Ontem o Centro Nacional de Arte Contemporânea (Rússia) e o Instituto Camões (Portugal) abriram a exposição De dentro. O evento é realizado com o alto patrocínio da Embaixada de Portugal na Federação Russa, do Ministério da Cultura e Comunicação Social da Federação Russa e da Agência Federal de Cultura e Cinematografia. Esta exposição está patente ao público de 5 de Abril a 7 de Maio. Na exposição pode-se ver obras de seis artistas portugueses contemporâneos: Helena Almeida, Julião Sarmento, João Penalva, Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder e Rui Chaves. Estes artistas representaram Portugal na Bienal de Veneza em 1997-2005 e na Bienal de São Paulo em 2004. Os participantes da exposição pertencem a gerações diferentes, têm gostos e preferências diferentes. Cada deles criou o seu estilo individual. Para os visitantes da exposição será interessante encontrar nas obras diferentes a semelhança causada por pertinência duma tradição cultural.
Helelena Almeida nasceu em 1934, em Lisboa, onde vive e trabalha. Estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. A obra dela afirma-se, desde os anos 70, como portadora de uma eficaz confluência de disciplinas e atitudes. Fotografia, vídeo, performance, escultura, pintura e desenho conjugam-se numa prática artística cimentada pela auto-representação. Na exposição em Moscovo pode-se ver a sua série fotográfica Eu estou aqui. Esta obra como outras obras dela é uma obra absolutamente experimental. É uma obra sobre a experiência de si, a experiência do mundo e a experiência da arte. O corpo da artista confunde-se com o corpo da arte. Por isso as telas podem ser habitadas e ela pode estar aqui.
Julião Sarmento nasceu em 1948. Vive e trabalha no Estoril. O seu percurso iniciou-se pela pintura, tendo vindo a utilizar o vídeo, o filme, a fotografia e a escultura, bem como o desenho. Este artista utiliza um conjunto de temas que se repetem, quase como obsessões que atravessam todo o seu trabalho. Em primeiro lugar, o desejo representado nos corpos que, umas vezes de forma explícita, outras subtilmente sugerida, se dirigem aos fantasmas mais recônditos do espectador. Desta forma, a obra de Sarmento, dirigindo-se à imaginação, dá um papel extremamente importante ao espectador, fazendo-o reflectir sobre ele mesmo e os processos psicológicos deles.
João Penalva nasceu em Portugal em 1949. Estudou na Chelsea School of Art, em Londres, de 1976 a 1981. Vive e trabalha em Londres desde 1976. Ele utiliza frequentemente, como suporte do seu trabalho, o vídeo ou a instalação de documentação coligida ou inventada. Os seus projectos configuram narrativas onde a ficção articula referências do real. O banal e o conhecido coincidem inesperadamente no extraordinário. O espectador pode encontrar nas obras do artista uma precisa montagem de factos, documentos, lugares e histórias que o confrontam com diversas interpretações possíveis.
Pedro Cabrita Reis nasceu em Lisboa, em 1956. Pintor formado pela ESBAL, expõe a sua obra desde o início dos anos 80. É um artista versátil e surpreendente que trabalha com diferentes meios plásticos, desde o desenho а instalação, passando pela pintura ou a construção. Nas suas obras estão presentes materiais de construção que adoptam formas essenciais.
Jorge Molder nasceu em Lisboa em 1947. É licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa. O seu percurso profissional levou-o, entre 1976 e 1990 ao Ministério da Justiça, onde exerceu vários cargos, nomeadamente director do Serviço de Educação da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e director da Escola de Formação de Pessoal. Desde 1994 ele é o director do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP). É Cavaleiro da ordem do Infante D.Henrique e Chevalier des Arts et Lettres. O Trabalho de Jorge Molder, artista que usa a fotografia como sua forma expressiva, é sobre a duplicidade. Esta duplicidade parte de um outro, personagem que o artista constrói a partir da utilização do seu próprio corpo em auto-retratos - que deixam de o ser porque a figura que neles surge não resulta de nenhuma busca de autenticidade no interior do seu autor, mas, pelo contrário, é uma figura ficcional. A característica mais marcante desta persistência na duplicidade é a sua não-resolução numa narrativa. As fotografias que Jorge Molder produz em séries não procuram, portanto, construir uma narrativa, uma história, mas sinalizar áreas de ficção que se relacionam com referências literárias, cinematográficas e artísticas, ou quotidianas. Estas referências ligam-se de uma forma frequentemente intuitiva e não obedecem a um programa ideológico de estabelecimento de um universo. Pelo contrário, definem, de uma forma fluida, uma extensa rede de possibilidades combinatórias.
Rui Chaves é de Vila Nova de Gaia mas actualmente vive em Faro. É professor de Biologia e amador de fotografia sem nenhuma área específica de interesse. Como ele próprio diz: Gosto de retratar por instinto e tudo aquilo que "clama" por visibilidade, adoro interpretar as fotos atribuindo-lhes um significado muito pessoal.
Hoje no mesmo Centro Nacional de Arte Contemporânea teve lugar uma conferência animada por João Pinharanda (presidente da secção portuguesa da AICA Associação Internacional de Críticos de Arte), Bazanov, Vitor Biziano, Andrei Eroviev (chefe da secção de arte contemporânea da Galeria Tretiakovskaia), Vitali Patsukov (chefe de programas de exposição), Ekaterina Degot, Vladimir Salnikov (artista e crítico de arte), Serguei Achaturov (crítico de arte). Na sequência da conferencia, foi exibido um ciclo de filmes de jovens artistas contemporâneos.
Ekaterina SPITSYNA PRAVDA.Ru
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