As duas mais importantes e esperadas notícias por todo o mundo sobre armas de destruição em massa foram transmitidas pelas agências internacionais de notícia. EUA e Rússia acertaram as bases de um acordo de desarmamento nuclear, e os governos de Moscou e de Pequim iniciaram ações visando levar o Irã a modificar sua postura nuclear.
Nos últimos meses, o mundo assistiu surpreso e preocupado as declarações do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de que seu país já tem urânio enriquecido a 20%, o que possibilita a fabricação de uma bomba nuclear.
Segundo as agências internacionais de notícias, a Rússia e a China (duas das potências mundiais com poder de voto no Conselho de Segurança da ONU) estão preocupadas com o programa nuclear do Irã e querem que o governo de Teerã modifique sua postura nuclear.
Segundo diplomatas com assento na ONU, os governos de Moscou e Pequim deixaram claro que estão preocupados com a segurança de todo o planeta e, para isso, esperam do Irã uma mudança de atitude em relação à questão nuclear, aceitando a oferta apresentada pela ONU para um intercâmbio de urânio.
Diplomatas ocidentais do Conselho de Segurança da ONU consideram da maior importância que Rússia e China potências que sempre resistiram a sanções contra o Irã - tenham usado sua influência para convencer o governo de Teerã em mudar sua atitude.
"Rússia e China tiveram uma atitude diplomática em Teerã para tentar convencê-los a alterar sua posição sobre a questão nuclear, particularmente com relação ao Reator de Pesquisas de Teerã", disse, sob anonimato, uma fonte diplomática.
"Os russos e chineses estavam dizendo que sua posição (com relação a novas sanções) dependeria da resposta do Irã à atitude diplomática, revelou a fonte.
Outro diplomata confirmou que Rússia e China fizeram uma abordagem diplomática formal ao Irã, que pode ser desde uma delicada manifestação de insatisfação até um inflamado protesto.
"Os russos disseram que não conseguiram nada do Irã, enquanto que os chineses disseram que os iranianos pediram para esperar mais um pouco, que eles iriam aparecer com algo, mas não conseguiram nada afinal, revelou outra fonte diplomática.
Em geral, Moscou e Pequim usam ou ameaçam usar seu poder de veto para barrar sanções do Conselho de Segurança ao Irã, país com o qual têm grandes interesses comerciais.
No Brasil, analistas de política internacional disseram que tanto a Rússia como a China estão preocupadas com a segurança de todos os povos e suas ações ecoam nos quatro cantos do mundo por serem de cunho eminentemente pacifistas e objetivando a paz social do planeta.
Uma fonte da ONU disse que a Rússia tem se mostrado cada vez mais irritada com o fato de o Irã ter ignorado uma proposta da agência nuclear da ONU para entregar seu urânio baixamente enriquecido, em troca de receber combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas em Teerã.
Isso dispensaria o Irã de enriquecer seu próprio urânio, reduzindo temores ocidentais de que o país possa vir a desenvolver armas atômicas, mas Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
Na semana passada, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que Teerã estava deixando escapar uma oportunidade de cooperação normal, e a agência estatal russa de notícias RIA, informou que o primeiro-ministro Vladimir Putin confirmou à secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, que Moscou pode vir a apoiar novas sanções ao Irã.
Em reunião do Conselho de Segurança da ONU, no início deste mês, diplomatas russos e chineses pressionaram publicamente o Irã a aceitar a proposta da agência nuclear.
Acordo Washington-Moscou
Em Moscou, o Kremlin anunciou que a Rússia e Estados Unidos chegaram a um acordo sobre todos os pontos do novo pacto de desarmamento nuclear, que substituirá o tratado Start, o qual expirou em dezembro de 2009.
Uma fonte do governo russo disse que todos os documentos do novo tratado de armas estratégicas ofensivas foram acordados entre os Estados Unidos e a Federação Russa". Agora, o acordo vai ser transcrito, o que pode levar alguns dias. A mesma fonte do Kremlin disse que Praga desponta como o lugar mais provável da assinatura do novo tratado".
Na semana passada, o ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov, e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressaram em Moscou sua confiança na pronta assinatura do novo tratado.
As negociações visando o desarmamento nuclear foram iniciadas em 2009, em Londres, na Inglaterra, pelos presidentes Dmitri Medvedev e Barack Obama, e finalizadas no início deste mês, em Genebra, na Suíça.
A assinatura do tratado de desarmamento nuclear entre EUA e Rússia vai ocorrer antes da conferência sobre armas nucleares, em Washington, no próximo dia 12, mas especialistas disseram que pode haver problema na ratificação por parte dos Legislativos dos dois países.
A Duma (parlamento russo), por exemplo, não dará seu sinal verde se o documento não incluir armamento ofensivo e defensivo, e o Senado americano, por sua vez, não vai ratificar o acordo se o texto limitar a capacidade dos EUA de usar escudos antimísseis para defender seus aliados.
Os presidentes russo e americano acordaram que o novo tratado de desarmamento deve reduzir o número de ogivas nucleares de cada país para um número de entre 1.500 e 1.675 em seus primeiros sete anos de vigência.
O Ministério Tcheco das Relações Exteriores informou que Washington e Moscou querem Praga seja a sede de assinatura do acordo de desarmamento nuclear entre EUA e Rússia. Inicialmente a opção para sediar a assinatura do acordo era Kiev, capital Ucraniana, mas foi rejeitada por Washington.
ANTONIO CARLOS LACERDA
PRAVDA Ru BRASIL
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