Uma comissão do Parlamento italiano concluiu que o Politburo da União Soviética ordenou a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em maio de 1981. De acordo com o relatório, o presidente soviético Leonid Brejnev deu instruções ao serviço de inteligéncia do Exército para matar o Pontéfice, que apoiava o sindicato Solidariedade e sua luta pela democratização da Polónia. Esta comissão assegura, sem a menor sombra de dúvida, que a liderança da URSS tomou a iniciativa de eliminar o Papa, afirmou, num comunicado, a comissão parlamentar. Os soviéticos teriam usado o serviço secreto da Bulgária para encobrir sua participação. Espiões da Alemanha Oriental teriam sido responsáveis por uma campanha de desinformação. Segundo o senador Paolo Guzzanti, presidente da comissão, suspeitas que até então eram consideradas parte de teorias conspiratórias são verdadeiras. O serviço secreto militar soviético recebeu ordem de cometer um crime de gravidade única, sem paralelo na História moderna. De acordo com Guzzanti, a idéia de reabrir a investigação surgiu depois da publicação do último livro de João Paulo II, Memória e Identidade, lançado em 2005. No livro, o Papa diz não crer que o turco Ali Agca é o único responsável pelo atentado de 13 de maio de 1981. Segundo o livro, alguma outra pessoa planejou o ataque. O caso foi investigado e julgado pela Justiça italiana em 1986. Agca foi condenado а prisão perpétua, mas seis outras pessoas trés turcos e trés búlgaros foram inocentadas por insuficiéncia de provas. A nova investigação está sendo feita pela Comissão Mitrokhin do Parlamento, que estuda as revelações do espião russo Vasili Mitrokhin, um arquivista soviético durante a Guerra Fria que desertou e fugiu para o Reino Unido em 1992. Além da análise das revelações do espião russo, foram investigadas novas evidéncias visuais da cena do atentado contra João Paulo II. Os integrantes da comissão dizem não ter dúvidas de que o búlgaro Serguei Antonov estava na Praça de São Pedro. Diretor da empresa aérea Balcan Air, Antonov, um dos inocentados em 1986, testemunhou que estava em seu escritório na hora dos disparos. Os governos de Rússia e Bulgária negaram as acusações. O serviço russo de inteligкncia externa (SVR) considerou ''completamente absurdas'' as informações procedentes de Roma que atribuem a organização do atentado contra João Paulo II aos militares soviéticos e que mencionam como idealizador o ex-dirigente da Uniгo Soviética Leonid Brejnev.
''Todas as declarações sobre uma participação de qualquer tipo dos serviços especiais soviéticos, incluindos os de inteligéncia externa, no atentado contra o Papa são completamente absurdas e não tém nada a ver com a realidade'', declarou o porta-voz do SVR Boris Labusov, citado pela agéncia Interfax. O relatório preliminar da comissão ainda terá de ser aprovado pelo Parlamento.
Segundo "O Povo" e "Diário de S.Paulo"
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