Na Rússia, no resultado de uma operação especial na república russa de Daguestão, foi matado no domingo (26) o líder da Al-Qaeda no Cáucaso Norte, o jordaniano Abu Khavs. Foram liquidados também os quatro membros do seu grupo e detido um cúmplice de guerrilleiros com uma lista dos agentes do FSB e do ministério do Interior de Daguestão para serem matados .
O lider da Al-Qaeda "Abu Khavs era o representante da Al-Qaeda no Cáucaso Norte. Todos os últimos atos terroristas cometidos na Chechênia foram preparados por ele", afirmou Mikhail Merkulov, subchefe do Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB) no Daguestão.
"Sem sua participação, não seria planejada ou efetuada qualquer operação subversiva de importância no território da Chechênia",disse Merkulov, citado pela agência oficial Itar-Tass.
O funcionário do FSB disse que Abu Khavs, de 33 anos, tinha chegado ao Daguestão procedente da Chechênia com o propósito de preparar uma nova série de atentados.
Abu Khavs e outros quatro guerrilheiros foram mortos por volta das 5h (hora local), depois de terem sido localizados numa casa do centro da cidade de Khasaviurt, uma das tradicionais bases da guerrilha no Daguestão.
Um membro das forças especiais do FSB ficou levemente ferido na troca de tiros com os rebeldes, informou a agência Interfax. Durante a operação, que durou quatro horas, foram apreendidos quatro fuzis automáticos, dezenas de granadas de mão, lança-granadas e muita munição.
No entanto, a prova apreendida mais valiosa foi uma "lista negra" com os nomes e sobrenomes de vários funcionários do FSB e do Ministério do Interior do Daguestão, futuros alvos da guerrilha.
Em agosto, a promotoria chechena ordenou a busca e a captura de Abu Khavs após a confirmação de seu envolvimento em vários ataques contra efetivos do Ministério do Interior checheno e a guarda pessoal do presidente da Chechênia, Alu Alkhanov.
Além disso, o chefe da luta contra o terrorismo internacional do FSB, general Yuri Sapunov, acusou Khavs, assim como o também histórico comandante checheno Shamil Basayev, de ter matado quatro diplomatas russos no Iraque em nome da Al-Qaeda.
A missão do líder da Al-Qaeda no Cáucaso Norte era coordenar o trabalho dos guerrilheiros vindos do Oriente Médio e da Ásia e distribuir os fundos e os equipamentos fornecidos por governos e organizações extremistas estrangeiras.
Segundo o serviço secreto russo, Abu Khavs assumiu a chefia da Al-Qaeda no Cáucaso Norte depois que a Rússia eliminou, em 2002, o histórico líder árabe Khatab, conhecido como o "Bin Laden da Chechênia", e seus sucessores, Abu al-Valid e Abu Khabib.
Com a eliminação de Khavs, o FSB consegue um avanço na luta contra a guerrilha. Em março de 2005, o serviço russo já tinha eliminado o ex-presidente da Chechênia independente, Aslan Maskhadov; em maio deste ano, o líder rebelde Shamil Basayev; e um mês depois, seu sucessor, o saudita Abdul-Khalim Sadulayev.
O único líder da guerrilha agora é Doku Umarov, atual presidente da Chechênia separatista que rejeitou, no dia 19 de julho, a oferta de rendição e anistia feita pelo Kremlin após a morte de Basayev.
O primeiro-ministro checheno, Ramzan Kadyrov, mostrou-se satisfeito pela eliminação de Abu Khavs, a quem chamou de "emissário das organizações terroristas internacionais" e "tesoureiro dos wahhabistas", corrente ultraconservadora do Islã.
"Estou convencido de que a eliminação de Abu Khavs influenciará positivamente a segurança de toda a região, já que ele dedicou muito dinheiro para financiar atentados terroristas", disse.
Kadyrov, filho do presidente checheno assassinado em maio de 2004 pela guerrilha, calculou em dezenas o número de guerrilheiros chechenos e em mais de 100 o de extremistas árabes, afegãos e turcos "que vivem ilegalmente" nas montanhas da república.
"Não tenho nada contra esses povos, mas nós nascemos chechenos e queremos continuar sendo chechenos", afirmou o primeiro-ministro.
O premier da Chechênia explicou seus planos de reinserção dos guerrilheiros que não tenham cometido assassinatos ao suíço Andreas Gross, chefe da delegação da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa (Pace, em inglês), que está visitando a república.
"Em três anos, não haverá seqüelas da guerra. Ninguém voltará a comparar Grozni a Stalingrado", afirma Kadyrov, apontado pela jornalista assassinada Anna Politkovskaya como o principal responsável pelos abusos dos direitos humanos na Chechênia.
Cerca de 300 guerrilheiros chechenos depuseram as armas e se entregaram às autoridades pró-russas desde meados de julho deste ano, quando o Comitê Nacional Antiterrorista da Rússia anunciou que anistiaria os membros dos "grupos armados ilegais" do Cáucaso Norte.
Com EFE
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