Depois do susto com a febre aftosa em 2005, que arranhou a imagem do País, mas não causou os prejuízos esperados, as exportações de carne bovina já cresceram 17% neste ano e vão superar as metas traçadas no começo do ano. Deverão chegar a US$ 3,6 bilhões, ante os US$ 3,1 bilhões em 2005. O Brasil está sendo favorecido pelo fato de grandes exportadores de carne no mundo estarem enfrentando problemas. Além disso, a gripe aviária está aumentando o consumo de carne bovina.
Focos de aftosa foram detectados em outubro de 2005 no País, obrigando mais de 50 países a embargar a carne bovina brasileira. As exportações, que deveriam chegar a US$ 3,2 bilhões, ficaram US$ 100 milhões abaixo da projeção da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec). Para 2006, a entidade, que antes projetava crescimento de 10% nas exportações, acredita que o avanço chegue a 15%.
"Acho que o crescimento vai ser um pouco maior. Mas, se não tivéssemos tido a aftosa, iríamos estourar a boca do balão", disse o diretor-executivo da Abiec, Antonio Camardelli. Ele participou, na segunda-feira, no Cairo, de um churrasco para 200 importadores do Egito, segundo maior destino do produto. De 2003 a 2005, as exportações de carne bovina para esse país aumentaram de 73 mil para 220 mil toneladas.
O cenário internacional acabou ajudando a compensar as perdas. Este mês, a Argentina, um dos quatro maiores produtores mundiais - com Brasil, Estados Unidos e Austrália -, decidiu suspender, por 180 dias, as exportações para frear a subida dos preços internos. Um terceiro caso de mal da vaca louca foi descoberto nos Estados Unidos na semana passada. Na Austrália, a forte seca nos últimos anos afetou a produção e competitividade do país.
Agora, é a gripe aviária que está ajudando. Camardelli resume o que viu num supermercado no Cairo: "O balcão de frango estava cheio e o de carne, vazio." Segundo agências internacionais, no fim de semana foi descoberto o quarto caso de infecção em humanos pelo vírus no Egito. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avalia que o problema das aves ajudará a elevar a venda de carne bovina.
As projeções de dezembro da AEB indicavam que as exportações de carne in natura cresceriam 12,5% este ano e as de carne industrializada, 20%, para um total de US$ 3,5 bilhões. "Tudo indica que o crescimento será ultrapassado", comenta o executivo ao citar os problemas enfrentados pelos outros grandes produtores de carne no mundo. Segundo ele, apesar da aftosa no Brasil, "não tem carne no mundo", por conta da dificuldade de oferta de outros mercados.
A Abiec também argumenta que uma parte dos embargos é proveniente de países que compram pouco e grande parte diz respeito a Mato Grosso do Sul e ao Paraná. Além disso, frigoríficos com unidades em outros Estados, fora do embargo, estão conseguindo escoar a produção. Ele cita que a Rússia poderá antecipar a liberação do embargo, mas ainda há problemas, como os entraves no mercado chileno, que está sendo abastecido por carne australiana, mais cara.
Segundo "Agência Estado (AE)"
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