Ontem o caso de Litvinenko pela primeira vez foi comentado pelo ministro russo da Defesa , Serguei Ivanov. Os serviços secretos russos não tinham qualquer razão para matar Alexander Litvinenko, disse o ministro e acrescentou que a a Rússia está disposta a participar no inquérito .
«Do ponto de vista lógico e diante da questão 'quem beneficia com o crime', não vejo razões nas especulações da imprensa ocidental segundo as quais o KGB ou o FSB (sucessor do anterior) poderão estar por detrás disso» , disse Ivanov , citado pela Interfax, numa entrevista televisiva.
«Deve haver um inquérito sério e objectivo. Estou certo que será feito e a Rússia está pronta a dar toda a ajuda» , adiantou, na entrevista dada à Al-Ja zira e retransmitida pela cadeia russa Vesti-24.
O mistério do caso Litvinenko adensou-se após a hospitalização do contacto do ex-agente russo, o italiano Mario Scaramella, também contaminado com polónio, especulando a imprensa britânica de hoje com um complot dos serviços secretos russos.
A edição de hoje do Daily Telegraph publica extractos de um documento acusador de Moscovo, apresentado como a nota entregue por Scaramella a Alexandre Litvinenko durante o seu encontro no dia 1 de Novembro em Londres.
A pista russa é seguida pela Scotland Yard para identificar os respon sáveis pela morte do ex-agente russo, no dia 23 de Novembro, contaminado com polónio 210, substância altamente radioactiva. Foi na noite do encontro com Scaramella que Litvinenko começou a sentir os primeiros sintomas de envenenamento.
O documento do Daily Telegraph acusa grupo de veteranos designado 'Dignidade e Honra', dirigido por um coronel russo, Valentin Velichko, de quererem matar várias pessoas consideradas prejudiciais aos interesses russos.
Da lista de alvos fazem parte o empresário russo Boris Berezovski, adversário do presidente Vladimir Putin e instalado em Londres, o seu 'companheiro de armas' Alexandre Litvinenko e o próprio Scaramella.
O documento acusa ainda os mesmos oficiais dos serviços secretos de estarem na origem do assassínio da jornalista russa Anna Politkovskaia em Outubro e m Moscovo.
O Daily Telegraph adianta que o polónio utilizado é proveniente de um reactor nuclear russo.
O inquérito da Scotland Yard na sequência do envenenamento de Litvinenko ganhou esta semana dimensão europeia após terem sido detectados indícios de radioactividade em aviões da British Airways.
Por outro lado, a hospitalização de Mario Scaramella no University College Hospital de Londres, onde Litvinenko esteve internado, levou o governo britânico a alertar oficialmente a Itália.
Por contaminação indirecta ou envenenamento, Scaramella tem polónio 210 no seu organismo, mas o nível «importante» detectado «é consideravelmente mais baixo que o de Litvinenko» , indicou sexta-feira um porta-voz do hospital.
«Ele está bem. Os exames preliminares efectuados até agora não mostram qualquer prova de toxicidade devida a radiações» , referiu hoje um porta-voz do hospital.
Estas declarações contradizem informações publicadas hoje por diários britânicos, segundo os quais Scaramella estaria gravemente doente, correndo mesmo perigo de vida.
Por outro lado, os três aviões da British Airways onde foram detectados indícios de radioactividade receberam «luz verde» das autoridades sanitárias britânicas e devem retomar os voos nos próximos dias, informou hoje a companhia aérea.
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