Fahed Daher
Vem-me à lembrança a verdade tornada piada, dos tempos dos chás dançantes de Engenharia, em Curitiba, na Sociedade Duque de Caixias, na Rua Dr. Muricy, esquina com José Loureiro (que saudade) quando um colega convidou a jovem "varseana" para dançar a mesma respondeu:
- Não danço! Ele perguntou: -Por quê?
- Porque quando danço canso, quando canso suo, quando suo fedo...
Dai que parodiando, na fadiga dos raciocínios, dá-me vontade de não pensar, porque quando penso luto, quando luto canço por não ver aonde chegar e só não fedo porque mergulho na espiritualidade, crente de que um dia, que não seja após o apocalipse, as lideranças da humanidade despertem para a verdade incontestável de que ninguém é ou permanecerá dono de qualquer coisa ou fato na superfície da terra e, a partir dai, possa haver harmonização universal.
Aprendemos, na dinâmica da vida, que em tudo deve haver um princípio, uma ética e realmente, mesmo entre animais existe o código da natureza que determina atitudes entre as espécies, código que chamo de instintivos.
Então estamos para escolher entre três vocábulos: Amor. A mor-al. Amor-al Seres humanos, nossa capacidade de mentalização, investigação e de criatividade, hipertrofiando os instintos de conservação pessoal, de conservação da espécie, da hierarquia e domínio territorial, leva-nos a desrespeitar as normas ou éticas naturais, criando cada um, de acordo com seu poder pessoal ou de organização grupal, éticas ou atitudes "Amorais" de acordo com os interesses de dominações.
Nada interfere no comportamento em face do poderoso, a não ser outro poder real ou inconformado donde resulta o embate que pode levar a humanidade a hecatombes, como aconteceu em grande escala, nas chamadas guerras mundiais e ainda existem em pequenas guerras chamadas revoluções ou conflitos regionais de disputas aparentemente religiosas," "preconceitos raciais..."contrabandos" ou mesmo "disputas de poder" e dominações, como a invasão do Iraque, em nome do bem estar social e da segurança do poderoso.
Temos certeza de que os investigadores do passado como Pasteur, gastando seus próprios recursos à busca das verdades científicas, o faziam por ideal humanitário.
Hoje a pergunta é pertinente: O quanto, na busca do poder e da dominação, as grandes organizações capitalistas provêem e financiam cientistas para as descobertas?
Quando se discute a conservação da natureza e a conservação do planeta terra, quanto há de renúncia das grandes organizações e quanto de participação efetiva para esta conservação que é atribuída especialmente às atitudes humanistas de pessoas ou de pequenas organizações? Haja vista para os EEUU que não concordam em assinar protocolo de diminuição de poluição ambiental, durante as reuniões na Àsia, mas insistem que no mundo não haja armas de destruição de massa, ao menos iguais ou superiores às que eles possuem e aperfeiçoam sempre.
No avanço das descobertas científicas ainda não se desenvolveu uma ética das investigações, primando pela definição do que é o progresso e, na realidade, a quem deve beneficiar, para termos, a partir daí, o que deverá ser feito do ser humano e que ou qual tipo que pretendemos construir, ou melhor, fugindo da linguagem de engenharia, que tipo de ser humano pretendemos formar?
Certamente as grandes organizações empresariais e de domínio financeiro, para melhores controles do status de poder hão de preferir "ciborgues" para o futuro, dentro da realidade do Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Então ai estará definida a ética do poder. Na espiritualidade e na crença de um poder criador universal chamado Alá ou Deus ou Jeová, primando pela harmonia universal e a fraternidade, a ética terá de ser a de aprimoramento de cada um dentro da estrutura do bem estar geral, na distribuição de direitos e deveres, do respeito mútuo e da formação escolar onde estão incluídos fortemente os meios de comunicação, a mídia, limitando a gula, a luxuria, o despotismo, o açambarcamento e a devastação dos recursos naturais.
O chamado apocalípse, apregoado nos textos bíblicos, não chegará a ser o castigo de Deus, entidade imanente e transcendente, a figura barbuda do deus que favorece uns e castiga outros, mas será o castigo resultante da agressão à entidade viva, chamada terra, que na sequência da doença recebida pela indisciplina dos comportamentos humanos, doença que chamo de "humanoma maligno," a própria terra reagirá catastroficamente para seus predadores, não como castigo, mas como agonia de um corpo que, sendo destruido, destroi seus agentes patológicos que lhe roubam a capacidade vital.
A busca das investigações é imperiosa, pela curiosidade inata e interrogação do que é a vida e porque vivemos. Destas curiosidades e especulações ideais está se aproveita o capitalismo selvagem à busca do lucro e do poder...Para que? Por que? Se nada é nosso e nem nós nos pertencemos?
Mas... Pode chegar ao ponto, se não está próximo, de se acender o fósforo para ver se há gasolina no grande depósito?
Fahed Daher - Médico
Academia de Letras Centro Norte do Paraná
Soc. Brasileira de Médicos Escritores
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter