Guerra da mídia norte-americana contra Trump vai muito além de combate ao caráter fortemente discriminatório do presidente eleito: atende a interesses de Wall Street e do complexo militar-industrial dos Estados Unidos, ambos comandados pelo mesmo lobby sionista acionista principal dos grandes meios de comunicação, dos grandes bancos e entre os maiores financiadores do Congresso do país
por Edu Montesanti
O presidente eleito Donald Trumo cancelou na terça-feira (22), em cima da hora via Tuíter, entrevista ao jornal The New York Times (NYT) alegando que "termos e condições do encontro foram mudados no último momento. Nada bom". Os editores do principal jornal dos Estados Unidos se disseram, logo em seguida, surpresos dado que vieram a saber do cancelamento através da conta da rede social de Trump, afirmando que as regras do encontro não foram modificadas, "de jeito nenhum".
"Não sabíamos que a reunião foi cancelada até que vimos o tuíte nesta manhã do presidente eleito", afirmou Eileen M. Murphy, vice-presidente de comunicação do NYT.
A campanha sistemática da grande mídia norte-americana contra Trump, "pegando o bonde" no caráter acentuadamente discriminatório, xenófobo, racista, sexista, agressivo, policialesco e em diversos temas políticos ambíguo do presidente eleito dos Estados Unidos, pode ser explicado por velhos interesses do sistema financeiro, da indústria bélica e do lobby sionista, entre os três maiores financiadores da política norte-americana.
No caso particular do NYT, tem havido evidências diárias do trabalho panfletário em prol não apenas da candidata democrata, belicista e derrotada por Trump, Hillary Clinton, como também dos próprios interesses acima mencionados. Durante a campanha presidencial e nestes dias pós-vitória eleitoral, Trump tem prometido aproximação com a Rússia em vez de enfrentamento, e isolamento em relação à OTAN.
Na mesma manhã, um dos artigos na seção de opinião mais cínicos do NYT que se supera a cada dia na arte da manipulação das informações, intitulado Don't Retreat into Fortress América (Não Retire os Estados Unidos para Dentro de uma Fortaleza), clama para que o novo presidente a ocupar a Casa Branca a partir do dia 20 de janeiro de 2017 fortaleça a OTAN, mantendo assim a supremacia norte-americana e a fim de combater a suposta ameaça russa.
"A âncora da presença militar norte-americana na Europa e na Ásia, incluindo bases e frotas, contribui poderosamente para a estabilidade em ambas as regiões. Não há nenhum benefício para os Estados Unidos em um mundo onde as nações desenvolvam seus próprios arranjos de segurança", afirma o artigo de William S. Cohen e Gary Hartnov sem mencionar que o regime norte-americano pode ser réu no Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra exatamente na Ásia (mais especificamente no Afeganistão, pelas velhas torturas contra prisioneiros de guerra "suspeitos" de colaboração com o terrorismo).
"Truman, Marshall, Acheson e Eisenhower, através da crença de se ter as Forças Armadas mais fortes do mundo para apoiar uma diplomacia focada e criativa, colocaram os Estados Unidos em posição de liderar o mundo por 70 anos", segue o artigo apostando na ignorância em que o Pentágono midiático em questão é mestre em promover, tentando se fazer esquecer que a OTAN voltada ao apoio "diplomático" tem origens na única bomba atômica lançada na história da humanidade, exatamente por Harry Truman. Tentativa de imbecilização em massa não sem tentar utilizar-se da antiga tática de criar inimigos e gerar a histeria coletiva, a fim de justificar a "política" coercitivo-expansionista dos Estados Unidos através da bilionária indústria bélica: "Trump irá entregar a responsabilidade [da liderança global] a Moscou, a Pequim ou a Teerã?".
Tal argumento está em absoluta concordância com o governo britânico, que já tem pressionado Trump para que não coopere com o Kremlin no combate ao terrorismo especialmente na Síria, e que assuma o compromisso histórico dos Estados Unidos com a OTAN.
Peter Tatchell, proeminente ativista britânico pelos direitos humanos residente em Londres, procurado por esta reportagem durante o desenrolar dos fatos, observa: "É hora da Europa dar fim à excessiva e frequente subserviência e demasiada dependência na relação com os Estados Unidos. Precisamos de uma política externa independente e militar impulsionada por direitos humanos e princípios de justiça global, com base na colaboração com a comunidade internacional em geral, para o bem comum. Não estou certo de que este objetivo possa ser entregue pela OTAN. Alguns prefeririam um pacto de segurança coletiva exclusivamente da União Europeia".
Considerando a atual fase histórica, como a Rússia pode ser considerada ameaça militar, e a OTAN um bastião da "diplomacia focada e criativa"? Vale recordar que quando o Muro de Berlim ruiu há 27 anos, houve um acordo entre o governo dos Estados Unidos e o da então União Soviética no qual Washington, em troca da retirada das 260 mil tropas soviéticas da então Alemanha Oriental, prometeu que as forças da OTAN não se adiantariam nem um centímetro além das fronteiras alemãs.
Pois hoje, tais forças cercam as fronteiras russas em clara ameaça que faz o mundo reviver, dramaticamente, a Guerra Fria e em condições até piores dado o simples fato que, hoje, não há a chamada "linha vermelha" estabelecendo limites militares. Portanto, quem é a real ameaça atualmente?
"Com bases militares e instalações em 70 países e territórios, e tendo invadido ou interferido em 50 nações desde 1945, os Estados Unidos perderam grande parte da autoridade moral e têm sobre-excedido seu alcance. Despesas militares estão deformando e minando a economia norte-americana", afirma Tatchell.
No que diz respeito a afirmações de Trump que pregam supremacia branca estadunidense, expulsão de imigrantes indocumentados, proibição da entrada de muçulmanos e exaltação do "excepcionalismo", um de seus principais lemas de campanha, "América First" (Estados Unidos Primeiro), categoricamente dizendo que o país deve levar para casa, á força, o petróleo iraquiano, são apenas o discurso aberto da política velada dos Estados Unidos inclusive durante o regime de Obama "Nobel da Paz", o qual expulsou imigrantes, ironia do destino, exatamente no número que Trump promete mandar embora hoje (três milhões), reprimiu negros e movimentos sociais locais como nenhum outro nas últimas décadas, atacou com drones em número muito maior que seu antecessor de péssima memória, George Bush, invadiu e perpetrou guerras de agressão, contra leis internacionais e a própria Constituição norte-americana, em números tão inimagináveis quanto a própria espionagem local e global sem precedentes enquanto adentrou à Casa Branca prometendo um governo transparente e democrático, apoiado nos direitos humanos e das minorias como nenhum outro na história.
Trump, que monta uma esquipe de governo altamente racista e belicista, é a versão mais cômica e recente da melhor democracia que o dinheiro pode comprar, pastelão estadunidense cuja guerra interna está apenas começando.
"O sol está se pondo para o século norte-americano, os Estados Unidos passaram do poder emergente mundial em 1900 à potência mundial dominante após 1945. Mas agora esse grande Império está em declínio, com divisão social, desigualdade e infraestrutura em ruínas, além de economia e poder militar encolhido no exterior. Refletindo a retirada global da Grã-Bretanha como império a partir da década de 1950, os Estados Unidos, em breve, serão eclipsados economicamente pela China e estão sofrendo cada vez mais reveses militares contra a Rússia", pontua Peter Tatchell.
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