dmitry Medvedev declarou, no domingo, que a Rússia começará a retirar suas tropas da Geórgia em 18 de agosto. Pacificadores e unidades do 58o exército, que participaram da operação de implementação da paz depois da agressão da Geórgia à Ossétia do Sul, deixarão portanto o território da Geórgia.
A decisão deixou clara a iniciativa de Moscou na implementação do documento originalmente assinado por Dmitry Medvedev e pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy.
Parece que a Geórgia não pretende cumprir suas obrigações. Nada foi informado a respeito dos planos da Geórgia de retirar suas tropas da zona de conflito. Ademais, as autoridades de defesa russas disseram que a Geórgia estava conduzindo atividades militares subversivas no Cáucaso. Para culminar, diz-se que a Geórgia estava desenvolvendo maciça provocação à Rússia na cidadezinha de Gori.
"Um grupo armado consistindo de nacionalistas georgianos e ucranianos e de terroristas tchetchenos está sendo rapidamente formado nos subúrbios de Gori. Ele planeja invadir Gori e vestir uniformes militares russos para pilhar e atormentar a população local," disse uma autoridade do Ministério da Defesa da Rússia. Essa autoridade acrescentou que a informação havia sido recebida via inteligência e intercepção de rádio.
Todas as ações serão filmadas em videoteipe e em seguida apresentadas ao mundo como "prova das atrocidades militares da Rússia na Geórgia."
O quartel-general de pacificadores da Rússia informou a população de Gori da iminente provocação.
"Os pacificadores russos permanecem em suas posições. Nenhum deles entrou em Gori. Nós oficialmente proclamamos que as autoridades georgianas serão totalmente responsáveis pela provocação no caso de tornar-se impossível impedi-la," disse uma declaração do Ministério da Defesa russo.
Nem é preciso dizer que o Ministério do Exterior da Geórgia negou que a informação fosse procedente.
É digno de nota que a Rússia já impediu um ato de sabotagem da parte da Geórgia. Além disso, um grupo de pessoas vestindo uniformes militares russos foi localizado na área de Zugdidi.
Zaur Alborov, observador militar independente, disse ao Utro.ru que um grupo de mercenários ucranianos e bálticos havia sido formado em Kutaisi.
"Eles foram vistos vestindo o uniforme do exército russo e portando armas russas. Diversas pessoas portando equipamento de fotografia e de vídeo foram vistas com eles também," disse o observador.
Militares russos descobriram um mapa para invasão da Abcásia e outros documentos numa unidade militar georgiana.
"As tropas georgianas deveriam conduzir ataques por terra e por ar contra a república não reconhecida da Abcásia para entrar em sua capital, Sukhumi. Outros documentos que temos testemunham do fato de que essa informação, que a Geórgia obteve com a ajuda de aviões sem piloto, foi distribuída a todos os comandantes das unidades georgianas," disse um oficial de defesa da Rússia.
Entretanto, o Presidente da Ossétia do Sul Eduard Kokoity assinou um decreto de renúncia do governo da república não reconhecida e declarando estado de emergência em seu país. O líder osseta do sul disse que um novo governo não apareceria tão cedo em seu país.
Kokoity também criou uma comissão de emergência para restaurar a capital de Tskhinvali e seus arredores.
O presidente da Ossétia do Sul criticou os membros do governo da Ossétia do Sul por execução inadequada de instruções na distribuição de ajuda humanitária na república.
"Estou totalmente insatisfeito com o trabalho do governo, em praticamente todos os serviços," declarou Kokoity.
Desejo estabelecer o governo sem intrigas. Desejo estabelecer um governo que trabalhe e satisfaça plenamente as necessidades do povo da Ossétia do Sul. As autoridades precisam trabalhar para o povo, mas não podem usar seus cargos para obtenção de bem-estar pessoal," disse o líder da república não reconhecida.
Cerca de 599 toneladas de carregamentos de natureza humanitária foram entregues em 16 de agosto em Tskhinvali, a capital da Ossétia do sul, arruinada em decorrência da agressão da Geórgia.
Enquanto isso, a troca de prisioneiros de guerra entre Geórgia e Rússia, prevista para segunda-feira, fracassou.
"De acordo com as normas da lei internacional, a troca de prisioneiros entre a Geórgia e a Rússia, baseada no princípio de "todos por todos" deveria ter lugar à meia-noite de segunda-feira" disse Andrei Bobrun, autoridade de alto nível de defesa do Norte do Cáucaso.
A Rússia pretendia originalmente entregar onze prisioneiros à Geóriga e subsequentemente acrescentou mais três homens a sua lista. O Ministério da Defesa da Rússia esperava receber, em troca, cinco prisioneiros da Geórgia. Entretanto, a Geórgia, inesperadamente, acrescentou exigências de defesa e políticas durante as conversações.
"As exigências da Geórgia não guardavam, de modo algum, conexão com a troca de prisioneiros," acrescentou a autoridade.
A Rússia, diz-se, teria cerca de 200 prisioneiros de guerra georgianos. De acordo com Bobrun, a Rússia está disposta a trocar todos os georgianos por militares russos capturados pela Geórgia ou cidadãos da Ossétia do sul, que os soldados da Geórgia sequestraram durante a operação militar em Tskhinvali e em outros aglomerados populacionais da Ossétia do Sul.
Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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