Igreja Concatedral de São Pedro dos Clérigos

Uma das mais belas igrejas do Recife é a de São Pedro dos Clérigos, localizada no bairro de Santo Antônio, hoje apertada entre velhas ruas solapadas e sujas sofrendo a ameaça de um modernismo que cresce e avança, apertando com braços tentaculares as tradições e o respeito pelos monumentos históricos.


Texto de Flávio Guerra
Fotografias de Clóvis Campêlo

Uma das mais belas igrejas do Recife é a de São Pedro dos Clérigos, localizada no bairro de Santo Antônio, hoje apertada entre velhas ruas solapadas e sujas sofrendo a ameaça de um modernismo que cresce e avança, apertando com braços tentaculares as tradições e o respeito pelos monumentos históricos.


Porque mesmo assim impensada e ameaçada, a velha Igreja ainda é soberba em seus traços arquitetônicos, lembrando o santuário de Santa Maria Maior, em Roma, também com a sua nave em estilo otogonal encimada por um grande painel que se estende por quase todo o teto, e representando o apóstolo São pedro no seu clássico gesto de benção.


A ideia da fundação dessa Igreja remonta a princípios do século XVIII, quando foi instituída a Irmandade de São Pedro dos Clérigos do Recife, a 26 de junho de 1700, segundo uma deliberação do bispo D. Fr. Francisco de Lima, que possuía em seu palácio, e de sua propriedade, uma antiga imagem de São Pedro, ofertando-a à Irmandade, que ainda hoje a conserva no consistório da Igreja.


Todo o templo é uma soberba obra de arte religiosa, guinada de belíssimas, alterosas e elegantes torres, imponente cúpula, graciosas peanhas otogonais, enquanto os mais belos ornamentos pinturescos, executados pelo pintor pernambucano João de Deus Sepúlveda, ornam o teto e algumas laterais.


E o técnico em arte religiosa, Germaine Bazin, assim informou: "-Esta Igreja tem uma nave de planta otogonal sobre um desenho elíptico. A fachada grandiosa é de um espírito ainda próximo do século XIX; é de um tipo quase único, com a sua elevação vertical realizada pelo estreitamento da parte central. O pináculo das duas torres, a cúpula pequenina sobre um tambor otogonal são emprestados das torres de Braga. Essa grande Igreja não tem equivalente em Portugal".


É pois essa bi-secular igreja um orgulho dos entimento religioso e um patrimônio da cultura arquitetônica e da arte religiosa dos recifenses.

Fonte: Velhas igrejas e subúrbios históricos. Flávio Guerra. 3ª ed. (rev. e aum.). Prefácio de Gilberto Osório de Andrade, Recife, Editora Itinerário, pág. 141/146.

 

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