O último país "libertado" pelo ocidente de um ditador "demoníaco" agora trafica escravos abertamente

O último país "libertado" pelo ocidente de um ditador "demoníaco" agora trafica escravos abertamente

Abril de 2017 - Information Clearing House - É amplamente sabido que a intervenção da OTAN, liderada pelos Estados Unidos para derrubar o regime de Muammar Kaddafi em 2011 resultou em um vácuo de poder que tem permitido que grupos terroristas como o Estado Islâmico ganhem uma ampla cabeça de ponte no país.

 Carey Wedler, tradução de btpsilveira

Apesar das destrutivas consequências da invasão de 2011, o ocidente atualmente está trilhando trajetória similar no que tem a ver com a Síria. Logo após a administração Obama ter trucidado Kaddafi em 2011, realçando seus supostos abusos contra direitos humanos e insistindo que ele tinha que ser removido do poder para proteger o povo líbio, a administração Trump agora está ressaltando as supostas políticas repressivas de Bashar Al Assad na Síria e advertindo seu regime de que poderá rapidamente ter o mesmo fim -  tudo em nome da proteção da população civil da Síria.

Mas como os Estados Unidos e seus aliados fracassaram em providenciar base legal para seu recente ataque aéreo - bem como em providenciar evidências que apoiem suas acusações de que Assad foi responsável pelo mortal ataque a gás na última semana - estão surgindo dificuldades imprevistas para invadir países estrangeiros e remover seus líderes.

Nesta semana, novas descobertas desnudaram outra consequência imprevista da "intervenção humanitária": o crescimento do comércio de escravos humanos.

O jornal The Guardian  informa que enquanto "a violência, a extorsão e o trabalho escravo" foi realidade para a população traficada através da Líbia no passado, em tempos recentes esse comércio escravagista se expandiu. Hoje, pessoas

 "As últimas reportagens sobre "Mercado de escravos" de migrantes pode ser adicionada a uma já longo lista de ultrajes [na Líbia]," disse Mohammed Abdiker, chefe de operações e emergências do Escritório Internacional de Migração (IOM, International Office of Migration - NT), uma organização intergovernamental que promove "migração humana e ordenada para o benefício de todos" de acordo com o site da organização. "A situação é terrível. Quanto mais a IOM se envolve na Líbia, mais aprendemos que isto se tornou um vale de lágrimas para todo o grande número de migrantes."

O país do Norte da África comumente é usado como ponto de saída para refugiados fugindo de outras partes do continente. Mas desde que Kaddafi foi derrubado em 2011, "o imenso e parcamente habitado país se transformou em um caos violento e migrantes com pouco dinheiro, normalmente sem documentos, são particularmente vulneráveis," explica o Guardian.

Um sobrevivente do Senegal disse que estava passando através da Líbia dirigindo-se para a Nigéria com um grupo de outros migrantes que tentam fugir de seus países de origem. Ele pagou num contrabandista para transportá-los via ônibus a costa, Onde eles deveriam então se arriscar tomando uma embarcação para a Europa. Mas em vez de levar o pessoal para a costa, o contrabandista os levou para um terreno deserto em Sabha, na Líbia. Segundo Livia Manente, uma funcionária da IOM que entrevistou nos sobreviventes, "os motoristas subitamente disseram que os intermediários não teriam quitado a taxa devida e então colocaram os passageiros à venda".

 "Vários outros migrantes confirmaram sua história, descrevendo em narrativas isoladas modelos de mercados de escravos, bem como certos tipos de prisões por toda a Líbia," afirmou Livia, acrescentando que a IOM na Itália tinha confirmado ter ouvido histórias semelhantes de migrantes que desembarcaram no Sul da Itália.

O sobrevivente senegalês disse que ficou preso em uma prisão improvisada, de um modelo que o Guardian percebeu ser comum na Líbia.

 "Os refugiados que são mantidos nestas prisões são obrigados a trabalhar sem remuneração e com rações escassas, e seus captores escrevem para suas famílias regularmente, exigindo resgates. Seus sequestradores pediram para a sua família 300.000 francos africanos (cerca de 380 libras esterlinas), e então, sem explicação, foi mandado para outra prisão ainda maior, e o preço do resgato também aumentou."

Quando os migrantes passam muito tempo nesses lugares sem que o resgate seja pago, são levados para lugares incertos e mortos. "Alguns são perdidos por condições sanitárias atrozes, morrendo de fome ou por doenças, mas o número total de presos nunca diminui", relata o Guardian.

 "Se o número de migrantes em algum desses locais diminui, por mortes ou qualquer outra razão, os sequestradores simplesmente vão ao mercado e compram mais" afirma Manente.

O chefe da missão da IOM para a Nigéria, Giuseppe Loprete, confirmou esses relatos terríveis. "É muito claro que eles veem a si mesmos como sendo tratados como escravos", disse ele. Ele conseguiu a repatriação de 1.500 migrantes apenas nos três primeiros meses deste ano e está preocupado com mais histórias e incidentes que deverão surgir, na medida em que mais migrantes retornarem da Líbia.

"As condições estão piorando na Líbia, assim penso que podemos esperar por coisas ainda mais terríveis nos próximos meses" acrescentou.

Enquanto o governo dos Estados Unidos continua a ver a mudança de regime na Síria como uma solução viável para as muitas crises que assolam o país, está se tornando cada vez mais evidente que derrubar ditadores - por mais detestáveis que possam ser - não funciona. Derrubar Saddam Hussein serviu não só para levar a morte aos civis e promover a radicalização entre a população do país, mas também para o crescimento descontrolado do Estado Islâmico.

Como a Líbia, que já foi modelo de estabilização na região e agora continua mergulhada no fracasso devido a "intervenção humanitária" dos países ocidentais - e onde seres humanos estão sendo lançados abertamente em um mercado escravagista emergente, enquanto estupros e sequestros assolam a população - cada vez mais se torna claro que guerras só podem levar a mais sofrimento, de maneiras imprevistas.

Fonte: Oriente Mídia/ Information Clearing House

 

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