A proclamação unilateral de independência de Kosovo, foi de fato incoerente, sendo respaldado, ao contrario da Espanha, pelas principais potências européias. Esse precipitado apoio não levou em conta a necessidade atual de cooperação mútua para um desenvolvimento conjunto, portanto o posicionamento da maior parte dos membros da UE foi totalmente contrário aos seus princípios de fundação bem como seu desenvolvimento, o qual culminou na sua expansão para o leste europeu.
São evidentes os benefícios econômicos, sociais e políticos, que os países do leste europeu obtiveram na adesão à UE, elemento que trará futuramente benefícios para a União, como credibilidade e capacidade de articulação política, porém com o erro do reconhecimento da independência de Kosovo, mais um estado surge na Europa, um estado com níveis econômicos precários, desemprego de 45%, com 42% da população vivendo com menos de USD 1,50 por dia, já sem o apoio da Rússia, membro permanente do conselho de segurança da ONU o futuro de seu desenvolvimento como nação nasce comprometido.
A UE conseguiu mostrar mais uma vez sua fragilidade política frente aos seus problemas regionais, no qual os EUA mostraram uma influência grande na resolução de assuntos teoricamente restritos somente aos países europeus, agravando novamente as relações entre Rússia e EUA, bem como gerando antagonismos dentro da UE.
A percepção imprecisa de Kosovo, quanto ao apoio de determinadas nações não reflete a emergência atual da cooperação recíproca para o desenvolvimento europeu, essas percepções são baseadas em precedentes históricos, políticos e estratégicos que somente atendem a interesses particulares, por exemplo a Turquia que apesar de ter seu problema separatista junto aos curdos, reconheceu a independência de Kosovo, afirmando que historicamente o paralelo das relações é comum e os laços culturais e históricos fortes, porém vale lembrar que no período de influência otomana nos Bálcãs os Kosovares eram meramente vassalos , subjugados pelo poderio otomano.
Naturalmente a Turquia usa esse apoio ao Kosovo para futuramente ter mais um ponto de acesso a Europa, bem como na tentativa de se beneficiar futuramente de uma possibilidade concreta de ascender a um posto como membro efetivo da União.
A Europa que dispõe de um complexo caldo étnico, qualquer país ou representação étnica poderia exigir sua independência e autodeterminação, porém no século XXI as complexidades do cenário internacional que nos são apresentadas não comportam mais tais posturas, pois não se trata de mero colonialismo ou submissão, trata-se da percepção da necessidade da cooperação recíproca para o desenvolvimento e ganhos mútuos.
Dimas Melo
Relações Internacionais
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