Na opinião de analista, com dois terços do parlamento governo iniciará um processo de renovação institucional que marchará conforme a revolução democrática e cultural iniciada em 2006 para refundar o Estado
Vinícius Mansur
La Paz
Após quase quatro anos de governo Morales, período marcado por forte polarização política, incluindo episódios de extrema violência, os bolivianos voltaram às urnas para eleger seu presidente em um tranqüilo dia de domingo (6). Mais de 5,1 milhões de bolivianos escolheram também seu vice-presidente, senadores, deputados uninominais, deputados plurinominais e deputados representantes de minorias indígenas e camponesas. Nos departamentos de La Paz, Chuquisaca, Potosí, Oruru, Cochabamba e Tarija, os eleitores também opinaram pelo ingresso ou não de seus respectivos departamentos no regime autonômico previsto na Nova Constituição Política de Estado. Algumas comunidades indígenas e camponesas originárias também decidiram por aceitar ou não a autonomia especial proposta pela nova carta magna.
A conclusão definitiva da apuração deve ser divulgada nesta terça-feira (8), de acordo com a Corte Eleitoral Nacional (CNE), porém, a contagem parcial de votos já confirma a folgada vitória da dupla Evo Morales e Álvaro Garcia Linera, do Movimento ao Socialismo Instrumento Político para a Soberania dos Povos (MAS-IPSP) para os cargos de presidente e vice-presidente.
Na noite deste domingo (6), quando os informes da CNE apontavam que o MAS-IPSP liderava a votação com 63%, Morales subiu a varanda do palácio presidencial, na Praça Murillo, no centro de La Paz, para proclamar a vitória, diante de uma multidão que o esperava. Enquanto isso, em Santa Cruz, o principal adversário do presidente na eleição, Manfred Reyes Villa (PPB-CN), que aparecia com 28% dos votos, tentou não reconhecer a derrota abertamente, mas ao final, declarou que será uma oposição responsável.
O terceiro colocado até agora é Samuel Doria Medina (UN), com 7%. Em quarto aparece René Joaquino (AS), com 3%. Todos os outros quatro candidatos ainda não alcançaram 1%.
Caso se mantenha essa tendência, o MAS-IPSP alcançará seu objetivo de ter dois terços dos parlamentares no Congresso Nacional, que a partir da próxima legislatura passará a se chamar Assembléia Plurinacional. Dentro do quadro atual, o MAS terá 85 dos 130 deputados e 25 dos 36 senadores.
Na atual gestão, o MAS possui maioria na Câmara de Deputados, mas o Senado é controlado pela oposição, o que significou, de acordo com os masistas, um grande entrave ao processo de mudança.
Temos a enorme responsabilidade de aprofundar, de acelerar este processo. Obtivemos os dois terços e acelerar este processo é obrigação, afirmou Morales diante da multidão na Praça Murillo.
Os números até agora indicam que o MAS ganhou nos departamentos de La Paz (78%), Oruro (77%), Potosí (75%), Cochabamba (67.5%), Tarija (48.6%) e Chuquisaca (53.1%). O partido de Manfred Reyes Villa está na frente em Beni (54%), Pando (47.5%) e Santa Cruz (53%).
Na opinião do analista Pablo Osoria Ramirez, com tamanho apoio, o novo governo iniciará um processo de renovação institucional que marchará conforme a revolução democrática e cultural iniciada em 2006 para refundar o Estado. Estará a cargo da próxima legislatura a implementação da Nova Constituição Política de Estado.
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