Açores: Para pensar e, repensar...
Longe do nosso pensamento, servimo-nos do doloroso desaparecimento, do jovem e promissor político açoriano André Bradford, para o desenvolvimento desta nossa redacção.
Será esta, isso sim, uma forma singela de o homenagearmos e, com ele, outros que foram exemplo de determinação, de coragem e de luta pelo progresso dos Açores, a caminho de uma autodeterminação com que sonhamos.
À cerca de André Bradford e após o seu inesperado desaparecimento, já tudo foi dito quanto às qualidades humanas e sócio-políticas. Recordo com prazer as vezes que, institucionalmente como líder do PDA nos encontramos.
Após a sua eleição para deputado dos Açores ao Parlamento Europeu, num fugaz encontro à saída da Clínica do Bom Jesus, felicitando-o pela sua eleição, pusemo-nos à sua inteira disposição para qualquer assunto que entendesse sermos úteis tendo recebido dele o seu sempre modesto "obrigado" Infelizmente não teremos tal prazer.
Com desaparecimento do André, ficaram os Açores sem voz no Parlamento Europeu. Por muito tempo, ficarão os parlamentares europeus sem ouvir a nossa "pronúncia" visto que o nº. 5 da lista do PS foi substituído por uma bracarense, candidata nº 10 da mesma lista.
Não bastou aos Açores, a afronta de Rui Rio em substituir o candidato natural dos sociais democratas açorianos por uma madeirense, senão também, por situação a todos os responsáveis inimputável, a perda do único açoriano eleito.
Com o sucedido, ficarão os "Açores" à disposição dos "humores" e aos "interesses" dos partidos portugueses representados no hemiciclo europeu e não só, porque" ninguém dá nada a ninguém" sem uma troca que aliás sempre está a favor do mais forte.
À pressa e a terminar a legislatura europeia, o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países do Mercosul (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) que estava a ser negociado há 20 anos, foi fechado no final de Junho. Desconfiamos que o mesmo, traga algo de positivo para os Açores. Segundo consta decorrerá ainda um longo caminho até à sua implementação, mas, será que se algum "mal" houver, estará a tempo de o curar?
Não sendo de todo antieuropeia, pergunto-me algumas vezes, se a nossa grande Natália Correia, não tinha razão quando afirmava: "A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista". Do Livro "Botequim da Liberdade". Aqui, e em outros artigos de Opinião voltaremos a citar essa grande figura da nossa cultura, em conformidade com o tema que tratarmos na ocasião.
Cuidemo-nos. Vozes se continuam a erguer em "loas" aos Açores. Hoje ouvimos e lemos "Sinto um gosto enorme em estar nos Açores, onde a Europa começa", diz Carlos Moedas comissário europeu acrescentando "Os Açores são um laboratório vivo da ciência, único na Europa devido aos seus recursos".
Da situação criada, pela intróito composto pelos primeiros 7 parágrafos desta redacção, têm sido inúmeras as intervenções, quer nos órgãos de comunicação social e redes sociais.
"Depois de casa roubada, trancas à porta" defendem os articulistas que temos lido que, só a constituição de um círculo eleitoral próprio ao Parlamento Europeu, pode dar resposta a imprevistos como o que foi criado agora com os Açores em outsider no jogo de interesses próprios do seu Povo.
Onde estavam vocês, senhores articulistas e açorianos convictos dos Direitos de um Povo, que o centralismo português continua teimando em manter como uma Região com um Estatuto de Autonomia que minguada ao nascimento está cada vez mais diminuída pela presença constante dos DDT.
Onde estavam, quando o PDA - Partido Democrático do Atlântico "dava cartas" com a sua luta pela alteração da Constituição? A extinção do então cargo de ministro da república, a criação de um círculo eleitoral para o parlamento europeu, a defesa do voto do emigrante, a extinção do artigo que proíbe os partidos regionais. "Uma proposta de revisão Constitucional que, como responsável do partido, a apresentava à comunicação social, como a criação de uma auto-constituição para o arquipélago"
Porque se aproxima mais rápido do que imaginamos, as próximas eleições para a Assembleia da República, continuaremos a vir à vossa presença através de "PARA PENSAR E, REPENSAR... I
Nego-me a fazer parte de um sistema autonómico que está moribundo. Não gostaria um dia, de publicar algo com o título de "DESILUDIDO"
José Ventura
2019-07-25
O autor rejeita por opção o acordo ortográfico
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